Quem conhece a baía da Babitonga se apaixona. Suas águas calmas, protegidas das ondas, com boa profundidade e temperatura média em torno de 20°C são convidativas a várias espécies que se alimentam, se reproduzem ou vivem na baía, algumas na lista de animais ameaçados de extinção.

 

As mesmas virtudes naturais que atraem a biodiversidade também conferem a ela uma vocação natural para o transporte marítimo. Muitos dependem da baía para sobreviver no Litoral Norte de Santa Catarina. Seis municípios ficam ao seu redor: São Francisco do Sul, Itapoá, Araquari, Joinville, Garuva e Barra do Sul.

 

Apesar do equilíbrio existente, a Babitonga é uma baía dividida. Há anos, o medo de que o desenvolvimento econômico ameace a biodiversidade provoca questionamentos antes de qualquer intervenção relevante sobre ela, como vem ocorrendo agora, quando grandes investimentos estão a caminho.

 

Um dos principais desafios está em saber qual é a capacidade de ocupação da baía, ou seja, até onde ela suportará novas atividades sem perder a identidade e a riqueza.

Quem teme pela ampliação da área destinada à atividade econômica argumenta que os portos de São Francisco do Sul e Itapoá e o terminal privado Tesc estão localizados na região mais externa da baía, próximos ao canal de acesso, e não na região central, onde ocorre a reprodução de espécies como camarão, peixe, siri e caranguejo. Pensamento compartilhado pela bióloga e professora Marta Cremer:

 

— Enquanto os portos estiverem próximos ao canal de acesso, o sistema consegue se manter.

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Área da baía da Babitonga (em km²)

Mistério no fundo das águas

 

Uma herança acumulada ao longo do século passado no fundo da Babitonga preocupa estudiosos: a presença de metais pesados nos sedimentos, reflexo do despejo, ano após ano, de poluentes das fábricas de municípios ao redor.

 

Não se sabe se a suspensão das partículas durante a realização de obras para aumentar a profundidade da baía poderia acarretar algum dano à saúde das espécies.

 

Já as dragagens de manutenção na atual área portuária não apresentam riscos, diz Marta Cremer, porque acontecem continuamente, não havendo sedimento acumulado por décadas, como ocorre na área interna do estuário.

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São os municípios do entorno da baía

Novas tecnologias

 

As obras mais preocupantes para os ambientalistas são as de dragagem para aumentar a profundidade da baía em determinados trechos e as de retirada de pedras (derrocagem). Pelo modo convencional, a derrocagem envolve o uso de explosivos.

 

Um dos empreendimentos que aguardam o licenciamento ambiental, o Terminal Graneleiro da Babitonga (TGB) promete utilizar a tecnologia mais moderna do mundo para retirada das pedras, uma solução que dispensa as explosões.

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É o número
de ilhas no interior da Babitonga

O prefeito de São Francisco do Sul, Luiz Zera, é categórico em relação à instalação de novos empreendimentos na Babitonga. Para ele, a baía suporta aquilo que já existe e o que o município já concordou, ou seja, o terminal portuário TGSC (com licença de instalação), além dos terminais TGB e Mar Azul e do estaleiro CMO, os três aguardando o sinal verde do órgão ambiental.

 

— E nada mais — diz ele.

 

A gerente de desenvolvimento ambiental em exercício da Fatma de Joinville, Jaidette Farias Klug, afirma não haver dados suficientes para apontar a capacidade de suporte da baía e pedirá como condicionante aos licenciamentos a formação de um conselho para chegar aos indicadores que poderão fornecer a resposta.

 

Confira, a seguir, a análise destes e de outros representantes da sociedade organizada que podem influenciar o futuro da Babitonga.

FATMA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PORTO
ITAPOÁ

PORTO
DE SFS

MEIO ACADÊMICO

PREFEITURA
DE SFS