INÍCIO

Enquanto o alerta vermelho soa no Sudeste com as torneiras insistentemente secas, morar no Vale do Itajaí nos traz uma sensação diferente. A Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, a maior do Estado, está repleta de cursos d'água que desembocam em abundância no rio que dá nome à região. Perigosamente nos faz sentir em uma situação privilegiada.

Será então um futuro de torneiras generosas? Não é bem por aí. Basta olharmos para São Paulo. Os rios Pinheiros e Tietê poderiam amenizar a situação da falta de água. Mas estão tão comprometidos que será preciso investir bilhões para despoluí-los.

Há por aqui uma chance preciosa de agir a tempo e mudar as atitudes dedicadas aos rios da região, que já estão castigados por anos e anos de esgoto, construções invasivas e uma triste cultura que os confunde com lixões.

O Santa voltou a uma das nascentes de onde brotam as primeiras gotas dessa imensidão de água, no Alto Vale. O mesmo lugar que foi tema de reportagem em junho de 2000, feita pelo repórter-fotográfico Gilmar de Souza e o repórter Fiu Saldanha. Quinze anos depois, Gilmar retornou à mesma fonte, agora acompanhado do repórter Julimar Pivatto. As primeiras gotas seguem cristalinas, mas os cursos que formam os primeiros ribeirões já não estão mais tão definidos.

Percorrendo desde uma das nascentes, lá em Rio do Campo, até a foz, em Itajaí, listamos cinco ameaças principais que comprometem a saúde de toda a bacia e que se repetem ao longo da região: desmatamento, poluição, desperdício, assoreamento e a falta de cuidado de indústrias e agricultores.

Scroll

BLUMENAU

A BACIA HIDROGRÁFICA

RIO DO CAMPO

Os passos largos demonstram que Valdecir Tholl conhece bem o caminho até chegar ao local de onde afloram as primeiras gotas da bacia do Itajaí. Desde que nasceu, há 58 anos, ele mora na comunidade de Alto Rio Azul, em Rio do Campo.

Os cursos de água que cortam o terreno no Alto Vale dão sinais de um dos principais problemas que comprometem a qualidade dos rios da bacia do Itajaí: o desmatamento. Os ribeirões que se formam logo depois da nascente cortam uma pastagem em que a mata ciliar não existe mais. Como resultado, qualquer enxurrada muda o curso dos córregos e empurra muito barro para a água.

- De uns anos para cá diminuiu em pelo menos uns 30% a quantidade de água nas nascentes e nos arroios (pequenos cursos d'água). Mas eu não sei dizer o porquê - afirma o agricultor.

Até poucos anos atrás, o fumo era a principal cultura da região. Quem ficou trocou a atividade pelas plantações de eucalipto e pinus, principalmente. Apesar das novas plantações terem proporcionado novas árvores à região, a mata ciliar de espécies nativas foi esquecida e não há um plano para recuperá-la.

A retirada de mata nativa não é exclusiva da localidade de Alto Rio Azul, ela pode ser vista ao longo da bacia do Itajaí, nas áreas rurais e urbanas.

- Estamos vivendo a cultura do cimento. Ou seja, tudo onde vai cimento é aprovado rapidamente, afinal rende votos. Falta olhar mais para o futuro também na questão ambiental - critica o professor do curso de Engenharia Ambiental da Univali e doutor em Ciências Naturais, Paulo Roberto Schwingel.

Reflorestamento: o agricultor Luiz Pezenti recupera hoje a margem do ribeirão que passa pelo terreno onde mora
Depoimento: Osni Barbosa, agricultor
As consequências da retirada de mata nativa
Recuperação começa pelos agricultores em Atalanta

A maioria das pequenas cidades do Vale do Itajaí tem na agricultura sua principal fonte de renda. Por falta de informação, historicamente os produtores rurais retiraram mata das margens dos rios. Mas alguns municípios e produtores rurais já concluíram que, preservando, a produção melhora.

A prefeitura de Atalanta, no Alto Vale, lançou o Cadastro da Área Rural, para que cada produtor possa recuperar as margens dos rios e ribeirões dentro das propriedades. E em parceria com a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da

Vida (Apremavi) distribui mudas e orienta o plantio. Luiz Pezenti, de 56 anos, continua produzindo milho e soja e agora também recupera o que tirou da margem do ribeirão Matilde.

O agricultor aposentado Osni Barbosa, 63, começou a reflorestar há seis anos o terreno onde antes se dedicava ao plantio do fumo. Calcula ter plantado cerca de 2,5 mil mudas, que hoje já fazem sombra.

- Eu tirei muita bracatinga (árvore nativa) daqui para secar o fumo. Hoje estou tentando recuperar, mas ainda não plantei nem metade do que tirei.

