Em lugar de responder às perguntas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para este fim de semana e adiado na quinta-feira, 4 milhões de estudantes brasileiros encontram-se diante de uma questão espinhosa: e agora, o que fazer? Ainda perplexos com a fraude que motivou a anulação do exame, alunos, pais e escolas precisam superar a frustração e refazer os planos.

Confira ao lado as provas do Enem e o gabarito do exame

Não é uma tarefa fácil. Os candidatos viram as noites insones de estudo se transformarem em um sacrifício de utilidade duvidosa e foram colocados diante de obstáculos novos, como a provável coincidência da nova data do Enem com provas escolares e concursos vestibulares.

A fraude foi revelada na madrugada de quinta-feira, quando o Ministério da Educação anunciou o cancelamento do exame. O vazamento foi denunciado pelo jornal O Estado de S.Paulo. Segundo reportagem, o jornal foi procurado por dois homens que apresentaram a prova impressa e pediram R$ 500 mil por ela.

Processo de distribuição envolve 400 mil pessoas

A primeira hipótese é de que o vazamento tenha ocorrido entre a impressão, na gráfica Plural, em São Paulo, e a distribuição por todo o país. Os primeiros elementos de prova podem estar nas fitas de vídeo que monitoram 24 horas tanto a gráfica paulistana quanto a sala de segurança do Inep, em Brasília, onde está guardado o material digitalizado com os exames do Enem.

Ao todo, existem 40 funcionários da Diretoria de Logística do Enem, vinculados ao Inep, que em tese tiveram algum tipo de contato com a confecção das provas. Eles serão ouvidos nos próximos dias. Na gráfica Plural, pelo menos 20 funcionários tiveram algum tipo de contato direto com o material e também devem ser intimados a depor. O problema maior está na ponta de distribuição, porque são milhares de motoristas e operários que participam do processo, o que inclui embalagem do material, carregamento nos caminhões de entrega e distribuição. Seriam cerca de 400 mil pessoas envolvidas.