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 | 08/02/2012 15h42min

Após reunião com governador Jaques Wagner, empresários garantem a realização do Carnaval na Bahia

Nesta quarta-feira, pai de santo deu a bênção aos PMs que acupam a Assembleia baiana

Humberto Trezzi, enviado especial a Salvador  |  humberto.trezzi@zerohora.com.br

Em reunião com o governador Jaques Wagner (PT), nesta quarta-feira, empresários obtiveram a garantia de que serão incrementadas negociações para que a greve dos PMs acaba antes do Carnaval. Da sua parte, donos de hotéis e promotores garantiram ao governador: a folia de 2012 em Salvador está confirmada.

Empresários, músicos e promotores de eventos ligados à folia baiana se reuniram pela manhã no Hotel Othon, na praia de Ondina, com o objetivo de não só confirmar a festa, como também combater boatos e notícias de que a folia poderia ser cancelada.

Eles prometeram "não deixar de colocar o bloco na rua", literalmente.

Apesar da promessa, diversos shows pré-carnavalescos foram cancelados em decorrência da greve policial. Entre eles, de estrelas como Daniela Mercury e a Banda Eva.

Nesta quarta não ocorreram avanços aparentes nas negociações e o clima em frente à Assembleia Legislativa, onde 500 grevistas estão entrincheirados, permanece tenso. O patrulhamento das ruas é feito pela Força Nacional de Segurança e Exército, além de unidades da PM que não aderiram à rebelião.

Proteção espiritual:

Os grevistas da PM baiana, que cruzaram braços há nove dias, contam com proteção espiritual na sua luta. É o que garante o Pai Zé Carlos de Omolum, um pai de santo que na tarde desta quarta-feira ofereceu uma bênção especial para os policiais que invadiram a Assembleia Legislativa baiana.

Famoso nas imediações do Mercado Modelo de Salvador, Pai Zé Carlos se diz "mentor espiritual" dos PMs e nesta quarta-feira se postou em frente aos militares do Exército que cercam os grevistas aquartelados na sede do Legislativo. O relligioso bateu sineta junto ao rosto dos soldados do Exército, fez preces e jogou uma pomba branca, que acabou pousando sobre o ombro de um dos militares — mas foi logo espantada.

— A pomba é pra que cessem esses conflitos todos e a Bahia tenha um Carnaval de paz — resumiu Zé Carlos, antes de se despedir.

 
Foto: Humberto Trezzi / Agência RBS

Os PMs grevistas não perderam a oportunidade de brincar com seus oponentes de farda do Exército.

— Cês vão ficar tudo impotentes, o Pai Zé Carlos é poderoso — gritava um dos grevistas, acompanhado de gargalhadas dos demais.

Clima de insegurança na Bahia:

Tropas nas ruas, população amedrontada, cancelamento de até 20% dos pacotes de viagens na época mais produtiva do ano. Esse é o cenário com que os baianos se deparam nesse início de fevereiro, em decorrência da greve dos policiais militares, a maior da sua história.

Empresários calculam que o prejuízo, por baixo, é de R$ 250 milhões desde o início da greve. Isso devido ao fechamento dos shopping centers antes do anoitecer, nas lojas com cortina abaixada mesmo durante o dia e, sobretudo, com espetáculos que deixaram de ser realizados — e a Bahia vive de shows, nessa época do ano.

O cantor Gerônimo, um dos mais populares divulgadores de marchinhas carnavalescas em Salvador, veio a público pedir que os policiais suspendam a paralisação.

— O Carnaval é maior que as divergências. Sejam patriotas, vocês também têm família — conclamou, em entrevista coletiva na terça-feira.

O governador Jaques Wagner tenta seduzir os policiais para sua proposta. Ele oferece 6,5% de reajuste, retroativo a janeiro, além de prometer novos aumentos em 2013. Mas o presidente da Associação dos Policiais, Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco (que saiu da PM em outra greve, há uma década), já adianta, em entrevista concedida por telefone desde a Assembleia Legislativa (onde ele está trancado com outros 500 grevistas), que "os 6,5% é um aumento linear para todo servidor público, então o soldo (salário dos militares) fica abaixo do mínimo".

Na realidade, o grande impasse está em outro ponto: as ordens de prisão contra líderes grevistas que só entram em acordo com o governo se for revogada a prisão preventiva decretada contra 12 policiais — dois dos quais já foram presos. Prisco diz que isso é questão de honra e que, se o governo desejar, pode sugerir à Procuradoria de Justiça que peça a revogação das prisões.

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