A MARCA PARA O MERCADO PARA O LEITOR
Galerias de fotos e vídeos Bandeiras 5 temas que ainda são manchete

O

exercício de resumir três décadas de reportagem em uma lista com apenas 30 acontecimentos é o mesmo exercício de registrar em um breve documento o curso de uma história. Nas páginas que se seguem, estão elencados em ordem cronológica os eventos e as imagens que, de alguma maneira, impactaram a vida dos catarinenses. A lista, porém, de forma alguma pretende dar conta da totalidade do que foram esses 30 anos de desenvolvimento, mudanças e, no caso do Diário Catarinense, de muito trabalho. Tentamos contemplar um pouco de cada assunto e de cada região, sem esquecer dos maiores acontecimentos nacionais e até mesmo internacionais que tiveram reflexo em Santa Catarina, das tragédias climáticas e dos acidentes rodoviários que ainda hoje nos assombram até as grandes festas, shows e conquistas do esporte. Esperamos que o leitor possa, neste especial, se identificar com este enorme desafio que foi transformar quase 11 mil edições em 30 momentos históricos.

30

MOMENTOS EM QUE A HISTÓRIA PASSOU PELO DC

MOMENTOS MARCANTES EM FOTOS

MOMENTOS MARCANTES EM VÍDEOS

Levantando bandeiras

E

m 30 anos, foram muitas as vezes em que o DC assumiu intensamente o papel de repercutir e ampliar os apelos da população catarinense, dando voz às causas sociais que, em diferentes épocas e contextos, ganham a atenção dos leitores. Um dos papéis do jornal, em seu lugar de protagonista da comunicação no Estado, é reverberar os anseios da sociedade e cobrar mudanças do poder público, priorizando as pautas que emanam da coletividade e que afetam um grande número de pessoas. De tempos em tempos, o jornal se lança na missão de detectar quais as causas percebidas como as mais urgentes pelos leitores e, partir daí, uma grande força-tarefa é montada para investigar o assunto, ouvir personagens e ajudar a deflagrar processos de mudança. Nas páginas a seguir, conheça alguns exemplos.

Interesse comunitário Ângela Bastos Nasceu no teclado de uma máquina de escrever a inspiração para que o primeiro jornal totalmente informatizado da América Latina empunhasse a maior de suas bandeiras. Hoje já se somam quase 22 anos desde que a auditora fiscal Margot Úrsula Krause Teixeira escreveu uma carta pedindo para que o Diário Catarinense abraçasse a causa da duplicação da BR-101. Era o ano de 1994. Na época, o trecho norte, entre Palhoça, na Grande Florianópolis, e Garuva, na divisa com o Paraná, tinha uma única pista. Estrada de escoamento da produção da região Sul e principal acesso a uma área de grande potencial turístico, a rodovia convivia diariamente com famílias dizimadas por acidentes de trânsito. Também trabalhadores mutilados pelas tragédias. Além de angustiada com o que via no noticiário, a gaúcha nascida em Marcelino Ramos e que havia morado em Joaçaba, no Oeste, pensava em um jeito de retribuir o carinho com que, em 1983, havia sido recebida em Florianópolis, onde veria crescer duas filhas e mais tarde nascer o casal de netos. Alimentava um desejo de gratidão e encontrou no DC o respaldo que precisava: – Eu senti que o jornal era de fato voltado aos interesses da comunidade. A sugestão da leitora foi recebida pelo então presidente do grupo no Estado, o empresário Pedro Sirotsky, que nas palavras dela não titubeou ao ouvir que não era possível Santa Catarina continuar convivendo com aquela triste realidade. Margot recorda de ter dito: Até quando vai persistir essa situação? Continuaremos sendo aqui a rodovia da morte? Temos que fazer alguma coisa para impedir, você concorda?

– Sim, vamos fazer –respondeu-lhe Pedro Sirotsky.

A partir de então, uma grande mobilização tomou conta de Santa Catarina. Como resultado, um milhão de assinaturas que sensibilizaram o Governo Federal. Em setembro de 1994, 500 mil assinaturas recolhidas foram entregues ao então presidente da República, Itamar Franco. No ano seguinte, outros 500 mil nomes chegaram ao presidente Fernando Henrique Cardoso.

