O desafio era confeccionar uma peça de roupa para o verão de 2015 que remetesse ao tema identidade singular. Outra condição era basear a confecção em algum artista. Evelyn Scortegagna, 28 anos, estudante do terceiro semestre do curso técnico em produção e design de moda do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), de Jaraguá do Sul, resolveu privilegiar um artista plástico de Joinville.

Luiz Henrique Schwanke deixou mais de três mil obras, entre desenhos, esculturas, pinturas e instalações. A estudante doou as criações para o acervo do instituto que leva o nome do artista.

:: Leia mais notícias sobre cultura ::

Evelyn mostra orgulhosa as duas peças que confeccionou para a disciplina, junto com os cinco desenhos que originaram as peças e mais o painel de inspiração com as obras selecionadas de Schwanke. Ela criou uma saia e uma blusa.

A manga esquerda da blusa tem aplicação de tiras de tecido em azul, fazendo referência à pintura Sonetos, de Schwanke. Na manga direita, há quadradinhos de strass e pérolas que remetem ao Paralelepípedo de Luz, uma das instalações do artista.

O corpo da blusa é branco com listras pretas, dando a impressão dos livros de contabilidade usados por Schwanke para pintar Perfis. A estampa na blusa é a cópia de um rosto da obra Os Linguarudos. A saia foi confeccionada em sarja, com babados em três cores: vermelha, preta e branca. A modelagem foi pensada a partir das esculturas de baldes feitas pelo artista.

A estudante conta que conheceu o trabalho do artista plástico por meio do marido, o ator de teatro joinvilense Alex Maciel. Ele está produzindo uma peça teatral com base nas obras de Schwanke. Desde que começou o curso de moda no IFSC, Evelyn já tinha o interesse de trabalhar com as obras do artista, mas foi somente no semestre passado que surgiu a oportunidade.

— Quando a professora propôs o trabalho de confeccionar uma peça de roupa, eu não pensei duas vezes, queria criar com base nas obras de Schwanke.

A administradora do Instituto Luiz Henrique Schwanke (ILHS), Regina Schwanke, recebeu as peças com alegria. Segundo ela, é comum receber trabalhos inspirados na obra do irmão para o acervo do instituto, criados por alunos de todo o Brasil. Os estudantes geralmente são da área de artes plásticas ou de moda.