Por débora ferreira

BRUNO BECKER DA SILVA

Sonho Olímpico

M

uitas vezes, quando a vida se mostra cheia de obstáculos, nossa primeira reação é parar diante da dificuldade. Alguns desistem dos sonhos, outros transpõem as barreiras e seguem em frente. A história a seguir é um exemplo de superação e mostra como um jovem conseguiu driblar as adversidades e lutar pelo sonho de ser um atleta.

 

O personagem é um jovem que mora em Atalanta, uma cidadezinha localizada no Alto Vale do Itajaí com pouco mais de três mil habitantes. Bruno Becker da Silva tem 25 anos, pratica natação há quatro. Ele iniciou no esporte incentivado pelo irmão Marcelo. Tudo começou sem pretensão enquanto ainda eram crianças.

 

- Marcelo sempre me incentivou a praticar esporte. Ele me levava junto com os colegas para jogar bola, brincar de basquete, andar de skate. Ele foi o incentivador para uma grande transformação em minha vida – lembra Bruno, referindo-se ao irmão um ano e três meses mais novo e que faleceu há 11 anos. Apesar de não estar ao lado fisicamente, Bruno garante que a presença de Marcelo ainda é muito forte, tanto é que ele continua acreditando no esporte e se desafia diariamente.

 

Os obstáculos do jovem nadador são ainda maiores porque ele possui uma má-formação congênita, nasceu sem as pernas e sem um braço. Por esse motivo, praticar esportes é um grande desafio, mas Bruno não esmorece diante das dificuldades. Seu maior sonho é participar dos jogos Paralímpicos e para isso ele treina firme e tem o apoio dos pais.

 

- Eu acompanho tudo sobre os jogos. Quando assisto na televisão tenho a sensação de que um dia vou conseguir participar, por isso batalho, treino 12 horas por semana e dou o meu melhor. Um dia vou chegar lá – sonha Bruno.

 

E o objetivo está cada vez mais próximo. Ele compete pela equipe da Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (APABB) e ainda busca índice para os jogos Rio 2016 na classe S 2 nas provas de 50 e 100 metros livre e 50 metros costas.

 

O nadador não tem patrocínio e a associação também não tem verba para custear os atletas, o que torna o desafio ainda maior. Mas Bruno não para diante das dificuldades.

- Sou funcionário público e é pesado conciliar o trabalho e a natação. Se no Brasil tivesse maior engajamento das empresas e das pessoas voltado ao esporte eu poderia me dedicar ainda mais e ser um atleta profissional – explica.

 

Bruno vai participar da cerimônia com a tocha olímpica na cidade de Ilhota e já está ansioso para este momento, garante que vai ser uma das maiores emoções da vida.

 

- Eu amo nadar. Desde que comecei surgiram oportunidades, fiz contatos com pessoas, conheci lugares. Mudou a minha vida – encerra.