A perda crescente da competitividade caxiense não é preocupação exclusiva de empregados e empresários do ramo industrial. Trabalhadores e empreendedores de outros setores, como comércio e serviços, também sofrem impactos expressivos quando uma empresa fecha as portas ou expande para outro lugar. O efeito cascata ocorre porque a economia da cidade é extremamente dependente da massa salarial gerada pela indústria. Logo, menos empregos no setor gera redução de poder de compra nos caxienses.
Os números do desempenho econômico da cidade comprovam essa reação em cadeia na economia. Nos últimos 12 meses, a massa salarial da indústria caxiense caiu 25,4%. No mesmo período, o desempenho do comércio apresenta queda semelhante: 27,1%.
— O comércio vive de salários, então essa situação de menos empregos em Caxias nos preocupa muito. Outro problema que a gente vem percebendo é que não está havendo reposição nessas empresas que saem. Ninguém está chegando na cidade — analisa Sadi Donazzolo, presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas).
Em resumo, portanto, o enfraquecimento do setor industrial motiva menos vendas nas lojas, menos movimento em restaurantes e queda no nível de emprego de praticamente todos os setores. Nos últimos 12 meses, 1.139 vagas foram fechadas no comércio caxiense e 2.164 postos a menos foram registrados em serviços.
A comerciante Laura de Almeida (foto acima), proprietária de uma loja no bairro Serrano, nota ainda mais um agravante gerado por essa bola de neve: o aumento da inadimplência. Sem emprego, as famílias precisam escolher quais compromissos serão honrados e quais ficarão para outro momento.
— Muita gente já vive com o orçamento no limite, sem margem para nada. Quando alguém na família perde o emprego, não tem jeito, eles ficam sem pagar as contas — lamenta Laura.
O resultado desse cenário no negócio da comerciante é uma loja repleta de estoques cheios. Para tentar movimentar ao menos parte da mercadoria, Laura investe em promoções constantes:
— Estou vendendo muitas peças até com o valor abaixo do custo, assim ao menos mantenho um giro de caixa para comprar a próxima coleção. Mas ultimamente é assim, estou sempre com a loja cheia de estoques — relata.
Atualmente, cerca de 73 mil caxienses estão registrados no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da cidade. No mesmo período do ano passado, o número era de 69,7 mil, o que representa uma alta de mais de 3 mil inadimplentes.