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Eleições  | 30/10/2010 12h10min

Baixo nível da campanha contribui para abstenção e votos em branco, dizem especialistas

Troca de acusações entre candidatos desestimula eleitores a votar, principalmente os indecisos

Guilherme Mergen  |  guilherme.mergen@zerohora.com.br

Se o feriado do Dia de Finados preocupa candidatos à presidência da República para a votação deste domingo, especialistas apontam outro fator capaz de distanciar eleitores — principalmente os indecisos — das urnas: o tom de agressividade da campanha no segundo turno. Exceção foi o debate desta sexta-feira na Rede Globo, quando Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) deixaram as ofensas pessoais de lado para responder a perguntas de eleitores indecisos.      

>> Blog Fala, e-leitor: Veja o que pensam os eleitores sobre o nível da campanha

Consequência da troca de acusações entre a petista e o tucano em entrevistas e debates, o baixo nível da disputa eleitoral pode ainda contribuir para um crescimento no número de votos em branco, na avaliação do cientista político Rodrigo González, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).

— A campanha não empolga os eleitores, menos ainda aqueles indecisos. A baixaria cansou. O denunciante não tem provas do envolvimento pessoal do candidato na acusação, não consegue provar o que diz. Esse cenário contribui para o voto em branco e para um maior índice de abstenção.

No primeiro turno, sem feriado prolongado, cerca de 18% dos brasileiros aptos a votar deixaram de comparecer às urnas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Estado, o índice de abstenção foi de quase 15%.

 

Apesar de considerar normal o tom mais "duro" no segundo turno do pleito, o cientista político Juliano Corbelini, doutor no assunto pela UFRGS, concorda que o crescimento da agressividade na campanha provoca um distanciamento em parte do eleitorado.

— Este tipo de comportamento dos candidatos facilita a decisão do eleitor de não votar. Ele (o eleitor) pode se sentir mais à vontade para deixar de comparecer às urnas, menos culpado. A falta de um debate com agenda para o futuro do país provoca esse desinteresse.

O modelo de campanha adotado nas últimas três semanas torna o voto uma dor de cabeça para a parcela dos indecisos — normalmente aqueles que optam pelo candidato pela análise de argumentos racionais. 

— Grande parte dos eleitores vota por critérios emocionais. Estes dificilmente mudarão o voto no segundo turno. Uma parcela muito pequena até pode mudar com essas acusações. E quem estava indeciso, continua indeciso, sem ver planos de governo neste segundo turno — resume o cenário o professor González.

"Marina evitou queda de nível no 1° turno"

 

A candidatura da senadora Marina Silva (PV) evitou a adoção do tom agressivo por parte de petistas e tucanos no primeiro turno da campanha. Na opinião dos especialistas, a troca de acusações diante de uma terceira opção aos eleitores poderia prejudicar Dilma e Serra.

Com o pleito encaminhado para um plebiscito na segunda etapa, a discussão de propostas foi substituída pela sequência de ataques, iniciada com a polêmica do aborto, de acordo com o González.

— A partir daí, a baixaria se centrou na figura dos candidatos e nas pessoas que os cercam. Tornou-se uma campanha de acusação, e não de discussão de propostas, de visão de governo. No entanto, esse desnivelamento foi controlado, de forma racional, apoiado em estratégias de marqueteiros.

Enquanto Serra usou a denúncia de irregularidades contra a ex-ministra Erenice Guerra, sucessora e braço direito de sua adversária na Casa Civil, e as declarações da petista sobre aborto em seus ataques, Dilma revidou com o suposto desvio de dinheiro de Paulo Vieira de Souza, homem de confiança do tucano no governo de São Paulo, e confrontando a gestão de privatização de Fernando Henrique Cardoso com a situação da Petrobras.

— No segundo turno, concorrentes colocam argumentos mais contundentes de exclusão do adversário. Serra tenta minar os votos de Dilma. A petista quer cessar aquela queda do final do primeiro turno. Por isso, a troca de acusações — afirma Corbelini.

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