Harmonia e equilíbrio são palavras bastante usuais no vocabulário do sensei Marcos Tavares. Pudera: há 20 anos, ele é praticante de aikidô, arte marcial eficiente tanto na defesa pessoal, quanto no ensino de bons valores. Numa tradução livre para o português, aikidô significa “caminho da harmonia”, ou seja, é mais uma filosofia de vida do que uma luta, ainda que ambas andem mais juntas do que se possa imaginar.

 

E foi justamente essa sobreposição que fez o mestre levar os ensinamentos da prática para fora do tatame do Instituto Tachibana, criado por ele, e aplicá-los em serviços sociais que atinjam três necessidades básicas da sociedade: saúde, educação e segurança.

 

Uma vez por semana, Marcos dá aulas de imobilização para o patrulhamento tático da Polícia Militar de Joinville. Segundo ele, a intenção é ensinar técnicas que utilizem o mínimo de agressividade possível. Porém, não é segredo nenhum que agir com gentileza numa abordagem nem sempre é uma opção. Mais do que isso, é sabido por todos o universo de estresse, pressão, violência e desconfiança a que os policiais são submetidos todos os dias. Entra em cena, então, uma técnica poderosa: equilíbrio emocional.

 

– Eu tento ajudar esses caras porque, quando saem do trabalho, eles são pais, maridos. A minha missão é fazê-los desenvolver um equilíbrio emocional e melhorar a qualidade de vida desses profissionais – explica o sensei.

Outro trabalho voluntário realizado por Marcos é no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, que começou em 2012, quando lhe foi solicitado refazer o protocolo de contenção física de pacientes, um trabalho no qual o funcionário está sempre sujeito a sair machucado.

 

Após seis meses conversando com médicos e enfermeiros da ala psiquiátrica e da divisão de ensino e pesquisa, ele criou o curso Health Security, realizado regularmente no Regional, inclusive à equipe do pronto-socorro. Dele, os funcionários saem com conhecimento para aplicar medicamento e prontos para atuar de forma coordenada.

 

– Nosso propósito não é formar lutadores, mas fazer com que eles não sejam agredidos – enfatiza Marcos, que também dá aulas gratuitas do método a acadêmicos do curso de enfermagem do Bom Jesus/Ielusc.

 

Como se não bastasse, o professor ainda atende aos alunos do primeiro e do segundo anos da Escola do Teatro Bolshoi, um trabalho que começou em 2014 com palestras e virou encontros semanais no ano seguinte. Ali, a filosofia é aplicada muito menos nos volteios da dança do que na formação de bailarinos cidadãos. Entre uma aula e um ensaio, os jovens aprendem, por meio do aikidô, sobre honra, gratidão, humildade, amor e sustentabilidade, o que desencadeia a noção da importância do trabalho em grupo.

 

– Não há maior satisfação do que você ajudar uma pessoa, olhar lá na frente e ver que ela progrediu – arremata Marcos.

Não há maior satisfação do que você ajudar uma pessoa, olhar lá na frente e ver que ela progrediu.