Quando questionados qual seria o pior cenário que Caxias poderia vivenciar se a retração industrial persistir, especialistas e lideranças da cidade são quase unânimes em lembrar de Detroit (foto acima). A história da cidade americana que já foi considerada a capital mundial do automóvel é o exemplo mais chocante de como a passividade pode desabar uma economia pujante.
Nos tempos mais prósperos, cerca de dois milhões de pessoas chegaram a viver em Detroit, sendo boa parte delas empregadas em montadoras automotivas. Esse número baixou para 700 mil moradores depois de uma série de fatores que aumentou expressivamente o desemprego na cidade, como a concorrência com carros japoneses e a crise americana de 2008. Em 2013, depois de amargar anos com a economia em baixa, Detroit chegou a declarar falência.
— A cidade se transformou em um museu a céu aberto, com milhares de casas abandonadas. É preciso que a gente sempre olhe para esse exemplo para nunca repetir — acredita Nelson Sbabo, presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul.
Um das lições que Detroit ensina é que não é saudável a economia de uma cidade depender exclusivamente de um setor. Nesse sentido, empresários e poder público apostam que o turismo caxiense pode ser potencializado e assim ganhar mais representatividade na matriz econômica caxiense, que hoje é dominada pela indústria:
— Não tenho a menor dúvida de que a planta econômica da cidade terá maior fortalecimento do turismo. Temos um potencial enorme a ser trabalhado no interior da cidade e temos ainda atrativos importantes, como uma estrutura completa de serviços e saúde — analisa Emir José Alves da Silva, secretário municipal de Turismo.
Para colocar cada vez mais Caxias no mapa do turismo nacional, Silva conta que o trabalho em feiras e eventos está sendo intensificado para incluir a cidade no roteiro da Serra gaúcha. Programas envolvendo escolas, para trabalhar a cultura de município turístico já nas crianças, também vêm ganhando força.
Distrito industrial — Outra saída bastante apontada para amenizar o cenário de enfraquecimento da indústria é a criação de um distrito industrial. O espaço seria destinado a atrair novas empresas e evitaria a especulação imobiliária. O secretário de Desenvolvimento Econômico, do Trabalho e Emprego em exercício, João Uez, reforça que a cidade conta com um projeto nesses moldes:
— Com o Aeroporto Regional da Serra Gaúcha em Vila Oliva, que depende de recursos do governo federal, será criado naquela região um ambiente propício à instalação de uma área industrial, especialmente de empresas voltadas à logística. Porém, é preciso ter muita responsabilidade pois são áreas que dependem de desapropriação e orçamento. Se o governo federal e o Estado não fizerem a parte deles, o Município não tem como arcar com isso — adianta.
Enquanto Caxias esboça reações para potencializar a economia, confira ao lado exemplos de cidades que já aplicaram essas soluções: Maringá (diversificação da matriz econômica) e Joinville (potencialização do segmento industrial).