Que mãe é Eunice Butzke Deckmann! Não uma mãe, é a mãe. Não só dos próprios filhos, mas de uma comunidade inteira, um espaço de esperança chamado Missão Criança, projeto cravado bem no centro do bairro Jardim Paraíso, na zona Norte de Joinville.

 

O trabalho coordenado por Eunice é simples e apertado para a demanda que tem: um prédio de dois andares, uma quadra de esportes, uma cozinha, um refeitório, salas de aula e muito material doado por empresas e pessoas físicas da cidade e até de fora do Estado.

 

O projeto é da Igreja Luterana e está presente no bairro há quase 20 anos. Garante apoio pedagógico no contraturno das aulas, ou seja, uma espécie de reforço às disciplinas da escola. Além disso, oferece uma série de atividades esportivas e de lazer, incluindo passeios, palestras e apresentações.

 

Boa parte das ações é tocada com recursos do Fundo da Infância e Adolescência (FIA). Mas, em tempos de crise, até o fundo foi afetado e não tem sido fácil encontrar quem financie os trabalhos.

Eunice é uma espécie de líder para tudo o que diz respeito ao projeto. Recebe os pais que estão em busca de vagas, os orienta, chama para reunião e organiza todas as atividades com as crianças. O projeto conta com assistente social, pedagoga, merendeira e professor de educação física.

 

O número de crianças que podem ficar nas atividades pedagógicas é limitado. A ideia é atender a alunos de seis a 11 anos. Quando eles passam dessa idade, voltam para a sede do Missão Criança para participar de outras atividades, como futsal, pingue-pongue e vôlei.

 

– Temos de investir no esporte para tirá-los das ruas. Nessa idade, a pré-adolescência, eles começam a querer voar sozinhos. É uma fase muito importante para evitar problemas futuros – diz.

 

Eunice nasceu em Timbó, morou no Paraná e foi se encantando cada vez mais pela área social, o terceiro setor. Cursa serviço social para aprimorar os valores que pulsam em suas veias.

– Isso aqui é meu chão – diz.

 

Sentada atrás de uma mesa cheia de papéis, computador, fichas e material didático, sabe que tem muito mais a oferecer do que atividades no contraturno de aula às mais de 150 crianças do Jardim Paraíso atendidas no projeto.

 

Ela acompanha o noticiário de assassinatos, execuções, guerra de facções e tráfico de drogas e, com o carinho e o cuidado de mãe, vê nas crianças que passam pelo Missão Criança a chance de mudar o futuro – delas próprias, de suas famílias, do bairro inteiro.

Temos de investir no esporte para tirá-los das ruas. Nessa idade, a pré-adolescência, eles começam a querer voar sozinhos. É uma fase muito importante para evitar problemas futuros.