Daiane Machado Furlan. Um moedor de carne engoliu o antebraço direito da adolescente de 17 anos

máquina de moer carne de um frigorífico devorou o antebraço direito de Daiane Machado Furlan, 17 anos. O acidente de trabalho ocorreu às 10h de 15 de outubro do ano passado, em  Cunhataí, no Oeste de Santa Catarina. Na hora do acidente, cinco colegas de trabalho estavam próximos. Os gritos da adolescente foram ouvidos por eles, que a socorreram. Em seguida, ela foi encaminhada para o hospital de Chapecó, distante 70 quilômetros. Desde então, já são três cirurgias e a expectativa pela prótese. Ainda sem o ferimento totalmente sarado, Daiane sente dores que vão além do corpo físico:

– Minha dor maior é ter perdido a mão – diz, enquanto chora.

Daiane mora com a família do namorado. Queria trabalhar para ajudar a mãe, bastante pobre e com dois filhos pequenos. Buscou emprego em outra firma, mas como não havia mais vagas, acabou no frigorífico onde os pais do namorado também são empregados.

– A gente nunca pensa que vai acontecer com a gente – diz, seguida de um abraço do sogro João e da sogra Anelise Schmitt Bosing.

Na época do acidente, Daiane estudava à noite. Mesmo com as dificuldades, conseguiu concluir o terceiro ano do ensino médio. Com pouca oferta de emprego na cidade, ela pretende voltar a trabalhar. Porém, no escritório da empresa, o lugar mais seguro que lhe foi garantido pelos patrões.

O caso é acompanhado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest Regional de Chapecó), ligado à Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast), que se constitui como a principal estratégia para implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador através do Sistema Único de Saúde (SUS). Para apurar responsabilidades, técnicos e fiscais do Ministério do Trabalho estiveram no frigorífico. Inicialmente, não conseguiam saber como o acidente teria acontecido por causa da falta de espaço para decepar um órgão:

– Os fiscais fizeram vários testes, até conseguir a prova: com a máquina desligada, repetiram a cena com uma menina com as mesmas características físicas de Daiane. A mão da menina também era pequena e conseguiu entrar no moedor, diferente da mão dos adultos que vinha sendo testada – explica Rodrigo Momoli, coordenador do Cerest de Chapecó

Mudou tudo.
Eu não consigo fazer muitas coisas, como me vestir. Uso a outra mão, mas sinto falta dessa (a amputada)
para serviços de casa.

daiane machado furlan

17 anos