Com participação discreta na campanha do primeiro turno das eleições, o deputado Michel Temer (PMDB), vice-presidente na chapa da petista Dilma Rousseff, ganhou mais espaço na segunda etapa da disputa. Prova do maior envolvimento foi a sequência de visitas ao Estado. O advogado e professor Michel Miguel Elias Temer Lulia, 70 anos, esteve em pelo menos seis cidades gaúchas.  

Natural do município de Tietê, no interior de São Paulo, onde seus pais mantinham uma máquina de beneficiamento de arroz e café, Temer passou a se dedicar exclusivamente à campanha depois de uma reunião para avaliar os motivos que frustraram os planos de PT e PDMB de vencer no primeiro.

— Me mantive discreto no momento em que não se exigiu muito a minha presença. Não sei se foi erro de coordenação, mas o que ficou acertado agora é que vou participar ativamente, disse que quem está interessado em ganhar essa eleição agora sou eu e o PMDB — afirmou no início do segundo turno.

Sem aparição nos programas eleitorais na primeira etapa do pleito, o presidente da Câmara dos Deputados pela terceira vez — as outros dois mandatos foram em 1997 e 1999 — ganhou espaço na TV exatamente 11 dias após o reinício da campanha do segundo turno. Na ocasião, afirmou que, se Dilma for eleita, terá maioria sólida e "condições excepcionais" no Congresso para governar. Disse que sua candidata governará "com tranquilidade para fazer as reformas de que o Brasil necessita".

Em sua passagem pelo Estado — ele esteve em Porto Alegre, Santa Maria, Cachoeirinha, Gravataí, Alegrete e Santa Cruz do Sul — o peemedebista fez discursos semelhantes ao exibido nacionalmente no programa eleitoral. Também lamentou o que chamou de "baixo nível da campanha", sobretudo no "submundo da internet".

— No entanto, conseguimos reverter o quadro e desvalorizar essa campanha. O povo compreendeu a sujeira. O reflexo está nas pesquisas — afirmou o deputado, que também exerce a função de presidente do PMDB.

Oficial de gabinete, secretário, deputado e candidato a vice-presidente

Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) — também é doutor na área pela PUC paulista —, Temer iniciou a carreira política como oficial de gabinete de Ataliba Nogueira, secretário de Educação no governo de Adhemar de Barros. Em 1983, foi nomeado procurador-geral de São Paulo em 1983. No ano seguinte, tornou-se secretário de Segurança Pública de São Paulo, cargo que voltou a ocupar no início dos anos 90.

Em 1986, ele se elegeu deputado constituinte pelo PMDB e participou da Assembléia Nacional Constituinte. Foi reeleito deputado federal e já exerce o sexto mandato. Na condição de presidente da Câmara, assumiu a Presidência da República interinamente em janeiro de 1998 e junho de 1999 — ambas no governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.