| 08/03/2008 12h46min
O presidente russo, Vladimir Putin, e a chanceler alemã, Angela Merkel, polemizaram hoje em entrevista coletiva conjunta sobre o papel da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a proclamação unilateral da independência do Kosovo. Putin acusou a Otan de tentar "substituir a ONU" e voltou a rejeitar a autoproclamada independência do Kosovo, que chamou de "perigoso precedente" que incentivará o separatismo na Europa. 
— A interminável ampliação de um bloco político-militar nas atuais condições, quando não há confronto de dois sistemas hostis, é inoportuna, prejudicial e contraproducente — disse Putin. 
O presidente russo acrescentou que ele "tem a impressão de que querem criar uma organização para substituir a ONU, mas a humanidade não aceitará semelhante estrutura das relações internacionais, que só aumentará o potencial de conflitos". 
— A Otan já ultrapassou os limites de sua competência. Não temos nada contra ajudar o Afeganistão, mas a 
pergunta é: por que é a Otan que faz 
isso? Esse não é um problema da Otan, e todos sabem disso — destacou. 
Merkel respondeu que "a Otan é uma aliança exclusivamente defensiva, unida por objetivos comuns, e que não pretende se transformar em uma segunda ONU", segundo a agência "Itar-Tass". 
Putin também lançou acusações contra os Governos das vizinhas Ucrânia e Geórgia por desejarem entrar o mais rápido possível na Otan, e acusou Kiev de "falta de democracia" por não realizar um plebiscito sobre o assunto. 
— Ou há democracia ou não há: não existe meio-termo. Se a maioria dos ucranianos não quiser entrar na Otan, mas as autoridades fizerem isso à força, não podemos considerar (esse país) democrático — declarou. 
A chanceler alemã disse que a decisão de entrar ou não na aliança militar é uma prerrogativa exclusiva de cada país, mas admitiu que a existência de conflitos internos em um Estado candidato à adesão pode complicar sua adesão, como é o caso da Geórgia, que 
enfrenta separatismos de duas regiões pró-Rússia. 
— Nós debateremos esses problemas na cúpula em Bucareste, no início de abril — disse Merkel ao se referir ao encontro ao qual Putin também comparecerá para participar do Conselho Otan-Rússia. 
Sobre o Kosovo, Putin disse que "a Rússia apenas reconhecerá sua independência se ela for aprovada à luz do direito internacional", ou seja, com o sinal verde da Sérvia e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, segundo a agência "Interfax". 
O presidente russo afirmou que "o precedente do Kosovo é extremamente perigoso, pois incentivará os separatismos na Europa". O chefe do Kremlin também citou os casos do Reino Unido, da Espanha e da Bélgica, e lembrou que também há separatismos em outros Estados surgidos da antiga Iugoslávia e no bloco pós-soviético. 
Segundo Putin, o Ocidente, ao apoiar a secessão do Kosovo e o reconhecimento de sua independência, age como a extinta União Soviética, que "sempre defendeu o direito dos povos à 
autodeterminação" em outros países. 
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