Todas as segundas-feiras à noite, um grupo com dezenas de ciclistas iniciantes se reúne para dar uma volta pela cidade. E olhe que lá se vão oito anos. O grupo é mais uma prova de que o exemplo atrai e de que não é preciso estar ligado a nenhuma entidade oficial para fazer algo pelas outras pessoas.

 

Tudo começou com Sônia Palhares, uma mineira de Ipatinga, que pedalava com o marido pela cidade e que fez disso um hábito. Não é à toa que ela dá nome ao grupo: Pedal da Sônia. Ela e o marido começaram a pedalar para curtir a cidade, melhorar a saúde e fazer amigos.

 

– A gente pedalava na avenida Beira-rio, dava umas voltas pela cidade.

 

No começo, eram dois casais. Aos poucos, o grupo foi chamando a atenção de outras pessoas. Quer dizer, de outros ciclistas homens.

 

– Às vezes, eu pedalava sozinha no meio de 12, 13 homens. Agora, há muitas mulheres pedalando também. Grupos inteiros só de meninas – diz.

 

Hoje, é incontável o número de pessoas que já fez o passeio. Todas as segundas, pelo menos 60 pessoas de todas as idades, profissões e regiões da cidade se encontram para pedalar juntas.

 

O marido de Sônia é italiano e ela morou 14 anos na Europa com ele. Um dia, há quase 11 anos, resolveram voltar para o Brasil, mas havia uma condição: que fosse para uma cidade brasileira do Sul, com clima mais ameno. Como o irmão de Sônia trabalhava em uma indústria em Joinville, eles resolveram conhecer a cidade e se apaixonaram.

 

Hoje, Sônia trabalha com transporte escolar e pedala quase que diariamente. Mas as segundas são sagradas.

 

– A gente avisa que, se chover, o passeio é cancelado. Mesmo assim, os ciclistas vão me buscar em casa para a gente pedalar, mesmo na chuva – conta.

Uma das principais características do Pedal da Sônia é servir para que iniciantes percam o medo de fazer grandes passeios noturnos. O percurso é todo plano, com paradas estratégicas para se alimentar, descansar e conversar. O marido de Sônia leva um apito e é sempre o último a chegar aos lugares. Assim, todos sabem que o grupo está completo e unido. Quando alguém tem um problema com a bike (um furo no pneu, por exemplo), alguém logo se prontifica para ajudar.

 

– Essa segurança atrai muitos iniciantes. E quando as pessoas se sentem mais seguras e andam mais rápido, acabam procurando outros grupos ou pedalando sozinhas.

 

Além de fazer bem para a saúde física, o Pedal da Sônia é um compromisso semanal para fazer novas amizades e garantir o bem-estar mental.

 

O pedal sai todas as segundas, às 20 horas, da rua Marquês de Olinda, em frente à Loja Moraes Escapamento.

Quando as pessoas se sentem mais seguras e andam mais rápido, acabam procurando outros grupos ou pedalando sozinhas.