Haiti | 15/01/2010 09h28min
Bastaram 34 segundos para o Haiti voltar mais de uma década no tempo, econômica e politicamente. Para uns, entre 10 e 15 anos. Para outros, bem mais do que isso. O fato é que a sensação de retrocesso se tornou unanimidade entre analistas ouvidos por Zero Hora.
– São mais que 15 anos de retrocesso, porque o país vinha em uma estabilidade política e econômica. Havia investimentos de outros países, que agora podem não querer mais investir no Haiti. Empresários americanos vinham construindo no Haiti. Agora, fica essa sensação de insegurança – comentou Odalis Mejía, colunista do jornal Hoy, de Santo Domingo.
A República Dominicana, país do qual Santo Domingo é a capital, faz a única fronteira existente com o Haiti e costuma ser chamada de “primo rico” na relação com o vizinho, apesar de ser, também, uma nação carente, na comparação com outras latino-americanas. Uma breve comparação entre duas nações miseráveis: a República Dominicana está em 90º lugar no Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH); o
Haiti, em 149º. A República Dominicana tem 29,6 crianças mortas por mil nascidas; o Haiti, 48,8.
Gaúcho chefe da OEA vê atraso
Odalis diz que o Haiti vivia um dos seus melhores momentos, pois fazia anos que não enfrentava crises políticas, e o apoio de outros países lhe garantia certa estabilidade. Agora, segundo ela, se o país já era dependente, ficou muito mais.
E, para a própria República Dominicana, haverá respingos da tragédia?
– Há uma fronteira de 300 quilômetros, de difícil controle migratório. São 1 milhão de imigrantes legais e ilegais – descreve ela. E acrescenta:
– Um milhão antes da tragédia.
A jornalista faz um apelo, por ajuda internacional, especialmente dos EUA e da União Europeia. E o Brasil?
– O principal é a ajuda dos Estados Unidos e da Comunidade Europeia. Quem tem mais, pode mais. Mas qualquer ajuda vale.
Outro
jornalista dominicano, Osvaldo Sánchez, do jornal El Nuevo Diario, pondera que a situação econômica do seu país é
mais confortável que a do Haiti e que os dominicanos são acusados “injustamente” de tratar mal os imigrantes haitianos.
– O atraso para o Haiti, agora, será de entre 15 e 20 anos.
Sánchez faz, porém, uma leitura diferente dos investimentos. Diz que eles continuarão a chegar, mas com outro foco: aportará no país caribenho para a recuperação do tempo perdido.
Em meio a tanta tragédia, o gaúcho Ricardo Seitenfus, chefe do escritório da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Porto Príncipe, cancelou suas férias no Brasil e retornou ontem a Porto Príncipe, a capital haitiana. No Brasil, ele não tinha informações sobre amigos e sobre cerca de cem funcionários que trabalham para o organismo internacional do qual é o responsável.
Enquanto viajava, deixando família e amigos sobressaltados, apelou, por e-mail, pela ajuda internacional. E estimou, devido à tragédia, um “retrocesso enorme”, um atraso de entre 10 e 15
anos.
– Do ponto de vista da estabilização, o terremoto faz o
Haiti voltar 10 ou 15 anos ao passado.
Confira trechos da entrevista com Odalis Mejia, colunista do jornal Hoy, de Santo Domingo: Confira trechos da entrevista com Osvaldo Sánchez, do jornal El Nuevo Diario, de Santo Domingo: OS DEPOIMENTOS
Cenário é de guerra no país caribenho
É um resumo da desgraça provocada por um
tremor de 7,3 graus na escala Richter que, nesta terça-feira, matou dezenas de milhares de pessoas e atingiu pelo menos 3,5 milhões. A morte de dois militares gaúchos que, em meio à miséria do Haiti, serviam às forças de paz da ONU, foi confirmada pelo Exército. Outros 12 brasileiros também morreram no tremor de 7,3 graus na escala Richter — entre eles a missionária Zilda Arns, 73 anos.
>> Mulher de militar gaúcho relata desespero do marido durante o terremoto
>> Missionária de Santa Maria conta o horror e o trabalho com Zilda Arns
>> "O prejuízo é inestimável", diz adida
cultural da embaixada do Haiti
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Internautas postam vídeos direto do Haiti:
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