Início

Em 14 de julho de 1914, Joinville via nascer um clube que traria alegrias para o povo joinvilense nas décadas seguintes: o América Futebol Clube. Criado por um grupo de 14 pessoas entusiasmadas em desenvolver na cidade, um esporte que já vinha sendo praticado em outras localidades do País desde o fim do século 19. A reunião, que desencadeou na fundação do clube, ocorreu na sala de espera do Cinema Floresta, então localizado na rua do Príncipe, no Centro de Joinville.

A primeira diretoria da equipe foi formada por cinco membros fundadores e dois novos sócios. O pernambucano Pedro Firmino de Menezes foi declarado presidente; Lázaro Bastos, vice-presidente; e Edgar Schneider, o capitão-geral.

O estatuto do clube foi criado apenas no ano seguinte. De acordo com o documento, o América estava sendo criado para desenvolver o físico dos sócios por meio dos esportes em geral e particularmente pelo futebol; proporcionar aos sócios festas esportivas como jogos de futebol, saltos e corridas; organizar grupos de sócios do clube, formando diversos times; e realizar jogos estaduais e interestaduais.

Em 1915, foi quando o clube entrou pela primeira vez em campo para jogar futebol. Foram duas partidas contra o Theutônia, e o américa acabou derrotado em um dos confrontos e vitorioso no outro. Como ainda não havia campeonatos parecidos com os de hoje, em que as equipes se reúnem de forma estruturada, a saída para o novo clube era medir forças com os poucos times de Joinville e região.

Time americano que enfrentou o Theutônia em 1915

Time americano que enfrentou o Theutônia em 1915

Em 2 de maio daquele ano, o América recebeu em seu campo o Garibaldino, de São Francisco do Sul, Norte do Estado. Ao fim dos 90 minutos, a superioridade da recém-nascida equipe joinvilense se evidenciou no placar com a vitória por 4 a 0.

No início do futebol na cidade, ainda sem nenhuma rivalidade constituída, as partidas eram tratadas como um evento social, em que parte da população se reunia para ir ao campo dos clubes e assistir ao esporte.

- A assistência foi numerosa, contando-se grande número de excelentíssimas senhoras e gentis senhoritas, da nossa melhor sociedade. Aplausos gerais não foram poupados aos moços sportmen de ambos os clubes [sic]-, dizia matéria publicada em um dos jornais da época em 5 de maio de 1915 sobre o confronto entre América e Garibaldino.

Em 14 de julho de 1915, após um ano em atividade, o clube havia conquistado o carinho de muitos joinvilenses, que compareciam aos finais de semana nos jogos no campo da rua do Mercado, onde hoje está localizado o Senai, na rua Coronel Procópio Gomes. Os jogadores treinavam semanalmente e eram comunicados pelo jornal impresso. A punição para a ausência sem justificativa, na época, era a cobrança de uma multa de 500 réis. Reincidentes eram expulsos do clube.

Antigo campo do América localizado na rua Coronel Procópio Gomes

Antigo campo do América localizado na rua Coronel Procópio Gomes

Expandindo os horizontes

Após três anos de disputa contra times de Joinville e região, o América decidiu expandir os limites e realizar seu primeiro jogo interestadual contra o Coritiba, em 1918. O confronto terminou com a vitória do clube paranaense por 3 a 1. Foram diversos amistosos durante os dois anos seguintes até surgir o primeiro campeonato de futebol de Joinville em 1920. A competição não foi organizada por uma associação ou liga de futebol, como ocorre hoje. Naquela ocasião, os patrocinadores e viabilizadores do torneio foram os comerciantes.

Logo em sua primeira competição, o América mostrou sua força e conquistou o primeiro de muitos títulos que venceria nos anos seguintes de sua história centenária. A conquista veio após a vitória sobre o Operário por 3 a 1, no dia 29 de maio. Assim como no primeiro campeonato, os comerciantes locais ainda patrocinaram a competição joinvilense nos anos de 1922, 1923, 1926 e 1928. Em todas essas edições, o América saiu com a taça na mão.

O Campeonato Catarinense, que havia nascido em 1924 e era disputado apenas por equipes da Capital, abriu espaço para clubes do interior três anos depois. O América solicitou a filiação na Federação Catarinense de Desportos no mesmo ano, mas desistiu de participar.

Em 1925, com mais equipes do interior filiadas, a Federação criou etapas municipais para o torneio estadual. Com o título do citadino de 1928, o América poderia ter disputado a competição, mas assim como no ano anterior decidiu ficar de fora. Em 1930, América e Caxias decidiram o título municipal, mas por causa de confusões com a arbitragem entraram em campo em apenas uma das três partidas marcadas para a disputa da final.

A dupla desistiu de entrar na etapa estadual do Catarinense, assim como outras equipes de cidades da região Norte de Santa Catarina. Ainda assim, a Federação declarou os americanos campeões de Joinville e os confirmou na terceira colocação na classificação final mesmo sem o time entrar em campo pela etapa estadual. O clube voltou a disputar o Catarinense apenas em 1942, depois de 12 anos fora do torneio - nos anos anteriores, repetidas derrotas do título citadino para o Caxias deixaram o América fora da etapa estadual.

Naquele ano, o alvirrubro estreou no estadual com uma goleada por 5 a 1 sobre o Pery Ferroviário, que classificou o time para a semifinal. No jogo seguinte, derrotou o Brusquense por 3 a 1 e, pela primeira vez em 20 anos de fundação, garantiu vaga na grande decisão do Campeonato Catarinense.

O jogo que poderia render ao clube o seu primeiro título estadual não foi realizado porque o América desistiu da partida. Quatro jogadores serviam ao Exército e não puderam comparecer ao duelo. Sem aparecer, o América teve que acatar a decisão da Federação em homologar o Avaí campeão catarinense. No ano seguinte, as duas equipes se enfrentaram novamente na final do torneio e, pela segunda vez, o Leão da Ilha faturou o troféu.

Linha do tempo: