| 16/10/2007 07h13min
Uma quase sacralização do futebol de resultado foi dada pelo repórter paulista na coletiva de Dunga, uma hora depois do empate com a Colômbia, no corredor, luz baixa, muita gente, microfones e câmeras. Perguntou o jovem o que se poderia esperar da Seleção. O empate sem gols, a atuação modesta da Seleção, as condições adversas da altitude e do cansaço da viagem, além do esforço do adversário e de seus acertos contava pouco. A inquietação do repórter não se aplacou com a resposta sumária de Dunga, lembrando essas circunstâncias. Poderia ter lembrado a goleada sobre a Argentina que, por contrariar muita opinião prévia, acabou servindo como consagração da Copa América. 
O futebol não é tão simples nem parece uma tragédia a cada resultado insatisfatório. Foi insatisfatório o empate no El Campín, mas quase todas as considerações mais técnicas e menos afogadas pela paixão jornalística indicam o jogo atípico: foi estréia, e toda estréia merece consideração especial, mesmo as regulares e 
afirmativas, foi a 
altitude (já se disse que é um crime jogar futebol acima de 2 mil metros), foi o adversário muito entusiasmado e climatizado, e foram os padecimentos físicos que em cada um é diferente e, nos mais hábeis, tira o brilho pessoal. 
Leitor e avalista dessas situações, Paulo Paixão apressou-se a assegurar que amanhã, ao nível do mar, no Maracanã lotado de cariocas e turistas emocionados, contra o Equador, o time será outro. Ou seja, o que se conhece. 
Zagueiro 
Com a metade da pena cumprida, Marcão poderá ter transformada a outra metade em outro tipo de castigo, que não lhe impedirá de voltar à zaga do Inter. Parece ser uma preferência de Abel Braga e não lhe tiro a razão: Marcão é daqueles que joga e faz jogar, como era Fabiano Eller. O futebol cada vez mais depende desse tipo de jogador porque só assim cresce sobre a obviedade da escalação e movimenta os pesos do time, que é o que mais importa. Estava ouvindo, a propósito, o 
elogio que fazem os críticos e torcedores 
europeus, notadamente do Bayern, de Munique, e da Roma, às corajosas "saídas" da zaga com bola dominada que patrocinam a cada instante Lúcio e Juan. Não é um jogador a mais, mas é um time mais numeroso em ofertas. 
Marcão pode ser naturalmente esse zagueiro. 
Sobrevida 
Outro dia escrevi sobre a imobilização do goleiro pela cobrança de falta. Não critiquei, pelo contrário, admiti que essa falta de resposta física corresponde a uma anulação do pensamento, um "branco" que afeta a resposta física e expõe uma prostração maior do que qualquer derrota pessoal. 
Riquelme, um mestre da bola parada, submeteu o goleiro Bravo, duas vezes, quase da mesma forma, distância e precisão, a essa derrota pessoal incorrigível. A primeira falta foi à direita da grande área, a segunda mais para o meio. Ambos passaram pela barreira e baixaram no canto esquerdo superior da goleira, a que se chama de ângulo. É o ponto mais 
distante da goleira e tem uma malícia invejável: nunca parece 
capaz de cumprir sua trajetória 
Riquelme tem uma sobrevida maravilhosa. Sem clube, sem pretendentes, só o chute e a convocação de Basile. 
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