A taxa de suicídio de
SC é de

8,5

por 100 mil habitantes de 2010 a 2014 – a segunda maior entre os Estados, segundo o Ministério da Saúde. No mesmo intervalo, a média nacional foi de 5,2. A Guiana, com 44,2, é o país com o índice mais alto. O mais baixo é da Arábia Saudita, 0,4 (dados de 2012, da Organização Mundial da Saúde).

No mês em que o mundo valoriza a prevenção ao suicídio, conheça as histórias de três catarinenses que enfrentaram
o problema e reforçam que sempre existe esperança

“Filha, é difícil te abandonar, mas eu também já fui abandonada pelos meus pais. Me desculpa, não sei por que estou fazendo isso, mas não consigo mais suportar essa dor”.

 

ra 10 de fevereiro de 2013, um domingo nublado em Blumenau. No caderno de capa vermelha, Elaine escreveu a despedida para a filha de dois anos. Enquanto estava praticamente inconsciente pela dose de remédios que ingeriu, os rabiscos foram encontrados pelo marido ao lado do corpo inerte sobre a cama do casal. Em vez de selar o adeus, as palavras lhe garantiram a salvação. Ele a levou às pressas para o hospital, onde foi salva. Mas a consulta com o médico e a atenção extra não cessaram a dor contínua que parecia lhe esmagar o peito.

No domingo seguinte, Elaine tentaria outra vez. Mas para evitar o flagrante, não deixou bilhete. As caixas de remédio vazias evidenciaram a intenção. Socorrida, ela passou por novo processo de desintoxicação.

Elaine Rodrigues não é nome fictício nem um caso isolado. A professora de português de 30 anos, hoje moradora de Florianópolis, integra um grupo que cresce a cada dia: os sobreviventes de si mesmos.

– Quem tenta suicídio não quer morrer, mas acabar com o sofrimento – afirma o psicólogo Aroldo Escudeiro, professor da Univali e presidente da Rede Nacional de Tanatologia (relação do homem com as perdas).

Em Santa Catarina, segundo Estado com maior taxa de suicídios, foram 584 em 2014 – um índice de 8,7 óbitos a cada 100 mil habitantes. A  Organização Mundial da Saúde estima que há 20 tentativas para cada suicídio registrado. A primeira tentativa é o principal fator de risco do suicídio, pois a probabilidade de tentar novamente é alta.

Mas a maior parte dos casos tem prevenção. Os estudos apontam que 90% das mortes voluntárias estão ligadas a transtornos mentais, como depressão, bipolaridade, abuso de álcool e outras drogas. Com tratamento adequado, ajuda profissional e apoio familiar é possível superar as crises. Mas há um longo caminho a ser percorrido: muitos pacientes esbarram na falta de conhecimento e no preconceito e relutam em buscar ajuda profissional.

Foi o que aconteceu com Elaine. A angústia começou sem motivo aparente no final de 2012. Mesmo explicando o que sentia, nem ela nem os familiares compreendiam. Elaine desconhecia sofrer de depressão e, de imediato, não aceitou o diagnóstico. Ela precisou de medicação e apoio familiar. Mas a doença voltou com força no início deste ano. Em um mês, Elaine emagreceu 15 quilos. E novamente a salvação surgiu nas palavras. Desta vez, não escritas no caderno, mas em seu blog. Nos relatos, ela deixa os sentimentos transbordarem e alivia os sintomas.

Hoje, Elaine faz planos. Deseja ver o crescimento das duas filhas e mudar de carreira. E as palavras continuam a fazer sentido na vida:

– Ainda vou escrever um livro – refere-se Elaine à obra de ficção em que pretende abordar a depressão por meio de uma personagem.

E

Mudanças de atitude que merecem atenção

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elencou sinais que podem ser apresentados por pessoas com risco de tirar a própria vida:

 

Abandono de amigos ou atividades sociais

Perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas

Não conseguir assumir as responsabilidades diárias

Apresentar estado emocional alterado ou instável (agitação, irritabilidade, descontrole ou agressividade)

Adotar comportamentos de risco, como consumo de álcool e outras drogas

Falar constantemente sobre morte ou sobre morrer.

 

Após duas tentativas de suicídio, Elaine Rodrigues, em tratamento contra a depressão, conta em um blog os desafios do dia a dia, faz planos de estudar e mudar de carreira e quer ver as filhas crescerem

Em Santa Catarina, assim como no país
e no mundo,

75%

das vítimas de suicídio são homens.

