O QUE MARCOU

Aos 20 anos, a gaúcha Elis Regina, que vivia no Rio de Janeiro desde março de 1964, brilhava nos palcos do circuito do Beco das Garrafas, em Copacabana, e em programas da TV Rio. Ao ganhar a chance de interpretar Arrastão, Elis, seguindo dicas do amigo coreógrafo Lennie Dale, incorporou em sua performance uma dramaticidade que se tornaria modelar para os intérpretes da era de ouro dos festivais musicais. Até Elis balançar freneticamente os braços e arrebatar espectadores e jurados com sua performance épica, a postura dos cantores era mais contida. Para o crítico e pesquisador Zuza Homem de Mello, o festival de 1965 firmou um marco histórico ao apresentar a geração da MPB que seguiu a linha sucessória da bossa nova. A consagração com Arrastão valeu a Elis um contrato para comandar com Jair Rodrigues, na TV Record, o programa O Fino da Bossa, embora nenhum dos dois fosse cria direta da bossa nova.

Há um ano vivendo sob a ditadura imposta pelo golpe militar que depôs o presidente João Goulart, o Brasil é palco da grande efervescência musical que se segue à explosão internacional da bossa nova e ainda absorve o impacto da beatlemania na cultura pop. Artistas consagrados na era do rádio ganham a companhia de novos talentos, como Edu Lobo, Chico Buarque, Geraldo Vandré e Elis Regina. Em crescente popularização, a televisão busca atrações para incrementar sua programação, e a TV Excelsior, emissora líder de audiência à época, vislumbra nesse caldeirão sonoro, que mistura tradição e modernidade, o instante propício para realizar um festival de música.

CURIOSIDADE

Ganhadores do troféu Berimbau de Ouro, Edu Lobo e Vinicius de Moraes entregaram o prêmio a Elis, que, nesta mesma final, defendeu também a canção Por um Amor Maior, de Francis Hime e Ruy Guerra.