A velha rua do Príncipe

No coração do Centro de Joinville, os prédios do início do século 20 estão "escondidos" atrás de marquises e letreiros

Antes de revelar o que motiva a produção deste capítulo da série "Minha História, Meu Patrimônio", uma pergunta: o que leva você à rua do Príncipe, no Centro de Joinville? Se a resposta for compras, pagamentos ou trabalho, você faz parte da maioria das pessoas que circula diariamente por lá e a torna um dos caminhos mais movimentados da cidade. Mas, e se a rua do Príncipe também fosse um destino turístico, um lugar para caminhar devagar e observar a história de Joinville materializada em casarões antigos?

Movimento de carros e pedestres é constante na via

O potencial para centro histórico existe, e não é pequeno. Além de dar acesso a um dos principais cartões postais joinvilenses — a rua das Palmeiras _ a do Príncipe concentra o maior número de edificações tombadas da cidade. Ao longo dos 900 metros da via, encontram-se 18 imóveis protegidos pela lei do patrimônio cultural. Eles representam 16% do número total de edificações tombadas pelo município, Estado ou União em todo o território de Joinville. O problema é que poucos são os que mantêm visíveis os detalhes da antiga arquitetura. A maioria está escondida atrás de marquises e letreiros chamativos para o comércio. Até com uma lista de números em mãos é difícil reconhecer todos os imóveis tombados sem ter que esticar o pescoço ou recorrer aos comerciantes para tirar a dúvida — caso da equipe de reportagem ao fazer esta matéria.

— A poluição visual é um dos maiores problemas da rua do Príncipe. É como se os prédios tivessem uma venda que nos impedisse de olhar o todo — afirma o coordenador de patrimônio da Fundação Cultural de Joinville, Raul Walter da Luz.

Embora alguns sumam do campo de visão em meio a tanta informação, mudanças em favor da valorização das edificações também são encontradas pelo caminho. É o caso da loja Salfer, na esquina com a rua Quinze de Novembro. O imóvel foi restaurado em 2008, deixando de lado o grande letreiro sem perder a atenção dos clientes, que também passaram a reconhecê-lo pela beleza da antiga fachada. A Casa China é outro exemplo recente de retirada da marquise que colocava uma espécie de máscara no imóvel.