MITO OU VERDADE?

De rio assoreado todo mundo entende um pouco. Será?

"O homem é o único responsável
pelo assoreamento."

"Mais perto da foz, mais sedimentos."

"O assoreamento é causado
apenas por sedimentos."

"Toda dragagem ajuda o rio."

"O assoreamento aumenta a proporção das enchentes."

Você já deve ter se perguntado por que a cor da água do rio Itajaí-Açu é mais escura que a dos ribeirões. Este efeito é causado principalmente pelo barro, que vem de todos os pontos da bacia. Especialmente de onde a mata ciliar não existe mais - quando não há esta vegetação protetora, a erosão das margens leva sedimentos para os cursos d'água. Como consequência, as Estações de Tratamento de Água (ETA) precisam gastar mais produtos químicos, como o cloro, para tornar a água potável.
Para entender a diferença entre tratar água límpida e água turva basta conversar com o Samae de Blumenau. A principal ETA retira água do rio nos fundos da Rua Bahia, no bairro Salto. Do outro lado da cidade, no Garcia, outra estação capta água do ribeirão que dá nome ao distrito. A diferença é vista a olho nu. Para tratar a água do Itajaí-Açu os custos são bem maiores, como explica o diretor de operações do órgão, Maurício Carvalho Laus:
- Nós gastamos pelo menos 10 vezes mais produtos químicos aqui (na Rua Bahia) do que no Garcia. Esse investimento se reflete na conta paga pelo usuário - enfatiza. Chuva não é sinônimo de água na rede A quantidade de barro e sedimento na água é medida através de um índice chamado NTU. O ideal para a água que chega na torneira é que ela tenha 5 NTUs. Segundo Laus, em uma semana sem chuva, a água captada chega do rio com 40 NTUs, em média. Mas quando chove, e a correnteza vem carregada do barro das margens, esse índice chega a até 2 mil NTUs. - Se o nível de turbidez for muito alto, a gente precisa diminuir a velocidade de tratamento e isso causa o desabastecimento, especialmente nos pontos finais de rede - explica o diretor.​

BLUMENAU

Excesso de sedimentos se reflete na foz

Na foz da bacia do Itajaí, onde o Complexo Portuário de Itajaí exige que o rio tenha profundidade para a entrada de navios, a retirada de sedimentos é feita diariamente. Infelizmente, não é só barro que as dragas encontram no fundo dos rios. Todo o tipo de lixo é encontrado ali. De restos de construção até carcaças de eletrodomésticos.

Ao longo do Itajaí-Açu, balsas dragam areia usada para a indústria. Segundo a gerente de desenvolvimento ambiental da Fatma em Blumenau, Rosemari Bona, essas embarcações precisam ter licença dos órgãos ambientais e do Departamento Nacional de Produção Mineral.

- Só é permitida a retirada de material no curso do rio, sem afetar as margens, que são áreas de preservação permanente, sob o risco de causar erosão - explica Rosemari.

Ou seja: dragagem malfeita, ao invés de ajudar, gera mais assoreamento.

Depoimento: Wigold Schaffer, conselheiro da Apremavi

A sensação de que a água do Vale é infinita representa um perigo silencioso. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) relativos aos municípios da bacia do Itajaí mostram que, na média, a região excede dois índices recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS): o consumo de água por habitante e o desperdício nas redes de abastecimento desde a captação - a maior parte desta perda é de água já tratada.

Cada morador do Vale consome cerca de 130 litros de água por dia, contra os 110 recomendados pela OMS. Ainda mais grave é o índice de desperdício no processo de abastecimento - enquanto a organização indica 15% como a perda aceitável, a região atinge a marca de 32,7%.

Tanto o superintendente regional da Casan (companhia que abastece 39 municípios da bacia, do Alto Vale ao litoral), César Cunha, quanto o diretor de operações do Samae de Blumenau, Maurício Carvalho Laus, consideram 30% um "valor normal". Mas a professora do curso de Engenharia Ambiental da Univali e especialista em tratamento de água Tânia Pedrelli rebate:

- Seria normal se não pudesse ser evitado. Hoje várias medidas podem reduzir esse desperdício, basta se adequar. No Japão, por exemplo, existe equipe que caça vazamentos. Isso, sim, pode ser considerado normal - comenta.

De acordo com o diretor do Samae de Blumenau, a cidade ainda conta com 5% de encanamentos antigos, que deixam a rede mais propensa a vazamentos. Parte destes 5% é de canos de ferro fundido ou aço galvanizado, das décadas de 1960 e 1970.

