Santa Catarina virou o sonho de uma terra exclusiva para os índios guaranis. Uma família nascida no Paraguai cruzou a fronteira e percorreu pelo menos mil quilômetros até chegar ao litoral. Era fim dos anos 60 e, descoberta a história duas décadas mais tarde, fez-se escola. Levas migratórias foram registradas a partir dos anos 90. Grupos indígenas largaram o pouco que tinham nas aldeias de origem guiados pela promessa de terra fértil e fácil.
A partir de hoje, em uma série de reportagens, o Diário Catarinense detalha como uma pequena aldeia onde viviam 14 índios da mesma família se transformou, em 20 anos, numa reserva indígena com quase 2 mil hectares e que abriga cerca de 200 habitantes. Além de ter originado ao menos mais duas aldeias próximas – sendo que nenhum dos atuais moradores é descendente do clã que décadas atrás desbravou a região.
Esta história se inicia em Morro dos Cavalos, localidade 30 quilômetros ao sul de Florianópolis e cenário de um atraso histórico no país. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), a criação e a expansão da reserva estão diretamente associadas à pretensão de duplicar a BR-101, rodovia que liga a região Sul ao centro do país. As obras se converteram em um processo burocrático que já dura mais de duas décadas e nem sequer tem data prevista para ser finalizado.
Morro dos Cavalos é um exemplo de como ações urgentes para o desenvolvimento podem ser usadas para extrair benefícios. Por exigência da Fundação Nacional do Índio (Funai) quantias milionárias, que saem do bolso dos brasileiros, são repassadas em compensações de impacto ambiental e social. O problema é que o dinheiro não tem destino esclarecido, levantando dúvidas sobre o uso dos recursos públicos e o desvio da finalidade de um órgão que deveria trabalhar a serviço do país.
Reportagem
Joice Bacelo  Edição
Ivan Rodrigues Design
Mariana Weber Infografia
Fábio Nienow
Vídeos e edição Alvarelio Kurossu
João Soares
TERRA
CONTESTADA Parte 1 Introdução Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5 Linha do tempo