Haiti | 15/01/2010 19h03min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou hoje injusto o fato de o Haiti, um dos países mais pobres do mundo e que começava a se organizar após décadas de conflitos e instabilidade, ter sido atingido pelo forte terremoto de terça-feira.
— Fomos pegos de surpresa por um terremoto em um dos países mais pobres do mundo. Às vezes fico pensando se é justo que tenha se dado exatamente no Haiti, um Estado que não está organizado — afirmou Lula em discurso pronunciado durante uma cerimônia oficial.
O presidente interrompeu sua fala para pedir um minuto de silêncio pelas vítimas do tremor e uma salva de aplausos pela rápida e solidária mobilização de todo o mundo para ajudar o país caribenho.
— Eles nunca tiveram chance na vida — disse Lula, ao lembrar que o Haiti foi invadido por diferentes países e sofreu com golpes de Estado e problemas de corrupção.
Segundo o presidente, o terremoto castigou um país que ainda não tem um
Estado consolidado nem condições ou
infraestrutura para fazer frente à tragédia. Lula lembrou que, apesar de ter sido o primeiro Estado livre da América Latina e o primeiro Estado negro do continente, a história do Haiti é repleta de conflitos políticos, ditaduras, invasões, instabilidade e pobreza.
O presidente acrescentou que o terremoto aconteceu justamente no momento em que, com a ajuda da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), liderada militarmente pelo Brasil, o país começava a superar alguns de seus problemas.
— Agora que o Haiti começa ter mais facilidade de entrar numa situação de tranquilidade, acontece a desgraça que aconteceu — afirmou.
— Não sabemos nem quantos mortos há porque não há estrutura para retirar os escombros — disse Lula.
O presidente destacou que o Brasil, que tem 1.266 soldados no Haiti, mostrou sua solidariedade e, além do anúncio de uma ajuda de US$ 15 milhões, já enviou seis aviões ao país caribenho com toneladas de
alimentos e remédios, 50 bombeiros, dois
hospitais de campanha e outras equipes de resgate.
— Estamos fazendo o que é possível e até estamos enviando água potável, mas em um avião não cabe água para três milhões de pessoas — disse.
Ao final de seu discurso, Lula pediu um minuto de silêncio pelas vítimas do terremoto, incluindo 14 militares brasileiros da Minustah, que chamou como "heróis".
— É uma homenagem aos 14 soldados que estavam lá em nome do Brasil e morreram. Além disso, há quatro militares desaparecidos, possivelmente mortos — disse Lula, que também lembrou o segundo civil na hierarquia da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa, "que está desaparecido e possivelmente morto".
O presidente também mencionou o falecimento da missionária Zilda Arns, fundadora e coordenadora do Pastoral da Criança, que considerou como uma "mulher exemplar".
Cenário é de guerra no país caribenho
Milhares de
feridos e desabrigados seguem vagando sem destino no Haiti, após um tremor de 7,3 graus na
escala Richter que, na terça-feira, matou dezenas de milhares de pessoas e atingiu pelo menos 3,5 milhões. A morte de dois militares gaúchos que, em meio à miséria do Haiti, serviam às forças de paz da ONU, foi confirmada pelo Exército. Outros 13 brasileiros também morreram no terremoto — entre eles a missionária
Zilda Arns, 75 anos.
OS DEPOIMENTOS
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