Depoimento: Wigold Schaffer, conselheiro da Apremavi

BLUMENAU

QUEM MAIS CONSOME

Consumo diário de litros por habitante

QUEM MAIS DESPERDIÇA NA REDE

Total de água tratada perdida durante a distribuição (em %)

ABASTECIDOS PELA BACIA

Confira os dados de consumo clicando sobre o nome dos municípios
População pode ajudar alertando vazamentos

Luis C. Kriewall, 20/2/2015, especial

O uso da água pelo consumidor final também preocupa os especialistas. Enquanto algumas cidades da região estão com índice de consumo abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (caso de Chapadão do Lageado, com 104,3 litros de água por dia por habitante), outras têm dados alarmantes. Na nossa bacia, as duas cidades com maior índice ficam no litoral: Penha e Itajaí. O aumento na população (e do consumo) durante o verão seria o principal fator.

Dos municípios atendidos pela Casan na região, Rio do Sul (onde fica a sede da regional), foi o que teve o maior índice: 166,3 litros por habitante por dia. O superintendente regional da companhia, César Cunha, admite que não conhecia a estatística e o motivo deste índice.

-  Acredito que pode ser mesmo o consumo exagerado - resumiu.

Cidades com mais indústrias não necessariamente apresentam médias de consumo mais elevadas - já que a maioria das grandes indústrias tem a própria estação de captação e tratamento de água.

Vazamento de água da rede na Rua Bruno 
Hildebrand, no bairro da Velha, em Blumenau

A poluição dos rios durante muito tempo foi associada aos efluentes industriais despejados nas águas sem o devido tratamento. Mas hoje é o esgoto doméstico que distancia a qualidade da água que corre pelos rios daquela encontrada na nascente.

- São muitos os exemplos de rios que ficaram tão poluídos que hoje não podem servir para o abastecimento - alerta a professora do curso de Engenharia Ambiental da Univali Tânia Pedrelli.

O Instituto Senai de Tecnologia Ambiental de Blumenau, em parceria com a Faema e a Odebrecht Ambiental, faz a medição do Índice de Qualidade da Água (IQA) no Itajaí-Açu em Blumenau. A pedido da Faema, 18 locais são avaliados mensalmente.

De acordo com a última medição, feita em janeiro, os dois pontos mais poluídos estão no ribeirão da Fortaleza. Em uma escala de cinco níveis (ótimo, bom, alerta, ruim e péssimo), eles estão no alerta.

Os índices do tratamento de esgoto em Santa Catarina

 aumentaram nos últimos anos, mas ainda estão muito abaixo da média nacional. Segundo levantamento do Instituto Trata Brasil, organização civil que divulga dados nacionais de saneamento, divulgado em 2014, apenas 19,58% do esgoto no Estado é tratado, o que nos coloca na incômoda 18ª posição entre as 27 unidades da federação.

Não há dados atualizados da situação de toda a bacia, mas a coordenadora do programa de pós-graduação em Engenharia Ambiental da Furb e integrante do Comitê da Bacia do Itajaí, Noemia Bohn, diz que não cresceu muito em relação ao estudo realizado em 2006, quando apenas 0,68% do esgoto era tratado.

Para a maioria dos pequenos municípios que ficam na bacia e não tratam absolutamente nada do esgoto, Noemia sugere união:

- O ideal seria as entidades se reunirem para tratar o esgoto no Alto Vale e depois vir seguindo até a foz. O tratamento feito em Blumenau, por exemplo, é muito bom para a cidade, mas melhor ainda para as que ficam no curso seguinte do rio.

BLUMENAU

Cidades começam a se adequar ao tratamento

No dia 22 de março, Dia Mundial da Água, Indaial vai inaugurar uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) com capacidade para atender 100 mil pessoas. A primeira etapa, prevista para começar em abril, vai atender entre 18 mil e 19 mil habitantes - 28,5% da população.

- O próximo passo agora é informar os moradores sobre a importância do serviço - prevê o secretário de Saneamento e Meio Ambiente, Janio de Aviz.

O trabalho de conscientização, aliás, é um dos mais complicados. Afinal, também é uma nova taxa que o contribuinte passa a pagar mensalmente. Além disso, a responsabilidade de ligar a rede doméstica ao sistema também é de cada morador. Resistências à parte, para o naturólogo e biólogo Lauro Bacca é impensável deixar o esgoto como está.

- Não dá para adiar mais. O esgoto precisa ser tratado sob o risco de se contaminar todas as fontes de água - comenta

Depoimento: Elvira Sacani mora perto dos ribeirão da Fortaleza, em Blumenau

qualidade DA ÁGUA em blumenau

O Instituto Senai de Tecnologia Ambiental de Blumenau, em parceria com a Faema e a Odebrecht Ambiental, faz a medição do Índice de Qualidade da Água (IQA) no Itajaí-Açu em Blumenau avaliando nove itens. A pedido da Faema, 18 locais são avaliados mensalmente. Os resultados são divididos em cinco níveis: ótimo, bom, alerta, ruim e péssimo.

