Quem frequentou bares à noite em Joinville nos últimos 25 anos deve ter festejado, namorado e curtido ao som de Dema. O músico Ademar Michels toca violão desde os 17 anos. Já se apresentou em bares, lanchonetes, boates, festivais, escolas e igrejas da cidade. Hoje, ele passa horas na sala de aula, ensinando os acordes e os ritmos para milhares de adolescentes joinvilenses, que tiveram o primeiro contato com o instrumento com a ajuda dele.

 

Tudo começou no bairro Itaum, com o professor Jair da Silva Correia. Logo que tomou gosto pelo instrumento e começou a cantar as primeiras músicas sozinho, foi chamado pelo professor para ser uma espécie de auxiliar. Em algumas semanas, já assumia turmas inteiras de violão.

 

As músicas mais complicadas ficam simples na sala de aula de Dema. Os alunos, unidos em turmas de até 15 adolescentes, formam um círculo para que todos possam olhar para as mãos e o violão tocado pelo professor. Aos poucos, por imitação e sentindo o som das notas, os alunos começam a levar para casa a paixão pelo instrumento.

Além das aulas em escolas, Dema trabalha com projetos sociais. A sala de uma paróquia vira um pequeno auditório, com partituras e tudo. O trabalho social com crianças carentes teve início com outro personagem marcante da história de Joinville, o padre Renato dos Santos, que atuou durante vários anos como líder espiritual da Paróquia Santo Antônio e como diretor do Instituto Educacional Dom Bosco, onde hoje Dema dá aulas todos os dias para centenas de crianças.

 

– O padre Renato me chamou e começamos um trabalho que hoje é muito lindo. Dá gosto de ver essas crianças aprendendo – diz.

 

Padre Renato dos Santos foi embora – hoje está no Vaticano, no setor de publicação do jornal do Vaticano e dos Documentos Pontifícios –, mas Dema continua firme na missão de ensinar violão e música para as crianças. Dedica praticamente todo o seu tempo para a música e a família.

 

– Não sou um expert, mas sei ensinar. Não é todo mundo que consegue ensinar música. Tenho paciência, e é preciso ter muita paciência para ensinar. Amo o que faço.

 

Aos 48 anos, ele passa boa parte da semana dentro de uma sala abarrotada de violões doados, bateria, microfone, caixas de som, palhetas que ele mesmo ensina os alunos a fazer e um onipresente som das cordas.

 

– A música é um vício, me deu tudo o que tenho. Tenho muito orgulho do que faço – diz o músico.

A música é um vício, me deu tudo o que tenho. Tenho muito orgulho do que faço.