Se os trabalhos estão a mil pelos barracões das escolas de samba, no Porto Seco, nos ateliês de costura não tem sido diferente, já que fantasia é quesito que conta pontos tanto quanto alegorias, bateria, samba-enredo e evolução.

Depois de desfilar com fantasias confeccionadas no Rio de Janeiro, a Império da Zona Norte decidiu apostar na mão de obra local e colocou dois ateliês de costura, para produzir a roupa que vai vestir cerca de 1,5 mil componentes, distribuídos em 20 alas. A expectativa da escola é concluir todas as fantasias até o final deste mês, já que as atividades foram iniciadas em setembro e contam com o trabalho de 80 profissionais remunerados. Uma novidade é a intenção da escola de fantasiar também os empurradores de carros, de acordo com a temática das alegorias, como é feito no Rio.

- Estamos valorizando a mão de obra local e a execução é toda daqui. O Carnaval cria funções que antes não existiam, como o pintor de arte, o escultor, o empastelador, o fibreiro. Mas os materiais ainda são escassos aqui - observa o carnavalesco carioca Alexandre França.

Máquinas em vez de tesouras

No comando da equipe de costura está a experiente Sônia Maria dos Santos Lopes, a Soninha, 52 anos. Ela controla a qualidade da costura e Alexandre, a inspeção dos adereços. Com 12 anos de trabalho, Soninha viu a evolução da produção. Se antes o corte dos tecidos era feito com tesoura, hoje se usa uma máquina para agilizar. Os tecidos passaram a ser mais resistentes e as fantasias, mais ricas em detalhes.

Até aquela ideia de varar noites, costurando até às vésperas do desfile, ficou no passado.

- É tão bom quando a gente olha para a escola e vê o trabalho da gente - comenta Daniela Silva da Silva, 23 anos, que trabalha há quatro anos decorando alegorias e fantasias.

"Não se pode errar"

Sobre a responsabilidade de vestir os leões da Zona Norte, Soninha define:

- Vale a pena, a gente fica orgulhosa. A gente tem que fazer bonito, não se pode errar.