aminhando pelas ruas, vielas e ladeiras da Vila Aparecida, comunidade continental de Florianópolis, Luis Filipe Silva, 22 anos, não passa despercebido. Com o fone nos ouvidos, ele encarna um personagem de si mesmo e a rua é seu palco para fazer o que melhor sabe: dançar. O hip-hop é seu estilo e, em
cada movimento que surge naturalmente ou coreografado, tem a certeza de que a dança é a melhor expressão do que ele é:
– A dança mudou a minha vida. Foi o modo que encontrei para mostrar ao mundo que eu existo, não sou mais um. É o meu jeito de me expressar – afirma.
Desde criança, Filipe olhava para os primos mais velhos dançando em uma casa de madeira abandonada, no alto da comunidade, e queria estar entre eles. Como era pequeno e não ganhava atenção, ficava apenas observando e treinando sozinho em casa. Foi quando assistiu ao filme Entre nessa dança (2004) – história de uma competição entre grupos de street dance de periferias nos Estados Unidos – que Filipe resolveu buscar o seu espaço.
Em 2009, aos 16 anos, entrou para o grupo de dança Alma Negra e aprendeu balé, jazz e dança contemporânea. Dois anos depois, partiu para o grupo Ghettos, de hip-hop, onde está até hoje.
Com o grupo já participou de festivais de dança como o de Joinville – em que também fez apresentações solo freestyle – e voou até a Argentina, onde foram campeões sul-americanos na categoria de danças urbanas.
Nome: Luis Filipe Silva
Idade: 22 anos
Comunidade: Vila Aparecida – Florianópolis
Talento: dançarino de hip-hop
NAS REDES
Face: Luis Filipe Silva
Instagram: @niggahluiss
Twitter: @niggahluis
Youtube: Luis Filipe Silva
Contato: (48) 9828-1654
Filipe nasceu e se criou na Vila Aparecida, onde é conhecido por todos. Com os amigos do Ghettos, foi conhecendo e se interessando cada vez mais pelo movimento hip-hop e a cultura da periferia, e vê na dança um espaço para que todos conheçam essa cultura:
– Quando eu entendi a essência do movimento, passei a dançar melhor e vi que o hip-hop não é só dança, é a vivência de cada pessoa. Muita gente pensa que a favela é só violência, tráfico de drogas, mas é muito mais do que isso. Esse é o nosso jeito de chegar no povo com as nossas palavras – diz.
Consciente do seu papel, Filipe já fez parte do Conselho Jovem do Centro Cultural Escrava Anastácia e participou, em 2013, do Fórum Mundial de Direitos Humanos, em Brasília. Ao falar da Vila Aparecida, lamenta que o local esteja abandonado:
– Vejo que a comunidade do moro está esquecida pelos governantes. O centro comunitário tá largado, assim como outros lugares. Gostaria de fazer um projeto com as crianças, mas não consigo apoio – comenta.
Quando eu entendi a essência do movimento, passei a dançar melhor e vi que o hip-hop não é só dança. É a vivência de cada pessoa.
Mesmo com os prêmios, viver da dança ainda não é uma realidade para o jovem. Para se manter, trabalha como auxiliar de manutenção. As noites e os fins de semana são ocupados com ensaios e aulas de dança. Mas ele sonha grande e pensa em ir além:
– A dança é minha vida, quero evoluir cada vez mais, tirar meu passaporte e ir para fora do país viver disso. Estou só esperando a hora certa chegar.
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