Recuperar para inovar

Patrimônios edificados voltam à rotina dos moradores de Joinville a partir de iniciativas privadas

Preservar um patrimônio edificado - seja pela importância histórica, arquitetônica ou artística - não significa apenas permitir que ele perdure na paisagem. Este tem sido o grande desafio de arquitetos e proprietários. Sabendo das restrições e cuidados com este tipo de imóvel, como integrá-lo às necessidades atuais, dar um uso que não seja somente o de contemplação?

Grande parte dos casos de abandono de edificações tombadas pelo poder público ou na lista de unidades de interesse de preservação (UIPs) de Joinville vem da indiferença - geralmente motivada pela incompreensão da importância da preservação - e das restrições impostas por lei para qualquer intervenção nestes patrimônios. O empecilho também é, muitas vezes, de ordem financeira. Como os custos para uma obra de restauração chegam a triplicar, alguns proprietários sem acesso às informações sobre editais de financiamento público e captação de recursos preferem deixar o patrimônio ruir para permitir área livre a uma nova construção.

Em meio às situações de descaso, bons exemplos ainda podem ser encontrados em Joinville. Em uma das ruas mais movimentadas do Centro, uma pequena casa em enxaimel resiste, charmosa, como uma clínica de ultrassonografia. O Palácio Episcopal da cidade, que também abrigou serviços de hotelaria até 2010, passa a ser o destaque de um grande empreendimento imobiliário. A residência Villa Maria ganha um projeto para retornar ao movimento comercial da avenida que homenageia seu primeiro proprietário, o coronel Procópio Gomes de Oliveira. No bairro Glória, a casa-padrão de meados do século 20 vira um escritório de onde saem soluções construtivas.

Projeto da nova Villa Maria, casa que foi de Procópio Gomes

Estas são algumas ideias que fazem com que o patrimônio edificado de Joinville deixe de ser adereço para voltar a ter um uso que, ligado ou não a sua função original, o permita não parar no tempo e, ainda, garanta a sustentabilidade para a sua manutenção.

— Um patrimônio pode, sim, ser um chamariz de um empreendimento — observa o arquiteto Tiago Delai, do Studio Delai, que assina o projeto do Pallazzo Anthurium e do Restaurante Zum Schlauch, na Via Gastronômica, também instalado em um patrimônio histórico de Joinville.