Pouso Redondo, Indaial e Rio do Sul são as cidades com mais acidentes fatais.

Em 11 das 1.153 mortes o quilômetro não
foi identificado no registro do acidente.

O Policial Rodoviário Federal José Figueroa aponta os RISCOS dos quilômetros mais perigosos e dá dicas de segurança.

A prevenção dos acidentes deve partir do COMPORTAMENTO dos motoristas.

Os socorristas carregam a fé de que será possível AJUDAR em cada chamado de socorro vindo da rodovia.

Além do temor de só encontrar mortos, os bombeiros ainda enfrentam outros medos, como a possibilidade de se deparar com um familiar ou amigo entre as vítimas de acidentes na BR-470. Voluntário há oito anos na unidade de Ascurra, Charles Luiz Lorenzi, 38, recorda de um socorro a uma moça que sofreu politraumatismo num acidente no km 82. Naquela hora a filha adolescente foi a lembrança que passou na cabeça do socorrista:

- Quando vou para uma ocorrência com morte, o dia muda de cor, não volta mais a ser bom.

Um grupo de Indaial chega a fazer reuniões após acidentes muito graves. O objetivo é dividir experiências e amenizar a dor da perda alheia. O subcomandante dos bombeiros de Indaial, Edson Berri, 28 anos, explica que a segurança da própria equipe é planejada, já que nem sempre o trânsito é completamente interrompido durante os atendimentos. Uma das medidas para oferecer mais segurança aos bombeiros é a mudança das cores dos veículos: o vermelho dos caminhões será substituído pela pintura de cor amarelo fluorescente. Todos os veículos estão sendo pintados. Dentre os 10 quilômetros com mais mortes na rodovia, apenas dois deles serão duplicados: o 65 e o 66, ambos em Indaial. Ainda assim, o subcomandante acredita que os acidentes dependem mais de quem trafega do que da própria estrada:

- Percebemos que nosso trecho é complicado. Temos que estar o tempo todo preparados no emocional, na técnica, na logística. Os acidentes nunca vão deixar de acontecer enquanto o comportamento das pessoas permanecer igual.

 

José Figueiroa acredita que a DUPLICAÇÃO da rodovia deve reduzir o risco de colisões graves.

ão seis os quilômetros que marcam o local em que a maioria das vidas é interrompida na BR-470. Nestes pontos se foram 119 das 1.153 vítimas fatais da rodovia desde 2005. O trecho fica em um intervalo de 100 quilômetros que atravessa oito cidades: Indaial, Rodeio, Ascurra, Apiúna, Ibirama, Lontras, Rio do Sul e Agronômica. O agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) José Figueroa, 48 anos, acredita que quando concluída, a duplicação deve reduzir colisões graves, como as frontais. No entanto, o policial que trabalha há 20 anos no posto da PRF de Blumenau observa que a prevenção de acidentes deve partir do comportamento dos motoristas, que nem sempre trafegam da maneira correta na BR-470:

- Andar certo na rodovia significa dirigir com cautela, sem pressa, com consciência, alerta, respeitando a sinalização e o limite de velocidade.

A urbanização nas margens da rodovia é um fator que também ajuda a explicar o elevado número de acidentes fatais nos quilômetros 65, 66, 74, 82, 88 e 155. Outro agravante é a quantidade de ruas que desembocam na rodovia, cuja consequência é veículos e pedestres cruzando a BR-470, muitas vezes em locais proibidos.

Mesmo cientes dos riscos do trecho, os socorristas que atendem ocorrências no trajeto crítico, os Bombeiros Voluntários de Indaial e da União (unidade responsável por Rodeio, Ascurra e Apiúna), carregam a fé de que será possível ajudar em cada chamado de atendimento vindo da rodovia:

- Sempre vamos para a ocorrência na esperança de que não seja tão grave. Mas às vezes não é o que acontece. Uma vez cheguei a sonhar dias com uma criança que foi vítima de um acidente - conforma-se Diego Will Stühler, 27 anos, bombeiro voluntário da União há dois.