– Sabe-se lá quantas vidas foram salvas– sugere Margot, hoje aposentada e moradora de Jurerê Internacional.

A leitora não foi apenas a autora da carta que deu origem ao abaixo-assinado. Apoiada e motivada pelas iniciativas do jornal, que desencadeou ampla cobertura editorial e deflagrou intensa campanha publicitária, teve um empenho pessoal ajudando a sensibilizar muita gente: políticos, empresários, comerciantes, moradores.

Marco Favero

– Lembro que escrevi uma carta para os síndicos de prédios coletarem assinaturas dos moradores. O Nestor, meu marido, visitou 117 condomínios no Centro de Florianópolis, para entregar as correspondências.

Margot trabalhava na Receita Federal e aproveitava o intervalo do almoço para conversar com diretorias de escolas, gerentes de órgãos públicos, comando da Polícia Militar, assessoria do arcebispado, gerências de shopping centers, representantes de entidades de classe, de clubes de serviço e prefeituras onde se realizariam festas públicas e grandes eventos.

O objetivo era aproveitar os espaços e pedir para que as pessoas aderissem à causa. Até para a maçonaria Margot pediu ajuda. Não existiam redes sociais, como Twiter e Facebook, e nem celular. O telefone ainda era discado, mas a campanha não parava. Edições inteiras do jornal tratavam do assunto, assim como uma intensa campanha: as pessoas vestiam camisetas e havia distribuição de brindes, como folders, leques e cartazes.

Além da boa receptividade nos diferentes segmentos da sociedade catarinense, Margot relembra de gratas surpresas:

– Uma vez fui levar familiares na rodoviária e lá estava uma moça pedindo assinaturas. Outra vez me deparei na entrada do shopping com uma banquinha e a moça me perguntou: a senhora já assinou o abaixo-assinado pela duplicação da BR-101?

Mas é a lembrança de um dia em que foi pegar um táxi que emociona Margot.

– Um dia eu chorei. Entrei em um táxi e tinha um adesivo: ‘Duplicar a BR-101, uma questão de vida’. Não se falava em morte, mas em vida. Eu olhei e todos os táxis perfilados tinham o mesmo adesivo. Até hoje me emociono com isso– diz com a voz embargada.

Margot esteve duas vezes em Brasília quando os abaixo-assinados foram entregues e também em cerimônias relacionadas à duplicação. Dia 5 deste mês, estará na Assembleia Legislativa de Santa Catarina recebendo uma homenagem pelos 30 anos do DC. Para ela, a semente foi lançada em terra fértil e por isso o êxito da campanha e o marco tão positivo.

Em 2005, durante o primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, começaram as obras de duplicação nos lotes catarinense e gaúcho. Hoje, a rodovia ainda não está totalmente duplicada, mas uma das obras mais emblemáticas foi finalizada em julho de 2015, a ponte Anita Garibaldi, de 2,3 quilômetros, estaiada, promessa cumprida pela presidente Dilma Rousseff. Assim como o túnel do Morro do Formigão, em Tubarão. Estima-se para que a conclusão final (em linha reta) ocorra falte cerca de seis quilômetros, referentes à transposição dos morros dos Cavalos (Palhoça) e Formigão (Tubarão).

Duplicação da BR-101 A primeira grande bandeira do DC começou a se estruturar praticamente junto com a sua fundação. Mas é a partir da década de 1990 que começa uma grande comoção por parte da população em torno dos inúmeros acidentes, culminando com o envio de um abaixo-assinado com mais de 1 milhão de assinaturas aos presidentes Itamar Franco, em 1994, e Fernando Henrique Cardoso, em 1995, eventos capitaneados pelo Grupo RBS. Desde então, são mais de 20 anos acompanhando de perto cada etapa da duplicação da BR-101.

ASSISTA À entrevista com Margot Teixeira

Outras campanhas do Grupo RBS em SC

1999

Sorria para a vida Em outubro de 1999, os veículos da RBS se lançam na campanha conjunta de combate à propagação do HIV, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde. Na época, Santa Catarina era o segundo estado brasileiro com em número de casos de Aids. Sem prazo determinado, a ação buscou destacar experiências positivas adotadas por alguns municípios, apontando possíveis caminhos para promover mudanças no quadro do HIV na saúde pública. A complexidade da causa, porém, impede que muitos efeitos sejam percebidos, passados mais de 15 anos desde o início da bandeira: dados de 2015 apontam que Santa Catarina hoje ocupa o terceiro lugar no ranking de estados em número de casos de HIV.

