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Carnaval 2011  | 25/02/2011 23h42min

As estrelas da folia, uma semana antes do espetáculo

Para quem ama o Carnaval, a festa já começou a ser vivida há muito tempo e cada minuto que precede o desfile é precioso

Roberta Schuler  |  roberta.schuler@diariogaucho.com.br

Seja finalizando fantasias e alegorias, afinando instrumentos, ou ensaiando alas, o clima é de expectativa e torcida para que tudo brilhe muito no Sambódromo do Porto Seco este ano.

O Diário Gaúcho conversou com pessoas que conhecem bem a ansiedade nos momentos que antecedem a folia. Eles falam sobre o frio na barriga, a preparação, relembram suas histórias e ajudam a manter viva a paixão pela festa popular mais famosa do país.

- Atravessa gerações

– Tá no sangue!

Assim, o aposentado Miguel Teixeira dos Santos, 83 anos, explica a paixão que tem pela Bambas da Orgia e pelo Carnaval. Logo no primeiro ano de vida, o neto Janderson Leonardo Mello Gaspar, hoje com 12 anos, já foi contaminado pelo mesmo sentimento pela azul-e-branco.

– Ele já tinha desfilado na barriga da mãe dele (Márcia Teixeira, 33 anos, que foi porta-estandarte) – recorda o avô.

Desfilando há mais de 60 anos, há quatro Miguel realizou um sonho: ver Janderson na bateria do Mestre Estevão.

Mas o garoto precisa fazer bonito no colégio para aproveitar o Carnaval. Se atravessar o samba nos estudos, o avô corta os embalos.

– Ele tem que se esforçar nos dois – ensina o avô.

Na casa de Miguel, Janderson coloca o CD do samba-enredo e ensaia as paradinhas. Já o avô promete aguentar até o fim do desfile ao lado da esposa Ondina dos Santos, 68 anos.

- Muitos cuidados com a voz

– Alô, Acadêmicos! Tem que deixar fluir!

É assim que Luciara Batista Bento, 39 anos, convoca a azul-vermelho-e-branco de Canoas a fazer bonito este ano no Grupo A. Às vésperas do desfile, ela que é intérprete do samba e vice-presidente da Acadêmicos de Niterói, até tenta ficar calada e preservar a voz. Mas não consegue. Sua casa, sempre cheia, é uma extensão do barracão e o tempo é de muito trabalho até que tudo fique pronto para o desfile no dia 6 de março.

– Minha preparação é não beber nada gelado. Água só em temperatura ambiente. Desde o Natal não tomo cerveja – conta a intérprete que inclui aplicações de própolis na lista dos cuidados.

Única voz feminina entre os puxadores neste Carnaval, Luciara deixou de ser parte do grupo de apoio para assumir o microfone principal da escola em 2003.

Envolvida em todas as áreas, desde a limpeza da quadra, passando pela coordenação de ala, até a finalização de fantasias, a intérprete é parte da identidade da escola.

– Da linha (de partida do desfile) para adiante, sou a intérprete. Me preocupo em apresentar um bom Carnaval. Isso é uma coisa que tu te apaixona e não larga mais.

- Filme na preparação

Os 15 estandartes de ouro – o Oscar do Carnaval de Porto Alegre – enfileirados na estante da casa de Tânia Aparecida Amaral, 43 anos, no Jardim Leopoldina, são o pagamento que a coreógrafa recebeu ao longo de 20 anos dedicados ao Carnaval. Responsável pela ala Balanço da Ginga, a pioneira no estilo coreografado, Tânia já teve oportunidade de mostrar seu trabalho em quase todas as escolas e tribos. Mesmo assim, ela diz ainda sentir frio na barriga antes de entrar na avenida:

– Sou do tipo que acha que tem que ter perfeição na dança. Até na muamba fico nervosa – conta.

Tânia lembra que a ala nasceu a partir de um trabalho com crianças no Campo da Tuca.

De lá para cá, os estandartes de ouro – comissão de frente, ala de passo marcado e porta-estandarte – foram se acumulando e, com eles, a vontade de seguir surpreendendo. Desde 2005 na Império da Zona Norte, este ano a Balanço da Ginga virá antes do carro abre-alas. Para compor a coreografia dos nobres do século 15, Tânia fez pesquisa, assistiu ao filme Maria Antonieta.

- Uma baiana incansável

Os armários abarrotados de fantasias guardam boa parte da história de Lourdes Jochims Bitencourt, 78 anos, do Bairro Partenon, no Carnaval de Porto Alegre.

Nem oito parafusos mais duas platinas no tornozelo, e um problema de visão afastam a baiana do samba. Este ano, ela sairá na Bambas da Orgia e na Praiana e já está com o pé que é um leque.

– O segredo é gostar (de Carnaval), não sinto cansaço! Já saí até com a coluna enfaixada – diverte-se.

Desfilando desde os 18 anos, Lourdes já rodou a baiana em quase todas as escolas:numa mesma noite, o recorde foram quatro passagens pela avenida.

– Era o tempo de trocar a fantasia, que não é pesada – revela.

Para dar conta da maratona, a baiana conta com o apoio da filha Ângela, 29 anos, ritmista da azul-e-branco.

Ângela conta que, no período pré-Carnaval, o difícil é conseguir que Lourdes descanse um pouco para aguentar a festa toda.

– A gente não tem hora para chegar em casa – afirma a baiana.

DIÁRIO GAÚCHO
Marcelo Oliveira / 

Luciara é personagem do Carnaval
Foto:  Marcelo Oliveira


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