A duplicação da BR-470, rodovia que corta e abastece a região, é uma PROMESSA antiga ao Vale do Itajaí.
Chico fez a cruz para MARCAR o km 75,7, onde a esposa morreu.
Ladir Sperber estava acostumada a DIRIGIR na rodovia.
adir Ivete Sperber acreditava que as obras para construir duas novas pistas chegariam à rodovia. Comentava a esperança com o marido, o caminhoneiro Gueter Sperber (Chico), 58 anos, nas vezes em que passavam pela estrada que corta 197 quilômetros no Vale do Itajaí. O casal não tinha como evitar a rodovia: era o lugar de trabalho dele, onde ela ia buscá-lo quando preciso. A cada viagem que fazia com o marido pela BR-470, Ladir lembrava de usar sempre cinto e tinha paciência ao volante:
- Ela sempre dizia: "se não dá para chegar hoje, a gente chega amanhã" - conta ele.
Mas Ladir, esposa de Gueter há 35 anos, não teve tempo de experimentar a rodovia prometida desde 1998 para a região. Na manhã de uma quinta-feira, voltava do Alto Vale pela BR-470. Levara o filho, também motorista, para buscar o caminhão em Rio do Sul. No km 75,7, em Indaial, a S-10 que Ladir dirigia se envolveu em uma batida de frente com uma Scania. Morreu ali, aos 58 anos, no dia 22 de março de 2012. Nesta data, a duplicação era promessa aguardada pelo Vale há 14 anos e só naquele ano 25 pessoas já tinham morrido na BR-470.
Mais de seis meses passariam até que o primeiro edital para escolher a empresa responsável pelas obras fosse lançado. Em 26 de setembro de 2012, o ministro Paulo Sérgio Passos esteve em Blumenau para anunciar o início da duplicação da BR-470 no trecho entre Gaspar e Blumenau. Prometeu obras para 2013.
A data da solução prometida pelo ministro passou. Antes que toda esta burocracia caminhasse para a duplicação, Gueter resolveu fazer algo para marcar a perda. Soldou em metal uma cruz com o nome da esposa. Mais de um ano após a morte de Ladir - e de mais 96 pessoas - não havia sinal de obras na BR-470. Em abril de 2013 o Ministério dos Transportes tinha outro comando: César Borges. Em 18 de julho de 2013 veio a ordem de serviço autorizando obras em dois lotes: o 3 - entre Gaspar e Blumenau - e o 4 - de Blumenau a Indaial. Dona Ladir não viu os sinais da duplicação. Só a cruz continua lá no quilômetro 75,7. Na esperança de que além de seu Chico, outras pessoas lembrem que 1.153 vidas foram interrompidas pela BR-470 desde 2005.
Trabalhadores da Sulcatarinense em Blumenau.
Lote 3, em Blumenau
Lote 3, em Gaspar
Lote 2, km 28 em Ilhota
Lote 1, em Navegantes
Lote 3, em Blumenau
Canteiro de obras no lote 4, em Indaial
Canteiro de obras no lote 4, em Indaial
Lote 4, em Indaial
Obras do lote 2 no km 25 em Ilhota
Obra muda paisagem no lote 2, trecho entre Gaspar e Ilhota
No lote 4, em Indaial, ainda não há sinal de obra
Novas pistas são abertas no trecho de Blumenau, no lote 3
Operários trabalham na drenagem do solo do lote 2
Equipamento faz a geodrenagem no lote 2
Pista já aterrada e com camada de brita no lote 3
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