Textos: Carlos Wagner
carlos.wagner@zerohora.com.br

Fotos: Mauro Vieira
mauro.vieira@zerohora.com.br















Novos moradores chegam todos os dias ao Brasil de Bombachas em busca do sucesso alcançado pelos conterrâneos. Em um fim de tarde chuvoso de janeiro, vestindo uma pilcha, Élio Costa, 56 anos, caminhava pelas largas avenidas de Primavera do Leste (MT). Ele estava na cidade havia alguns dias, trabalhando de músico aos fins de semana e, no resto do tempo, de alambrador, fazendo cercas em fazendas. Na mala de garupa, carrega vários CDs de sua autoria, vendidos de mão em mão. Cantor de música gaúcha, Costa estava vivendo em Tupanciretã, na região de Cruz Alta, quando, no final do ano passado, teve a ideia de tentar a vida em Primavera do Leste.




Ele chegou com a firme determinação de realizar o sonho da sua vida: estabelecer-se e viver como músico. Tomou conhecimento da existência da cidade em conversas com caminhoneiros em Tupanciretã. – Soube que muitos gaúchos realizaram os seus sonhos aqui . Vim realizar o meu– conta. Costa faz parte de um contingente ignificativo de moradores do Rio Grande do Sul que estão buscando emprego em cidades, como Primavera. A administração da cidade está atenta à situação. – Dezenas de pessoas chegam aqui em busca de emprego. A maioria consegue, porque temos um parque industrial em expansão – comenta o médico Paulo Bersch, vice-prefeito da cidade. Como a maioria dos 52 mil habitantes de Primavera do Leste, Bersch é gaúcho de Três de Maio, no norte do Estado. Fala que a cidade se desenvolveu porque as agroindústrias, que industrializam a produção de proteína animal, e as fábricas, que fornecem insumos para os agricultores, estão se instalando. – Esse desenvolvimento tem um limite. E nós estamos atentos a isso, de maneira que ficamos muito vigilantes para não permitir o surgimento de loteamentos clandestinos – alerta.



Além do frango, há projetos grandiosos sendo colocados em prática na produção de leite e de suínos. A presença das agroindústrias está acelerando a urbanização da região. A soma de tudo isso significa a criação de mais empregos. – No momento, nossa maior necessidade é a falta de operários. Temos discutido várias opções para resolver o problema. Uma delas é fazer um programa arrojado de atração de trabalhadores nordestinos – revela. Outra possibilidade que vem sendo debatida é a de trazer trabalhadores dos países vizinhos, Bolívia e Peru. O surgimento de novos empreendimentos de diversificação em outras cidades da região deve agravar ainda mais o problema de falta de mão de obra, como em Sapezal, cidade onde grandes grupos empresariais de grãos – como Maggi, Bom Futuro e outros – e a implantação da suinocultura e da avicultura andam a passos largos, explica Antonio Vefago, empresário e líder comunitária na cidade. Essa é a realidade em 2011.