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identificar o abuso

Acriança sempre vai manifestar que algo está errado com ela por meio do seu comportamento, do sono, da alimentação e do desempenho na escola. Isso ocorre em qualquer situação, não apenas com relação ao abuso sexual. Por isso, é preciso analisar o contexto. As crianças que são vítimas de violência sexual também podem repetir a violência que sofreram por meio de brincadeiras sexualizadas ou com outros colegas. Quando o diálogo entre pais e filhos é aberto e acolhedor, o ambiente torna-se propício para que a criança sinta-se à vontade para revelar o abuso. Para isso, ela precisa ter consciência de que está tendo o seu direito violado.

Se os pais não conseguem conversar e sentem receio, as crianças terão mais dificuldade de questionar e aceitar orientações - avalia a psicóloga Cristina Weber.

A informação sempre é sinônimo de prevenção

Amaioria das crianças não tem consciência de que uma atividade sexual entre adulto e criança é errada. Quem vai ensinar isso são os pais. De acordo com a psicóloga Cristina Weber, a educação sexual precisa deixar de ser tabu na família e na sociedade e fazer parte da vida da criança. Isso não quer dizer que os pais devem falar especificamente sobre o ato sexual ou estimulá-lo. Porém, devem orientar os filhos durante o banho ou limpeza genital, por exemplo, que ninguém pode tocá-la fora desse contexto.

 

 

 

Quando a criança é pequena e tocam as genitais dela, é claro que ela vai sentir um certo prazer. Não necessariamente com fins sexuais, isso é biológico. Muitos pais se chocam quando veem a criança se masturbando e acabam a assustando também. Em vez disso, deveriam trabalhar a situação de forma natural e explicar que, apesar de ela sentir um certo prazer, não é qualquer pessoa que pode tocá-la. Na medida em que os pais tratam como uma coisa suja, a criança vai sentir-se suja também e o abusador vai jogar com isso.

A psicóloga Cristina salienta que se a criança tiver informação a ponto de entender que ela não é culpada pelas sensações que tem, mas que aquela situação entre ela e o agressor é errada, terá mais segurança em revelar a violência. A psicóloga destaca ainda que a criança
deve ser tratada como vítima e nunca como responsável ou culpada pelo abuso.

Sintomas e traumas

Não é porque o estupro não foi consumado que o psicológico da criança não será comprometido. Todo ato de abuso sexual viola o direito da criança e compromete o seu desenvolvimento. Quando cometido por muito tempo, as consequências podem ser devastadoras. A violência sexual pode provocar impacto no desenvolvimento neurobiológico e regulação da emoção, ansiedade elevada e transtorno do estresse pós-traumático (TEP). Esse transtorno faz a pessoa reviver a
lembrança negativa inúmeras vezes.

Há casos em que as mães foram vítimas de abuso quando crianças e hoje têm as filhas que também são vítimas. Elas podem desenvolver problemas com a própria sexualidade e dificuldade em proteger os filhos com relação ao abuso.

A recuperação do trauma sofrido pelo abuso sexual depende da idade em que a criança foi vítima, da proximidade com o autor e por quanto tempo a violência foi praticada. O comportamento dos pais após a revelação do abuso é primordial. Se a criança não se sentir acolhida pela família, terá ainda mais dificuldade em superar. Porém, quando há orientação e acompanhamento profissional, o resultado tende a ser positivo.

 

 

Agressor pode estar
dentro de casa

Na maioria dos casos atendidos pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Joinville, o abuso sexual aconteceu
dentro da casa da vítima. O agressor, normalmente, tem algum grau
de parentesco com a vítima (pai, padrasto, tio, avô ou padrinho).
É alguém carinhoso e que conquista a confiança de toda a família.

- Geralmente, os abusadores são muito queridos, querem conquistar
os pais e a criança. A aproximação começa com um carinho. Depois,
ele observa como a criança reage e às vezes começa guardando um segredinho com a criança. Além desses requintes, ele também conta
com o recurso da ameaça - explica a psicóloga Cristina Weber.

Quando o abuso é intrafamiliar, é comum encontrar histórico na família. Porém, não é
uma regra e não quer dizer que uma pessoa agredida na infância cometerá abuso na fase
adulta. Na maioria dos casos que chegam à delegacia, o homem é o agressor e a menina é
a vítima, porque os meninos revelam a violência menos do que as meninas. Nos casos em
que as mulheres são as agressoras, a descoberta é ainda mais difícil porque são elas as responsáveis pelos cuidados da criança.