Josué Luís Ferreira. A descarga elétrica de 3 mil volts provocou queimaduras de segundo e terceiro graus e comprometeu a visão

fio de alta tensão puxou o corpo de Josué Luís Ferreira, 17 anos, para cima. Sem capacete, o rapaz que fazia instalação de cabos de internet em um poste sentiu quando os cabelos grudaram na fiação elétrica. Assustou-se ainda mais quando o corpo foi tomado por uma sensação de estar sendo cozido pelo calor. Por causa do choque de 3 mil volts, passaria cinco meses e 10 dias em hospitais, 17 dias em coma induzido, além de sessões de tratamento em Chapecó. Depois, foi transferido para Joinville, referência estadual em pacientes queimados.

Josué perdeu a perna direita, um dedo da mão direita, parte do couro cabeludo, pele do rosto e das costas. Passou por cinco cirurgias, inclusive uma de catarata em consequência da descarga elétrica. O rapaz que trabalhava para comprar roupas, calçados e pagar a internet, diz que aprendeu com as cicatrizes:

– A vida era bem divertida. Eu estudava de manhã e tinha dois serviços: como instalador à tarde e à noite como chapeiro. Jogava bola e treinava com um professor, até pensei em ser jogador de futebol. Hoje, vejo que dinheiro não é tudo.

Atualmente com 20 anos, Josué mora com a família em São Domingos, no Oeste do Estado. Na época do acidente de trabalho, estava na oitava série. Com o salário, comprava roupas, calçados e ajudava a mãe nas despesas da casa. Também fazia academia. Pensou em parar de estudar, mas com o incentivo dos pais e dos amigos concluiu o terceiro ano do ensino médio. Planeja fazer bacharelado em informática.

Josué fez fisioterapia para recuperar os movimentos. Três anos depois do acidente, conseguiu a prótese pelo SUS. Recebe auxílio-doença e fará nova perícia em maio.

Eu diria para os jovens que precisam trabalhar que é bom tomar cuidado. Tem que  usar equipamento de proteção. O mais importante é ter saúde.

josué luiz ferreira

20 anos