TEXTO

Leandro Junges

EDIÇÃO

Jean Balbinotti

 

IMAGEM

Salmo Duarte e

Arquivo AN

 

DESIGN

Gabriela Florêncio

Programas sociais destinados à população mais carente, na periferia da cidade, amenizam a situação de muitas famílias, mas não resolvem todos os problemas

Quase 20 serviços, que vão desde a transferência de renda direta, por meio do Bolsa-família, até a orientação e formação para o mercado profissional fazem parte de uma das maiores secretarias municipais de Joinville, a de Assistência Social. A pasta só tem menos funcionários diretos do que a da saúde e da educação e representa uma área em que investir no básico, no simples e no imediato pode ser considerado quase tudo para as famílias que são atendidas pelo poder público.

 

A ideia de assistencialismo, segundo o secretário Vagner Ferreira de Oliveira, advogado que assumiu a secretaria neste ano, tem perdido espaço nas últimas décadas para um compromisso com o profissionalismo, a prevenção e a melhoria gradativa de vida de quem precisa dos serviços.

 

– A gente tem como objetivo mudar cada vez mais essa ideia de assistencialismo. Um dos principais objetivos é garantir o exercício da cidadania e a emancipação dos usuários e famílias atendidas, para que não precisem mais dos serviços – diz o secretário.

 

Os braços da Assistência Social por Joinville são tão estendidos quanto os da Saúde ou da Educação. Um desses braços é o trabalho realizado nos centros de referência especializados de assistência social, os Creas. Neles, são recebidos famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, cujos direitos tenham sido ameaçados ou violados.

 

Na prática, quem precisa de algo corre para o Creas e lá recebe o apoio, a informação e, quando possível, o encaminhamento necessário dentro da burocracia do Estado.

 

Outra referência da assistência é o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua, o Centro Pop. O local que funciona no bairro Bucarein será transferido para um imóvel próprio que está sendo construído ao lado da rodoviária de Joinville.

 

Já o Restaurante Popular também faz parte do guarda-chuva da Assistência Social. O local serve até 450 refeições diárias. Quando o primeiro Restaurante Popular funcionava na rua Urussanga – ele também deve ser reaberto –, chegou a servir até duas mil refeições por dia.

A dona de casa Silvana Cristina Gravi, de 31 anos, chegou a Joinville com o marido e quatro filhos pequenos há dois anos. Eles se casaram em Três Barras, no Planalto Norte. Dois dos filhos do casal nasceram lá. Outros dois, na região metropolitana de Curitiba. Mas foi na zona Sul de Joinville que eles decidiram viver.

 

Silvana mora em uma área de mangue no loteamento Juquiá, no bairro Ulysses Guimarães. Assim como a família Gravi, pelo menos outras cem famílias estão vivendo numa região em que a energia elétrica e o abastecimento de água são irregulares, não há coleta de lixo, nem saneamento básico. A urbanização do loteamento é uma das mais precárias de Joinville.

 

– A gente veio para Joinville porque aqui tem emprego. Meu marido trabalha em uma transportadora. A gente gostaria de sair daqui, mas ainda não dá – diz a dona de casa.

 

O sonho da família é morar em um loteamento “que não encha” e que tenha terreno regularizado, “tudo certinho”. As crianças, com idades entre quatro e 13 anos, estudam e estão cadastradas no Bolsa-família. A renda do programa representa quase 50% do salário da família.

 

O orgulho de Silvana é ter as crianças estudando, se esforçando para entender computadores, lições difíceis de matemática e português.

 

– A Jéssica é a “nerd” da nossa família. Ela vai puxando os outros – diz a mãe, toda orgulhosa da filha mais velha, que adora tecnologia e faz de tudo para ajudar e ensinar os irmãos mais pequenos.

 

A família de Silvana representa um universo que chega a 23,7 mil famílias incluídas no cadastro para programas sociais na cidade, ou seja, aquele grupo de pessoas que estão em condições socioeconômicas consideradas de baixa renda – com arrecadação mensal de até meio salário mínimo por pessoa. Desse total, 6.742 famílias recebem o Bolsa-família na cidade, segundo números de julho deste ano.

EM NÚMEROS

  • Orçamento

R$

37

milhões

foi o valor médio entregue à secretaria entre 2010 e 2015.

