ESTELA BENETTI Colunista do diário catarinense
o jeito catarinense de encarar a crise

P

eríodos de prosperidade e declínio econômico fazem parte dos ciclos de países e do mundo. Empresas com boas estratégias olham para o longo prazo e se preparam para os sobe e desce do mercado, embora seja difícil sair imune de uma recessão profunda como a que enfrentamos, causada por uma sucessão de erros de gestão do governo federal.

 

Mas uma série de indicadores mostra que Santa Catarina, com empreendedores de visão e economia diversificada, sofreu menos do que a média brasileira. E mesmo nessa fase de retração, diversos setores continuam investindo, o que é fundamental para a retomada do crescimento. Esse olhar contagiante para o futuro, com o propósito de ter negócios de longo prazo e impactos positivos na economia e na sociedade, é o que move centenas de empreendedores catarinenses.

 

Apesar de ter sentido mais a recessão no último ano, a indústria segue como um dos pilares fortes de SC, respondendo por 30% do PIB estadual, o dobro da média nacional. Preparadas para adversidades, parte das empresas conseguiu investir em melhorias de processos e inovação, expansão no país e no exterior e na ampliação das exportações. Temos dezenas de exemplos de companhias que investiram ano passado e continuam mantendo projetos este ano. Nesse grupo, estão a própria Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), a WEG, Aurora, Ciser, organizações lideradas pelos palestrantes do evento Foco Econômico, promovido pelo Diário Catarinense em parceria com a federação.

 

No setor do comércio não é diferente. Empresários se empenham em manter suas atividades durante a crise e quem tem fôlego segue investindo. Entre os exemplos estão grandes grupos como o Almeida Junior, que vai inaugurar o Nações Shopping, em Criciúma neste mês de abril; e a Havan, que seguiu abrindo unidades em diferentes regiões do Brasil.

 

As empresas menores foram as mais afetadas. Prova disso foi o fechamento de mais de 5 mil lojas no Estado em 2015. Situação semelhante é vivida pelo setor de serviços, que  enfrenta as adversidades com criatividade. Enquanto há um grupo conseguindo manter as atividades e até elevar preços para se proteger da inflação, companhias capitalizadas e certas de que têm clientes abriram novas unidades.

 

Quem teve mais céu de brigadeiro ano passado e segue surfando em ondas calmas é o setor de tecnologia da informação e comunicação (TI). A Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) informou que o setor faturou 15% mais ano passado, acima da média nacional que cresceu 7,3%. Além do fato de o investimento em TI ser prioridade para a maioria das empresas brasileiras, as pequenas e médias empresas de software de SC estão mais motivadas em ampliar exportações, de olho no futuro.

 

Enquanto aguardam as decisões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, as empresas precisam seguir reduzindo custos, aprimorando produtos e serviços, investindo em inovação e qualificação de pessoas, com vistas à continuidade e o futuro dos negócios.