O apresentador do 2º painel do Mídia Show, Walter Longo, é uma boa definição de “profissional polivalente”. Mentor de estratégia e inovação do Grupo Newcomm, vice-presidente de estratégia e inovação da Young & Rubicam, presidente executivo da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), ele também colabora com publicações, é sócio de empresas digitais e coautor do livro “Tudo que você sempre quis saber sobre propaganda e ninguém teve paciência de explicar” e autor, em parceria com Zé Luiz Tavares, de “O marketing na era do nexo”.

Em conversa por telefone, Walter Longo citou alguns dos conceitos que estarão na sua exposição: o tripé do marketing na era do nexo, a comunicação sináptica e a necessidade de se debater essa “revolução constante”.

Mídia Show - O mote do Mídia Show é a integração digital. Pela sua ampla experiência em diversos suportes, você acredita que pode ocorrer uma integração das mídias ao redor do digital?

Walter Longo - Há alguns anos, havia somente meia duzia de mídias para se comunicar com o consumidor. Nos últimos dez anos, houve uma explosão de novas mídias. Dentro dessa explosão, o que passou a ser fundamental é a capacidade de sinergia da mídia. Não dá mais para pensar de maneira isolada, por veículo. É preciso ter uma visão holística do conjunto da mídia, passando a pensar em pontos de contato. Falei sobre isso no meu livro “Marketing na era do nexo”. Existem três grandes formas de se comunicar, o tripé “MVV”: Madison Avenue, onde estão as grandes agências de publicidade de Nova York; Vine Street, onde estão os estúdios de Hollywood; e o Sillicon Valley, onde estão as empresas de internet e interatividade. O tripé da nova comunicação: publicidade, entretenimento e interatividade.

Mídia Show - O título do seu painel no Mídia Show, “Os novos mandamentos do marketing – tudo que mudou e tudo que vai mudar”, anuncia uma mudança nos alicerces do marketing. No Brasil, estes novos mandamentos estão sendo bem absorvidos?

Longo - As agências brasileiras estão correndo o mais rápido possível para se adequar a este novo mundo, algumas à frente das outras. Mas ainda há algumas que não entenderam, achando que podem continuar como uma fábrica de anúncios, fazendo a propaganda tradicional.

Mídia Show - Um dos processos que certamente mudou, e é o tema de uma de suas principais palestras, é o relacionamento com o consumidor. Com os diversos canais que foram abertos entre as empresas e os clientes, que papel assume o consumidor?

Longo - Até pouco tempo atrás, a comunicação era da marca para o consumidor. Agora isso mudou, do monólogo para o dialogo. O negócio da comunicação era comparado ao jogo do boliche. A bola representava a campanha e as garrafas, os consumidores. Era o conceito de target. Isso não existe mais. Agora, pode-se comparar a um fliperama: a bolinha bate, volta, responde, sobe, desce, tabela, volta de novo. A comunicação é sináptica, são vários movimentos ao mesmo tempo. O consumidor está no centro da decisão, está junto com as empresas, atuando nas decisões. As empresas devem aprender a dialogar.

Mídia Show - Com a rapidez em que o processo evolui, pode-se dizer que espaços de debate tornam-se cada vez mais emergentes?

Longo - Hoje, a transmissão da informação e as relações passam por duas grandes vertentes: a digital e a presencial. O evento é da linha de crescimento presencial. O mundo digital não acaba com a capacidade de relacionamento – pelo contrário, a revolução é tão constante que se deve debater sempre. Para o mercado acompanhar essa revolução, um evento traz três coisas: informação, inspiração e relação.