Amador

As décadas de 60 e 70 não foram fáceis para muitos clubes do futebol catarinense. A crise financeira e os maus resultados dentro de campo faziam crescer os problemas. Em vários casos, a solução foi desativar o departamento de futebol profissional.

Nos anos 60, o Paula Ramos, campeão catarinense de 1959, já havia fechado as portas em Florianópolis. No Sul do Estado, em 1969, o Metropol, dono de cinco títulos catarinenses, deixou os gramados em Criciúma. O clube não conseguiu sobreviver mesmo depois de levantar o troféu de campeão de Santa Catarina daquele mesmo ano.

Em Joinville, a situação não era diferente do restante do Estado. Caxias e América não viviam uma boa fase nem dentro de campo e muito menos fora dele. Os dirigentes de América e Caxias, que passavam por crise financeira, reuniram-se com o apoio da imprensa e de parte dos torcedores para discutir uma solução.

A reunião definitiva ocorreu no Bar Palmeira, em frente à rua das Palmeiras, no Centro de Joinville. Ali ficou decidida a junção dos departamentos de futebol dos dois clubes, que se concretizou em janeiro de 1976, para a criação do Joinville Esporte Clube.

O espírito de união em torno do novo time resultou em um início mais do que satisfatório para os torcedores, que viram o Joinville ser campeão catarinense já no seu primeiro ano de vida.

Desde a fusão com o rival, o América construiu uma nova história, desta vez no futebol amador da cidade e do Estado. Uma história que já acumula um relevante número de títulos municipais e estaduais, e que mantém vivo o nome de um dos maiores vencedores do futebol de Santa Catarina.

O retorno às competições amadoras

jogadores campeões da Primeirona de Joinville em 1993

jogadores campeões da Primeirona de Joinville em 1993

Depois da fusão com o rival Caxias para dar surgimento ao Joinville Esporte Clube, o América passou a desenvolver o lado social com a construção do ginásio de esportes, as piscinas olímpicas, a sauna, o restaurante e toda a estrutura para ampliar os serviços aos cerca de 5 mil frequentadores que passam mensalmente pelo clube.

No futebol, o América demorou nove anos para voltar aos gramados com o time principal. Em 1985, o clube decidiu ingressar nas competições amadoras da cidade - nos anos anteriores apenas os times de base disputavam os campeonatos joinvilenses. Começou pela Segunda Divisão de Amadores de Joinville e dois anos depois jogou a Primeira Divisão, a tradicional Primeirona.

Na primeira campanha na competição, o clube conquistou o vice-campeonato ao ser derrotado nos pênaltis pela Tupy na final. Os dois times voltaram a se enfrentar na decisão de 1988 e novamente o América ficou na segunda colocação.

O primeiro título amador americano foi em 1989, em mais uma final contra a Tupy. O time formado por César, Ilmar, Reginaldo, Tefinha, Oscar, Edson, Luís Penha, Sílvio, Giovani, Jaime e Gilmar venceu nos pênaltis, dando início a uma história de títulos no futebol amador de Joinville, assim como já havia acontecido no Campeonato Catarinense décadas antes.

O Alvirrubro voltou a vencer a competição em 1993, quando engatou um tricampeonato nos dois anos seguintes. O primeiro dos três títulos veio contra o Fluminense do Itaum, seguido por duas conquistas em que a Serrana, do Iririú, ficou com o vice-campeonato.

Na Primeirona de 1996, o América chegou ao quadrangular final para defender o título e conquistar o tetracampeonato. No entanto, viu o rival Caxias levantar a taça. Para deixar a derrota ainda mais indigesta, o título do Gualicho aconteceu justamente na vitória sobre o América por 3 a 2, em pleno estádio Olímpico, na Zona Norte da cidade.

A tristeza americana durou pouco. No ano seguinte, o Galo venceu mais uma vez a Primeirona. Na primeira partida da final, goleada sobre o Pirabeiraba por 4 a 0. No jogo de volta, nem mesmo a derrota por 2 a 1 tirou o título americano, o quinto do clube na competição.

Na década seguinte, o mais próximo que o América chegou de um título foi nas edições de 2002, 2003 e 2004 da Primeirona. Nas três edições, foi vice-campeão perdendo duas vezes para o Tamandaré e uma para o 25 de Agosto.

A taça de campeão voltou para o estádio Olímpico apenas em 2011, 14 anos depois do último título. Na primeira partida da final, na Arena, vitória por 3 a 0 sobre o Juventus. Na volta, o empate em 1 a 1 foi o suficiente para a conquista do campeonato.

Os títulos regionais

comemoração do título da Copa Norte de 2011

comemoração do título da Copa Norte de 2011

Em razão dos vice-campeonatos da Primeirona em 2003 e 2004, o América se capacitou a participar da recém-criada Copa Norte, que reunia clubes do Norte do Estado. Em 2004 e 2005, nas duas primeiras edições do torneio, o Alvirrubro conquistou o título sobre o Vitória, de Jaraguá do Sul. Em 2006 e 2009, terminou como vice-campeão, perdendo para Tupy e Arsiper de São Bento do Sul, respectivamente.

Em 2011, o time americano venceu o Juventus na Primeirona e voltou a enfrentar o mesmo rival na decisão da Copa Norte. Depois de dois empates em 0 a 0, o Galo conquistou nos pênaltis o seu terceiro título da competição regional. Para reforçar sua hegemonia no torneio, o time alvirrubro venceu novamente em 2013 ao derrotar o Pirabeiraba duas vezes por 2 a 1. Foram quatro títulos da Copa Norte em dez anos, tornando o América o clube mais vezes vencedor do torneio.

Além dos títulos municipais e regionais, o Galo também guarda em sua galeria duas taças do Campeonato Catarinense de Futebol Amador, que reúne os vencedores das competições regionais, como a Copa Norte. Os dois títulos vieram em 1995, contra o Juventude de Lindóia do Sul, e em 1996, contra o Olaria de Xanxerê, fazendo do América o único clube de Santa Catarina e ser campeão estadual profissional e amador.

Prioridade é ser um clube social

desejo do presidente João Barbosa é de que o clube permaneça no amadorismo

desejo do presidente João Barbosa é de que o clube permaneça no amadorismo

Há 38 anos disputando jogos pelo futebol amador, o América não tem nenhum interesse em jogar torneios profissionais novamente. O presidente João Barbosa garante que a prioridade é oferecer aos sócios um clube social com tudo que os frequentadores precisarem, além de disputar os campeonatos amadores organizados pela Liga Joinvilense de Futebol, dando continuidade ao nome do América Futebol Clube sem prejudicar a saúde financeira da instituição.

Barbosa admite que há interesse das imobiliárias no terreno de 33 mil metros quadrados do clube e o grande desafio da diretoria é administrar a área pertencente ao América. Segundo ele, uma das soluções para o futuro do clube seria mudar a estrutura para outro lugar. No entanto, ele ressalta que trata-se apenas de uma ideia, que um dia pode ser colocada em prática.

-A ideia seria de mudar o clube para uma sede menor e, quem sabe, criar uma área rural de um milhão de metros quadrados com campo de futebol, pousada, pesque-pague e outros serviços-, explica.

Apesar de ter dificuldades em fazer melhorias em algumas áreas da atual estrutura do clube por já ter sido construída há muitos anos, o presidente conta que o América continua investindo na manutenção da instituição e disponibilizando novos serviços aos associados.

- Reformamos recentemente toda a parte de baixo da arquibancada, que já tem 58 anos, construímos um campo de futebol suíço e agora planejamos fazer uma sala de jogos -, conta.

Veja como era em 1950 e como está atualmente: