Tecnologia | 27/11/2007 15h27min
Há mais de um mês, lojas de informática de Porto Alegre têm anunciado o iPhone em classificados de informática, enquanto que as duas revendas autorizadas da Apple no Rio Grande do Sul nem imaginam quando terão o aparelho.
– O iPhone não tem nem preço ainda para a revenda. O pessoal da distribuidora da Apple ainda não informou como vai funcionar – disse Tasmay Inácio, vendedora da Compumac.
Tal demora pode ser causada pelo modelo de comercialização do produto. Quem compra o iPhone leva um aparelho, um sistema operacional e um contrato com uma operadora – escolhida pela própria Apple.
– Ainda não está disponível para venda porque não foi feito um acordo – explica Eduardo Kawamura, do suporte e atendimento ao cliente da empresa (a assessora de imprensa da marca no Brasil não retornou).
Os entraves da Apple, no entanto, não têm segurado os consumidores. E isso desde o nascimento do aparelho. Em 29 junho, dia em que os fãs da maçã faziam filas nas lojas de Nova York, o site Mercado Livre já anunciava o produto por R$ 3.200 – o preço nos EUA era de US$ 499 (R$ 960,77, pela cotação da data).
E a operadora no Brasil? Não parece ter sido um problema no início. O anúncio no Mercado Livre relatava: “algumas pessoas disseram que o iPhone pode funcionar no Brasil com chip da Tim e da Claro”.
Quem busca o aparelho no site hoje encontra a palavra "desbloqueado" em cada título anunciado e percebe uma dramática queda no preço: média de R$ 1.700, sem considerar o frete.
Em Porto Alegre os anúncios de classificados vendem o iPhone na faixa dos R$ 1.700 a R$ 1.900, também “desbloqueado para qualquer operadora”. Segundo um técnico que desbloqueia o aparelho, o barateamento se dá não só pela queda do preço em dólar, mas também pela popularização do destravamento.
– Tem tido bastante procura. Estamos anunciando o iPhone faz um mês – explica um vendedor de uma das lojas. Seriam 10 aparelhos, em média, por semana, demanda suficiente para um estoque, de olho na pronta-entrega.
Travar, o jeito Apple de retaliar hackers e clientes
Em algumas lojas que publicaram o anúncio em novembro se oferece garantia de um ano, inclusive contra os travamentos. Aliás, travar os iPhones hackeados é a única retaliação que a empresa tem conseguido sobre a indústria do desbloqueio, considerada ilegal pela companhia.
– O método de desbloqueio não é legal pela Apple, tanto que a cada atualização pelo site iTunes o aparelho é travado – diz Kawamura, que complementa:
– As autalizações são pensadas para atingir globalmente o iPhone.
Queixas de clientes com o iPhone empacado brotam de tempos em tempos em sites como o Twitter. Segundo Kawamura, o aparelho que passou pelas mãos de um hacker perde totalmente a garantia da Apple. Houve casos nos EUA em que clientes tiveram que esperar os hackers resolverem o problema, enquanto os revendedores ficavam de braços cruzados.
Nas lojas que não ostentam o logo oficial da marca em Porto Alegre, futuras travadas poderão ser resolvidas no mesmo estilo. Conforme um vendedor, caso o aparelho trave:
– Nós encaminhamos para um técnico que ajude a resolver o problema.
Um técnico contatado pela reportagem disse que os desbloqueios custam entre R$ 200 e R$ 250, para aparelhos ainda não alterados, e R$ 300, para os “mexidos”, que já passaram pelas mãos de alguém.
E pra quem não entende muito de informática e está com um iPhone travado nas mãos, o conselho é não se meter mesmo, apesar de todos vídeos no YouTube e dicas de destravamento por aí afora.
– O iPhone tem um sistema operacional. Se a pessoa não entende de base Unix, Linux, de informática, não consegue fazer isso – conta o técnico.
A briga entre hackers/usuários e Apple/operadoras não chegou às cortes do Brasil, e o discurso de quem abre o sistema operacional é quase de um justiceiro.
– A Apple não pode impedir ninguém de usar o telefone e muito menos bloquear. Eles estão sofrendo um processo tremendo nos EUA porque eles não podem obrigar o cliente a usar a AT&T – disse o técnico contatado.
E ele está certo. A venda casada é considerada prática abusiva pelo Código do Consumidor no Brasil (Art. 39, inciso I).
Na Alemanha, onde o iPhone chegou recentemente, a Apple está obrigada judicialmente a vendê-lo sem o bloqueio, o que está sendo feito, com um preço bastante superior ao do vendido pela T-mobile, revenda oficial.
A mesma decisão já foi adotada na França, e é por isso que o Brasil poderá ter a venda desbloqueada, quando tiver.
A expectativa do presidente da Claro no Brasil, João Cox, é de que o mercado brasileiro só deve ter o iPhone oficialmente no final de 2008, conforme entrevista publicada esta semana no Jornal de Negócios, de Portugal.
Mas, como se sabe, não é preciso esperar até então para ter um.
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