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História

Cláudio Brito Henrique Matos, LIESA

Breves toques sobre o Carnaval


"Era Roma... era bela... seu império era força, era lei seu passado foi arte, foi guerra, Foi de Cezar e de outros que bem sei”.

Começava assim um samba de enredo do cordão carnavalesco "Pra que tristezas?", da Sociedade Gondoleiros, em 1972. Depois, os versos que Jamelão e Pingüim entoavam ainda mostravam pedaços da história do carnaval, concluindo mais ou menos assim:

”...Mas, esse povo audaz, não esqueceu jamais, que existia a hora de sonhar...
e se entregava ao prazer, de cantar, de beber, de brincar, até o amanhecer.
Isto era o Carnaval, que caminhou e cruzou muitos mares e terras,
Veio vindo, chegou bem modificado
E aqui no Brasil, implantou seu reinado...”


Seja romana a origem, seja verdadeira a versão que atribui aos egípcios, dez mil anos antes de Cristo, as primeiras festas que redundariam na criação do Carnaval, o que importa é lembrar que, em nosso país, tudo teria começado em 1723, trazido pelos portugueses da Ilha da Madeira, Cabo Verde e Açores sob a forma de correrias e brincadeiras chegadas até a alguma violência, que chamavam de entrudo. No século XIX, no Rio de Janeiro, um português, chamado José Nogueira, percorria as ruas centrais da cidade tocando um bumbo, gritando e cantando. As pessoas o seguiam no mesmo embalo e disso teria resultado a idéia que até hoje se materializa nos desfiles das entidades carnavalescas: o corso, a procissão, a evolução, a dança e o canto das sociedades, ranchos, cordões, blocos, tribos e finalmente as escolas de samba, figuras centrais de um modelo de carnaval-espetáculo que hoje domina o período carnavalesco. Ninguém contou muito bem, até hoje, como é que o português José Nogueira virou Zé Pereira, o gorducho tocador de bumbo que serve de ponto inicial de uma história do carnaval brasileiro.

Em Porto Alegre se tem notícia de movimentos carnavalescos há mais de um século. Houve um tempo de grandes bailes no Teatro São Pedro e, no século XIX, duas grandes sociedades carnavalescas: Os Venezianos e a Esmeralda. De vermelho e branco, os venezianos disputavam um bonito carnaval com a Sociedade Esmeralda, de verde e branco. Em 1909, a história do carnaval se confunde com a do futebol entre nós. Torcedores e participantes do grupo Os Venezianos estavam na fundação do Sport Club Internacional, o grande colorado de glórias, orgulho do Brasil. O que explica o vermelho de sua camisa e bandeira.

Brancos e negros, que não curtiam os mesmos salões, foram encontrar-se no carnaval de rua, na Cidade Baixa (Menino Deus, Azenha e vizinhança) e na Colônia Africana (Bairro Rio Branco). Entre esses dois pontos, o bairro Santana, outro que pode contar muita coisa de nosso carnaval.

Blocos, ranchos, cordões de sociedade e tribos carnavalescas foram as primeiras grandes atrações de nossos desfiles, até que surgisse, em 1960, a Academia de Samba Praiana, responsável pela reformulação até hoje dominante, segundo o modelo carioca de uma escola de samba, com tema-enredo, alas, comissão de frente, estandarte (uma exclusividade do Rio Grande do Sul nos dias atuais, em escolas de samba), mestre-sala e porta-bandeira, desfile cronometrado e regulamentado, com uma competição acirrada em torno de vários quesitos de julgamento. Antes disso, ainda nas primeiras décadas do século XX, tivemos muitas agremiações carnavalescas, já extintas. Das atuais, os Bambas da Orgia são os mais antigos, presentes aos desfiles desde 1940. Fidalgos e Aristocratas e Embaixadores do Ritmo são também mais que cinqüentenários.

Nosso desfile principal, que já foi denominado de Primeiro Grupo e hoje se chama Grupo Especial, rodou muito pela cidade até chegar ao Porto Seco, onde ainda não tem toda a estrutura, mas está carregado de esperança e vontade de lutar de todos os carnavalescos. Que 2006 acrescente um belo capítulo à história de nossas entidades carnavalescas, verdadeiras ilhas de resistência cultural. Não é fácil fazer carnaval, mas...fica para um outro episódio.

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