R$

45

milhões

é a previsão de orçamento para para a Assistência Social em Joinville no ano que vem.

23.704

é o número de famílias incluídas no Cadastro Único para Programas Sociais, que reúne informações socioeconômicas das famílias de baixa renda – aquelas com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa.

6.742

é o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa-família em Joinville em julho de 2016.

  • Situação das famílias cadastradas

4.539

têm renda per capita familiar de até R$ 77.

2.872

têm renda per capita familiar entre R$ 77 e R$ 154.

8.646

têm renda per capita familiar entre R$ 154 e meio salário mínimo (R$ 440).

7.647

têm renda per capita variável acima de meio salário mínimo (R$ 440).

  • Saiba mais

As famílias recebem benefícios com valor médio de R$ 183,05. O valor total transferido pelo governo federal em benefícios a todas as famílias atendidas alcançou R$ 1.234.109 no mês de julho em Joinville.

PROGRAMAS SOCIAIS EM JOINVILLE

  • Secretaria de Assistência Social

A Secretaria de Assistência Social (SAS) é responsável por executar a política de assistência social em Joinville.

 

  • Centro de Referência de Assistência Social (Cras)

Atende a famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família e do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Joinville tem Cras nos bairros Adhemar Garcia, Comasa, Jardim Paraíso, Morro do Meio, Paranaguamirim e Aventureiro.

 

  • Serviço de Referência de Proteção Básica

Atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade social que não moram nas áreas onde há Cras.

 

  • Centro de Convivência do Idoso

Espaço destinado ao atendimento da pessoa idosa em situação de vulnerabilidade ou risco social. Desenvolve ações inclusivas e fomenta atividades nas áreas psicossocial, esportiva, educativa, de lazer e de cultura.

 

  • Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas)

Atende a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, cujos direitos tenham sido ameaçados ou violados. Oferece os serviços de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos; de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de liberdade assistida; e de prestação de serviços à comunidade; além de proteção social às pessoas com deficiência, idosas e suas famílias.

 

  • Creas Bucarein

Atende aos bairros Adhemar Garcia, Bucarein, Fátima, Guanabara, Itaum, Jarivatuba, João Costa, Parque Guarani, Paranaguamirim e Ulysses Guimarães.

 

  • Creas Floresta

Atende aos bairros Anita Garibaldi, Boehmerwald, Floresta, Itinga, Morro do Meio, Nova Brasília, Petrópolis, Profipo, Santa Catarina e São Marcos.

 

  • Creas Norte

Atende aos bairros América, Atiradores, Aventureiro, Boa Vista, Bom Retiro, Centro, Comasa, Costa e Silva, Dona Francisca, Espinheiros, Glória, Iririú, Jardim Sofia, Pirabeiraba, Rio Bonito, Saguaçu, Santo Antônio, Vila Cubatão, Vila  Nova, Zona Industrial Norte, Zona Industrial Tupy, Jardim Paraíso e Jardim Iririú.

 

  • Centro POP

Atende a pessoas em situação de rua, com ações para o desenvolvimento de sociabilidades, fortalecimento de vínculos interpessoais, comunitários e familiares.

 

  • Serviço de Acolhimento em Família

Acolhe crianças e adolescentes afastados da família de origem devido a situação de risco pessoal ou social e com medida de proteção aplicada pelo sistema de garantia de direitos, em ambiente familiar, por meio de famílias da comunidade que participam do programa.

 

  • Abrigo InfantoJuvenil

Atende a crianças e adolescentes com medida de proteção, vítimas de violência física, psicológica, negligência, exploração, cujas famílias ou responsáveis encontram-se impossibilitados, temporariamente, de cumprir sua função de cuidado e proteção.

 

  • Casa de Abrigo Viva Rosa

Serviço de acolhimento institucional provisório que protege mulheres e previne a continuidade de situações de violência, proporcionando condições de segurança física e emocional, desenvolvimento de autonomia pessoal e social, construção de projetos de vida e a superação da situação de violação de direitos.

 

  • Unidade de Gestão e Fomento à Geração de Renda

Busca qualificar para o mercado de trabalho pessoas em situação de vulnerabilidade social a partir de 14 anos.

 

  • Restaurante Popular

Localizado em uma região de fácil acesso à população, produz refeições com qualidade e baixo custo. Tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos usuários.