evantar ao som do galo cantando e pegar no batente já logo cedo têm tudo a ver com as férias? Tem. Se depender de propriedades rurais em Santa Catarina que abrem as portas para receber pessoas com vontade e interesse em conhecer mais sobre agricultura e vida no campo, é uma experiência inesquecível, principalmente para quem quer fugir da

agitação urbana e conviver com a natureza por uns dias.

Além da já conhecida Acolhida na Colônia, em que famílias se hospedam em sítios para ver de perto a rotina rural, cresceu no último ano em Santa Catarina o número de propriedades que aderiram ao programa internacional World Wide Opportunities on Organic Farms (WWOOF, algo como Rede Mundial de Oportunidades em Fazendas Orgânicas, em inglês).

Trata-se de uma rede internacional de fazendas em que o foco não é necessariamente o turismo, mas hospedar pessoas dispostas a trabalhar a fim de conhecer mais sobre a produção de alimentos orgânicos e trocar experiências.

O Estado tem pelo menos nove propriedades, de sete cidades diferentes, credenciadas no programa mundial, que atua em mais de 100 países. Para participar, o interessado precisa fazer um cadastro no site da organização e pagar uma taxa anual (que varia em cada país – no Brasil o custo é de US$ 38). Depois, é só escolher o destino, entrar em contato com o produtor e pegar as malas. O Diário Catarinense partiu rumo a uma fazenda em Camboriú, em janeiro.

 

MOCHILA NAS COSTAS, VIVÊNCIA NA BAGAGEM

 

O impacto com a simplicidade da casa de madeira e chão batido logo é suavizado pela receptividade do caseiro Rodrigo Rafael de Andrade, 38 anos, e do casal de biólogos Patricia Steffen Arruda, 29 anos, e Roger Alessandro Farias Melo, 33 anos, donos do Sítio Ecológico Morro do Espinhal.

O local com um quarto para três pessoas, um banheiro, uma sala e uma cozinha vai parecendo mais confortável à medida que os moradores da fazenda de 28 hectares vão apresentando o que pode ser um novo lar pelos próximos 15 dias ou até meses.

Cadastrados no WWOOF há cerca de um ano e meio, os proprietários já estão acostumados a abrigar pessoas de diferentes países no pequeno casebre de dois andares, feito com a ajuda dos voluntários, onde residem os visitantes e o caseiro. O casal vive numa casa coberta por árvores que fica em uma área ao lado.

Para fazer parte do projeto, a WWOOF exige que a propriedade tenha manejo orgânico e que ofereça hospedagem e três refeições diárias aos voluntários.

No Morro do Espinhal há luz elétrica, chuveiro quente, uma bateria – sim, o instrumento musical – e wi-fi, mas nem sinal para televisão ou rádio. Todos têm smartphones.

A primeira refeição, ainda no fim de tarde do primeiro dia, é composta por frutas da própria plantação ou café com pão (comprados no mercado, aparentemente). Agora, é acomodar-se nos aposentos e esperar o primeiro dia de trabalho na propriedade.

Para uma boa (e higiênica) convivência é necessário levar roupa de cama (travesseiros, lençóis e cobertas), produtos de higiene íntima e repelente. À noite, há uma invasão de insetos e somente acendendo uma espécie de graveto que faz um cheiro suave de queimado, os bichinhos vão embora. Fora isto, o sono, que começa pelas 23h, foi tranquilo, embalado pelo ruído de sapos, rãs e grilos que faziam a festa do lado de fora durante a madrugada.

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