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de outubro de 2014. O dia que vai ficar marcado para sempre na vida de Maikon Padilha, 17 anos, morador da Costeira do Pirajubaé, em Florianópolis. Aquele domingo foi de vitória para o jovem lutador de muay thai, que ganhou o primeiro cinturão de sua carreira.

 

Foram quatro lutas até o confronto final, que valia o título de campeão na categoria sub-17. Nos três rounds não aconteceu nenhum golpe decisivo, então ainda foi preciso aguardar a decisão dos juízes para saber quem seria o vencedor. Nas arquibancadas, a família e os amigos vibravam, sofriam e torciam.

 

Mas ao mesmo tempo em que um turbilhão de sensações passava pela cabeça de todos, a casa onde viviam Maikon e a família, no alto de um morro do bairro no sul da Ilha, era consumida pelo fogo.

 

Quando recebeu a notícia que havia ganhado, o adolescente caiu de joelhos e chorou de emoção: era o dia mais feliz da vida dele, disse ao mestre e professor Djalma Borges.

 

– Lembro de tudo. No momento da luta eu estava numa alegria, depois que recebi o cinturão estava numa felicidade imensa, mas depois de uns cinco minutos vi minha mãe num canto, ela parou de gritar, ficou quieta. Vi ela chorando e fiquei meio desconfiado, mas ninguém me contou nada. Já estava pensando que quando chegasse em casa iria comemorar com a minha família, meus amigos, mas chegando no morro eu já vi Bombeiro, Samu, foi um choque. Não tinha sobrado nada. Primeira coisa que olhei foi meu quarto, porque eu tinha um troféu lá, e estava tudo queimado – recorda o jovem.

Logo após o incidente o professor Djalma começou uma campanha para ajudar a família. Assim que a reportagem foi publicada na Hora, o telefone do treinador não parou de tocar:

 

– A cobertura do jornal foi crucial para conseguirmos refazer a casa, desde móveis, roupa, louças. Depois que saiu na Hora, o pessoal do Pretinho Básico também falou na rádio Atlântida e muita gente ajudou. Somos muito gratos – recorda o treinador.

Aos poucos, a família foi reconstruindo a casa e uma nova vida. E a carreira do jovem atleta está cada vez melhor:

 

– Tá a mil. Embarquei em outras artes marciais, jiu jitsu, taekondo, mas focando no muay thai e no MMA. Ganhei um Campeonato Catarinense, agora estou me preparando para o Brasileiro, quem sabe eu volte com dois cinturões – almeja.

 

Cheio de orgulho, o professor acredita que as coisas ruins que aconteceram só fortaleceram ainda mais o lutador:

 

– O Maikon acabou morando comigo por um ano, e se manteve muito focado nos treinamentos. Hoje ele treina todos os dias, é disciplinado, vai bem na escola. Nessa idade, enquanto muitos estão fazendo festa, o Maikon está lá na academia. Nesses dois anos ganhou altura, peso, mudou de categoria, e tenho certeza que vocês ainda vão visitar muito o Maikon para falar das vitórias.