2009

Crack nem pensar Em 2009, o DC se volta para a droga que aparece como a mais devastadora no momento. Com índices alarmantes de uso e adição em Santa Catarina, o crack torna-se alvo de grande preocupação por parte da sociedade, alarmada pela propagação da droga chamada de “mal do século”. Na época, Florianópolis apresentava o índice mais alto de uso de crack entre estudantes dos ensinos fundamental e médio, entre as capitais brasileiras. Com o objetivo de atuar no engajamento familiar, trabalhar a educação entre os jovens e prevenir o primeiro uso, uma série de conteúdos passam a aparecer regularmente no jornal. As reportagens mostram desde flagrantes de uso até casos de pessoas que conseguiram largar a droga, como o caso do jovem de 28 anos que achou no surfe uma saída para o crack.

2013

Uma vida vale muito Lançada em 2013, a campanha foi publicada no DC em conjunto com os demais veículos então pertencentes ao Grupo RBS. A bandeira combinou reportagens e ações em redes sociais, sempre associando informações sobre situações de risco – tais como afogamentos, choques elétricos e outros tipos de tragédias individuais – com dicas de prevenção. O objetivo era conscientizar a população sobre a importância da prevenção de acidentes e a valorização da vida.

2015

1998

Use a cabeça, dirija pela vida Os acidentes de trânsito sempre receberam, e ainda recebem, grande destaque no DC. Isso porque, historicamente, Santa Catarina é um Estado com elevado número de mortes em rodovias. Ao longo do ano de 1998, o DC publica uma série de dez reportagens pela campanha “Use a cabeça, dirija pela vida”, criada para conscientizar a população sobre o novo código de trânsito brasileiro, que instituiu punições mais severas e multas mais altas para quem desrespeitar a lei. Com o objetivo de provocar o questionamento dos leitores, o material registra em fotos uma série de infrações praticadas por motoristas em cidades do Estado.

2003

O amor é a melhor herança. Cuide das crianças. A campanha que ficou conhecida pela presença dos mascotes “monstros” caiu nas graças do público com a música que falava sobre os maus tratos infantis, buscando conscientizar a população. Os personagens também visitavam escolas e centros de ensino, buscando chamar a atenção de crianças e adultos para a importância dos cuidados com os pequenos e do acompanhamento da família no crescimento.

2012

A educação precisa de respostas Ação conjunta de todos os veículos do Grupo RBS, ao qual o DC pertencia, que buscou mobilizar a comunidade em torno da qualidade da educação básica. A campanha destacou boas práticas e experiências positivas, envolvendo pais, professores e alunos na melhoria do ensino e também na busca por respostas para a situação da educação no país.
Segurança: essa causa é nossa Atual campanha do jornal, foi escolhida a partir de uma pesquisa feita junto ao público catarinense no ano passado, na qual a segurança apareceu como o tema mais importante para os leitores que responderam à enquete. A campanha combina reportagens, caderno especial, eventos presenciais e ações multimídia, com o objetivo de difundir o tema da segurança em diferentes frentes, abordando não apenas o combate ao crime mas também a educação preventiva.

5 temas que ainda são manchete

O

tempo é mesmo uma grandeza relativa: enquanto muitos lugares, pessoas, cenários e hábitos mudaram radicalmente ao longo desses 30 anos, outros dados e fatos parecem ter sofrido pouco ou nada com a passagem de três décadas.  Se por um lado não sofremos mais com a difteria que paralisava atividades no Estado em 1986, nem com a inflação astronômica que alterava o preço dos produtos quase que diariamente, por outro ainda padecemos dos problemas decorrentes das grandes quantidades de chuva que, volta e meia, atingem o Estado, causando estragos e até mesmo mortes.  Já a duplicação da BR-101 evoluiu bastante, mas ainda não saiu das páginas do jornal. Confira ao lado 5 temas que há 30 anos aparecem na capa do DC.