"Ou se trata o esgoto, ou 
paramos de fazer cocô"


>> Leia a entrevista com o biólogo Lauro Bacca <<

*Mediações feitas em janeiro de 2015

Economia e meio ambiente costumam entrar em conflito quando o assunto é consumo. Para o naturólogo é biólogo Lauro Bacca, há meio termo nessa história. Ninguém pode parar de consumir roupas e alimentos, mas dá para colocar o pé no freio e procurar empresas e produtores que se adequaram às normas ambientais.

Um levantamento da Agência Nacional de Água (ANA) mostra que 72% do consumo no Brasil vem da irrigação de lavouras. Na região da bacia do Itajaí, segundo a Epagri, a produção de arroz é responsável por mais de 90% da água usada pela agricultura. Everton Blainski, engenheiro agrônomo do órgão e responsável pela orientação do uso de recursos hídricos, conta que cada hectare (10 mil metros quadrados) de uma arrozeira consome um litro de água por segundo.

Os produtores de arroz recebem orientações para o uso consciente da água. Entre elas o de fazer barreiras (chamadas de taipas) resistentes, para evitar que despejem de forma desordenada o barro e a lama para o rio. Mas se

água da arrozeira é sempre corrente, como evitar que os agrotóxicos usados na produção sejam levados para os cursos d'água?

- Os agricultores são orientados para que, antes de fazer da pulverização, interrompam a entrada de água e o façam com a lavoura seca, voltando a soltar a água depois de pronto. Só que não tem como saber se todos fazem isso.

Alguns dos ribeirões do Alto Vale já sofrem com a poluição das águas, causadas pelo ritmo da produção rural e industrial de anos atrás. Tanto que algumas cidades são abastecidas por poços artesianos. Caso de Atalanta e Rio do Campo, por exemplo.

- Há uma sensação errada de que os lençóis freáticos têm mais água que os rios e ribeirões. Mas os efeitos são bem piores, pode causar até a extinção das nascentes. O ideal é trabalhar para despoluir o rio, traz mais retorno - avalia Wigold Schaffer, conselheiro da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi).

GASPAR

Fontes:  Water Footprint Network, Onu e Unesco

Consumidor precisa exigir adequações ambientais

Blumenau sempre foi uma cidade de características industriais, principalmente têxtil, que usa muita água na produção. A professora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Furb, Noemia Bohn, diz que até o fim dos anos 1980, antes do aperto da lei ambiental, as empresas não se preocupavam com as consequências.

- Hoje a maioria cumpre as leis e usa a água de forma mais consciente. A cidade, aliás, foi uma das primeiras do Estado a começar a adotar essas medidas - lembra.

O presidente da Câmara Ambiental da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), José Lourival

Magri, reforça a postura:

- Os empresários não perguntam mais se é obrigatório ter um sistema de tratamento de água e efluentes. Eles querem é otimizar as ações para que os custos também diminuam..

A água também é uma preocupação econômica. A indústria é a terceira na cadeia de consumo no caso de uma crise hídrica: a lei prevê que o consumo humano e animal têm preferência.

Não existe um selo estadual para empresas que poupam água,  mas o ISO 14001 certifica as indústrias que têm programas de redução de impacto ambiental.

Depoimento: Noemia Bohn, integrante do Comitê da Bacia do Itajaí

Confira outros conteúdos exclusivos sobre a Bacia Hidrográfica do Itajaí

paisagem 360°

Faça um tour virtual no encontro dos rios Itajaí do Oeste e Itajaí do Sul, que formam o rio 
Itajaí-Açu, em Rio do Sul. Navegue pelos comandos de direção para conduzir a imagem

Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

Fotografia

Edição impressa

O caminho é poupar

Clique aqui e veja uma galeria 
de fotos inéditas da reportagem Folheie o 
caderno especial Veja dicas de economia 
que começam em casa

Vídeo

Assista a depoimentos de especialistas e moradores das margens de rios e ribeirões da bacia

REPORTAGEM   Julimar Pivatto

FOTOGRAFIA   Gilmar de Souza

EDIÇÃO   Mariana Furlan

DESIGN   Aline Fialho e Maiara Santos

DESENVOLVIMENTO   Maiara Santos

VÍDEO   Gilmar de Souza

EDIÇÃO DE VÍDEO   Rafael Alvarez

COLABORAÇÃO   Arivaldo Hermes e Patrick Rodrigues