A União da Ilha da Magia (UIM) tem como característica abordar temas sociais em seus enredos. E neste ano a UIM, escola da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, falará sobre o Haiti e a tribo dos Iorubás.
— Vamos trazer o lado mais afro do Haiti. Mostrar uma África dentro do país, falar de negritude e religião. Queremos passar uma mensagem de inclusão — explicou o carnavalesco Paulinho Trindade, de 61 anos.
Com boa parte das alegorias prontas, a UIM era uma das escolas mais adiantadas a uma semana do Carnaval 2016
na Capital.
O desfile da UIM terá muito de religião. O carro abre-alas trará uma representação da cultura afro dirigida para o vodu, que é um ritual de culto a deuses de origem africana.
— O vodu estará em todo o desfile, desde a comissão de frente até a última ala — salienta o carnavalesco Paulinho.
Aqueles que ajudaram a destruir essa cultura também terão espaço na passarela. Esculturas de exploradores franceses e espanhóis enfeitarão o segundo carro, que mostrará a luta do povo africano contra os europeus.
As baianas lembrarão os índios, que foram substituídos pelos negros durante o processo de exploração. Um Deus Vodu gigantesco entrará na Nego Quirido com movimentos e cores vibrantes.
A missionária catarinense Zilda Arns — que morreu no Haiti abraçada a crianças, durante um terremoto em 12 de janeiro de 2010 — terá uma ala na escola.
E a Gaivota Real, símbolo da UIM, fechará o desfile 2016 com um abraço no povo haitiano.
A única concorrente loira ao título da Musa do Carnaval da Hora 2016 é da União da Ilha da Magia. Marcela Teixeira, 25 anos, é manicure, maquiadora e passista há três anos. Ela conta com orgulho que participava da escola desde quando era um bloco de Carnaval da Lagoa da Conceição.
Foi lá que ela conheceu o marido que, hoje, assiste atento a todos os ensaios da mulher, afinal, é coordenador de harmonia da UIM e compartilha com Marcela a paixão pelas folias de Momo.
Nos ensaios, Marcela faz bonito e é paparicada pelas colegas de ala. Ela vem à frente de todas, mostrando samba no pé e muita desenvoltura. O sorriso, mesmo diante do esforço de sambar nos paralelepípedos da Praça XV, não sai nunca de cena. Ela sabe e gosta do que faz, e isso dá pra sentir de longe.