| 01/12/2008 20h53min
Mentor da Operação Satiagraha, o delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz disse nesta segunda-feira que o novo relatório e o pedido de prisão preventiva do banqueiro Daniel Dantas feito pelo delegado Ricardo Saadi, que coordena as investigações atualmente, corroboram e ratificam seu trabalho. 
Protógenes elogiou Saadi e afirmou que o posicionamento do delegado não surpreende, uma vez que o segundo relatório da Satiagraha, na sua análise, é uma "reprodução" dos dados coletados anteriormente. 
— Eu entendo que o trabalho feito por essa equipe que me sucedeu é de uma equipe valorosa e com capacidade técnica acima da média dos policiais federais. O doutor Saadi é um jovem delegado da Polícia Federal que tem dado uma satisfação muito grande à sociedade, que honra o nome da PF, e não foi surpresa que ele se posicionasse dessa forma, até porque todo o posicionamento dele originariamente vem da minha coleta de dados na fase anterior. Então, é a reprodução do que já 
foi coletado 
anteriormente. Basta os senhores verem o segundo relatório para confirmar — disse. 
— A maior resposta é o próprio segundo relatório, que espelha o meu relatório. Não só corrobora, como ratifica toda a coleta de dados feita anteriormente, inclusive até colocando ali o tráfico de influência de alguns expoentes dentro do próprio cenário da República — afirmou Protógenes, antes de participar de palestra sobre corrupção na Assembléia Legislativa de São Paulo. 
O delegado voltou a chamar o sócio fundador do grupo Opportunity, Daniel Dantas, de "bandido". Protógenes atribui sua saída da investigação à atuação de uma "força" em vários setores do país: 
— Não dá para identificar essa força, mas o poder está identificado. Há vários colaboradores do bandido Daniel Dantas. Há uma tentativa de produzir provas para o bandido Daniel Dantas por meio de investigações. E isso, durante todo o processo, está sendo revelado. 
Partidarização 
Protógenes refutou as acusações de 
que tenha uma postura partidarizada, conforme disse o superintendente da PF, Luiz Fernando Correa. Apesar de ter participado de vários atos promovidos pelo PSOL nas últimas semanas, ele insistiu que os eventos contam com a presença de políticos de outros partidos. 
Recentemente, o delegado recebeu manifestações de apoio dos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Romeu Tuma (PTB-SP), Pedro Simon (PMDB-RS) e Wellington Salgado (PMDB-MG). 
— Não tenho compromisso político partidário com nenhum deles — disse Protógenes. 
O delegado também afastou a possibilidade de seguir carreira política: 
— Entrar na política seria a última coisa que eu pensaria. 
Protógenes afirmou que as manifestações de políticos em seu apoio traduzem um sentimento de indignação da sociedade contra a corrupção, "em um nível nacional incontido": 
— Este servidor não vai se furtar ou obstar a presença de nenhum político. 
O delegado disse ainda não se ver como símbolo do combate à corrupção no 
país. 
— Eu não me considero símbolo, mas um profissional e um servidor público que exerce suas atribuições e que honra o dinheiro do contribuinte. Quem me paga é o povo brasileiro. Sou funcionário do Departamento de Polícia Federal, mas o dinheiro vem do contribuinte — afirmou. 
Afastamento
Protógenes contou não ter se surpreendido ao receber a notícia de seu afastamento das investigações da Operação Satiagraha e do Departamento de Inteligência da PF: 
— O que foi surpresa foi a exposição da minha família. 
Segundo ele, essa foi uma das formas de constrangimento e intimidação mais baixas que já viu. — Por vontade familiar, até não voltaria — disse ele, quando questionado sobre seu futuro na PF. De Sanctis 
O delegado elogiou também o juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto Martin de Sanctis, responsável pelo julgamento de Dantas pelo crime de corrupção 
ativa: 
— O doutor Fausto é um juiz que tem demonstrado ao longo dos anos 
ser 'o juiz'. É a melhor frase que eu tenho para dar e conceituar o doutor Fausto. Acredito em sua capacidade técnica. E ele tem uma forte nível de isenção. Acredito que ele vai saber apreciar o que eu coletei, o que o Ministério Público Federal denunciou e o que foi instrumentalizado durante a ação penal. Ele saberá dar uma decisão de muita imparcialidade e isenção. 
							
							
								Protógenes: "A maior resposta é o próprio segundo relatório, que espelha o meu relatório" 
								
									Foto: 
									Ronaldo Bernardi
									
									
								
							
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