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 | 26/05/2011 00h13min

A agonia e comportamento de Silas na derrota do Avaí para o Vasco

Técnico não conseguiu levar o time à final da Copa do Brasil

Melissa Bulegon  |  melissa.bulegon@diario.com.br

Antes de entrar em campo o técnico Silas já era o assunto principal. O treinador surpreendeu a todos e escalou Romano na lateral-direita, na vaga de Diogo Orlando, e deixou Rafael Coelho, que havia conseguido efeito suspensivo, no banco. Marquinhos Gabriel entrou como titular.

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Silas nem havia saído do túnel e a imprensa já iniciava o questionamento sobre a escolha de Romano para a lateral-direita. 

— Jogou muito bem contra o Flamengo e já jogou na ala — gesticulou.

Enquanto a torcida gritava o nome dos jogadores antes da bola rolar, Silas se acomodava na casamata. A bola mal rolou e o treinador já estava à beira do gramado e trocava informações pelo celular com o assistente técnico, o seu irmão Paulo, que
assiste o jogo do alto. Com as mãos nas costas, os braços cruzados, gesticulando para os jogadores. Silas não abandonava o posto junto ao campo.

Enquanto o Avaí ainda se ajeitava em campo, o time foi traído novamente pela fatalidade: após cobrança de falta junto a grande área, Revson marcou gol contra aos 3 minutos. E Silas tratou de chamar a atenção dos seus comandados. Gesticulou, esbravejou.

No ataque seguinte em que Renan fez grande defesa no chute de Eder Luis, Silas ficou estático. Acleisson foi cobrar lateral, Silas mandou trocar: deixa para o Romano. Incansável, Silas gesticulava e gesticulava. Pediu para o time abriu para o Romano pela lateral-direita. E foi em uma jogada iniciada justamente por esse lado que o Avaí deu o primeiro chute a gol. Acleisson arriscou de longe e a bola passou longe da trave. Ajudou a repor a bola, bateu palmas, incentivou. Queria o time mais a frente. E pediu para Renan ajudar a deixar na reposição de bola o Avaí mais no ataque.

Sem deixar a lateral do gramado, Silas, aos 13 minutos, trocou palavras com o quarto árbitro. E quando Acleisson perdeu a bola na frente da zaga na saída, voltou ao celular. E na aposta de Silas, Romano outra vez começou a jogada que resultou no chute de Julinho. E reascendeu a torcida na Ressacada.

Aos 20, Silas deu a primeira olhadinha no relógio. Assim que a bola parava, tratava de gesticular, chamar a atenção dos seus jogadores. E trocou informações ao telefone mais uma vez.

Quando Cássio tentou lançar para o ataque e a bola saiu longe pela linha de fundo, ele pareceu não acreditar. Recuou até a casamata e conversou com o auxiliar técnico. E mandou Rafael Coelho para aquecimento aos 26 minutos. Em seguida, tirou Acleisson, que já tinha um cartão amarelo, e colocou Rafael Coelho. Só que o time não respondia em campo e a torcida parecia estática nas arquibancadas.

Os gestos para os jogadores começaram a ser mais intensos. Uma olhada para o chão, passos para lá e para cá. Braços abertos. E aí, quando veio o segundo gol do Vasco, aos 34 minutos, dos pés de Diego Souza, Silas não acreditou. Abriu os braços, recuou para a casamata, voltou e esbravejou contra a defesa e a marcação avaiana.

Uma coisa era certa: a aposta do técnico Silas era quem mais se dava bem e criava as chances perigosas. Foi ele quem começou a jogada que resultou no chute de Julinho que explodiu na trave de Prass aos 36 minutos.

Depois de mais um contra-ataque rápido do Vasco, Silas foi para o celular. E novamente gesticulou para o time ir a frente. Só que Marquinhos perdeu a bola no ataque. Quando a torcida começou a vaiar, o celular foi novamente a saída. Enquanto Prass cobrava o tiro de meta, pediu garra para a equipe. E olhou para o relógio.

Com dois jogadores vascaínos caídos no gramado, Silas teve tempo parar amarrar os cadarços do sapato. Fez tão ligeirinho que precisou arrumar de novo o calçado. E cada vez mais o técnico recorria ao celular e ao relógio. Assim que o árbitro apitou o final do primeiro tempo, Silas entrou no em campo e foi com a cabeça baixa, como se não acreditasse no placar e no rendimento da equipe. Na entrevista antes de entrar no túnel, foi curto e grosso:

— Vamos acertar!

No intervalo, sacou Marquinhos Gabriel e colocou Estrada. E assim que a árbitro sinalizou o reinício do jogo, acertou o relógio e se postou na beirada do campo. Sério. No primeiro grande lance em que Rafael Coelho cruzou para a área e ninguém alcançou, Silas assoviou e gesticulou. queria o giro na hora do time ir ao ataque.

Na primeira cera do Vasco em campo, não perdeu tempo e reclamou com o juiz. Aos cinco minutos, mandou todos os reservas para o aquecimento. Assim como no primeiro tempo, pedia para o time ir ao ataque. Só que o Avaí não respondia em campo. Quando Romano perdeu a bola no ataque, Silas chamou a atenção do jogador. E o celular e o relógio voltaram a ser acionados.

Silas chamou a atenção de Marquinhos. O jogador pediu calma. E ele e Gustavo Bastos foram conversar. Com assovios, chamou Rafael Coelho para dar instruções. Após a troca de passes na frente da área com a tentativa de Estrada de bicicleta, Silas pegou o celular. Enquanto conversava, o treinador abria os braços, incrédulo. E após uma longa conversa ao celular, baixou a cabeça, cruzou os braços novamente e caminhou para lá e para cá. Nem bem se passaram dois minutos, Silas chamou Robinho. Aos 23, enquanto o meia entrava em campo, Silas olhava no relógio. E o torcedor começava a deixar o estádio.

Quando Julinho foi para a lateral depois de perder a bola na beira do gramado, Silas deu um puxão de orelha no lateral. E foi a loucura quando o chute de Estrada passou rente à trave aos 26 e na bomba de Marquinhos no minuto seguinte. Os minutos passavam, o celular era acionado, e Silas quase invadiu o campo enquanto tentava passar instruções. Só que nada dava certo e o Avaí se entregava em campo. E o treinador mostrava indignação com os seus jogadores em alguns momentos.

As olhadas para o chão começaram a ser mais frequentes. E os gestos de incredulidade com os braços abertos deram espaço para as mãos no bolso, os braços cruzados, a inconformidade. O time de guerreiros não conseguiu repetir a atuação vibrante que fez contra o São Paulo. Se ao final do 3 a 1 o nome do treinador havia sido bradado com euforia, desta vez Silas ouvia a cobrança e a indignação das arquibancadas.

E o treinador, vencido pelo relógio, limitou-se a assistir, em silêncio, a partida a beira do gramado. As instruções brabadas com euforia passaram a ser passadas somente quando algum jogador chegava junto a lateral.

E quando o juiz apitou a final do jogo, Silas foi em direção ao técnico Ricardo Gomes para cumprimentá-lo. Depois, se dirigiu a arbitragem para também dar a mão. Deu um abraço em diego Souza e rumou para o túnel. No caminho, cumprimentou Gustavo Bastos, que olhou para o treinador como se pedisse desculpas pelo fracasso do time. Desviando dos repórteres, entrou no túnel sem olhar para trás. A estratégia montada pelo treinador fracassou. Estava encerrada a trajetória do Avaí na Copa do Brasil 2011.




                       

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