Segundo os psiquiatras, a diferença se deve aos métodos usados, pois estimativas apontam que as mulheres tentam cerca de quatro vezes mais.

odas as terças-feiras, por volta das 15h, o simpático senhor de cabelos alinhados e óculos de aros grandes circula pelos corredores do hospital da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Carrega uma maleta e um sorriso. Distraídos costumam o confundir com um médico, mas o aposentado Valci Fernandes, 51 anos, é paciente e coordena o grupo psicoeducativo da instituição.

Diagnosticado com esquizofrenia aos 22 anos, gosta de ajudar os colegas. Fala inclusive sobre o surto que teve aos 26 anos, quando tentou se matar. Foi em dezembro de 1989. Ele deixou a residência e partiu em direção aos carros numa rua do bairro Vila São João, na Capital. Valci foi agarrado a tempo pela namorada da época:

– Já havia pensado em me matar. Mas não era eu, era a doença.

Dois anos depois, fez um voto de fidelidade a Deus e largou as drogas e o álcool e começou a seguir o tratamento corretamente.

– Foi como nascer de novo, como se tivesse uma vida nova.

Mas foi aos 50 anos que realizou seu sonho: ter uma companheira. No grupo do Hospital Universitário ele conheceu a futura namorada, que também tem esquizofrenia. Os dois moram juntos há um ano e meio. Valci recebe ligações todo tempo dos outros pacientes e fica contente ao saber que estão bem e tomando os medicamentos.

Usar a própria história para ajudar os outros. Esse também é o objetivo da dona de casa Mariza Molinari, 51, de Chapecó. Ela costuma falar abertamente sobre a depressão e sobre a primeira – e pior – crise que teve, no início de 2010. Sem fome e com um sentimento perturbador de ansiedade, Mariza procurava ajuda em clínicos gerais e neurologistas. O resultado era sempre o mesmo: saúde em ordem. Mesmo com o apoio do marido e do filho, surgiram os pensamentos de tirar a própria vida.

– Só pensava em como acabar com aquela ansiedade – recorda Mariza.

Mariza planejava passo a passo. Esperava ficar em casa sozinha e, em duas ocasiões, chegou a pegar uma faca para se suicidar. Mas num momento de lucidez, pensou no amor da família e desistiu. Poucos meses depois, tentaria outra vez com uma espingarda. Novamente pensar nos familiares a salvou.

– Achava que psiquiatra era só para louco. Minha nora me convenceu e quando cheguei na frente do médico implorei por ajuda.

Hoje a dona de casa faz questão de contar sobre as tentativas e a depressão. Defende que abordar o tema é a melhor maneira de ajudar na prevenção e no combate ao preconceito.

T

Como prevenir novos casos

 

Criar proximidade com a pessoa

Tentar estabelecer uma relação de confiança

Procurar escutar sem fazer juízo de valor

Demonstrar interesse em ajudar

Permitir que a pessoa expresse seus sentimentos

Tentar perceber se existe um plano de suicídio

Nunca deixar a pessoa sozinha e procurar envolver familiares e amigos

Encorajar a pessoa a procurar ajuda profissional

 

  • 1. Quem fala sobre suicídio não está falando sério.

    Se alguém fala a respeito, está buscando ajuda e suporte. Um número significativo daqueles que contemplam o suicídio estão passando por ansiedade, depressão e falta de esperança e podem sentir que não há outra alternativa.

  • 2. A maior parte dos suicídios ocorre sem aviso prévio.

    A maioria dos suicídios é precedida por diversos sinais de alertas verbais ou comportamentais. É importante entender quais são esses sinais e procurar por eles, como:

    ter tido uma tentativa prévia de suicídio

    distúrbios mentais

    perda financeira ou de emprego

    dor crônica ou doença

    falta de esperança (geralmente acompanhada de distúrbios mentais ou tentativas anteriores de suicídio)

    histórico familiar

    abuso de álcool e outras substâncias

    genética e fatores biológicos (como baixos níveis de serotonina, que são associados a pacientes com alterações de humor, esquizofrenia e distúrbios de personalidade)

  • 3. Alguém com propensão ao suicídio está determinado a morrer.

    Pessoas com tendências suicidas são ambivalentes sobre viver ou morrer e o ato pode, ainda que raramente, ocorrer por impulso. Acesso a apoio emocional nessa hora pode ser determinante para evitar o suicídio.

  • 4. Alguém que deseja se matar continuará desejando isso para sempre.

    Muitas vezes, a vontade de se matar é temporária e específica a uma situação. Pensamentos suicidas não são permanentes.Uma pessoa que teve esses pensamentos anteriormente pode seguir vivendo por um longo tempo.

  • 5. Somente pessoas com distúrbios mentais tentam se suicidar.

    O comportamento suicida indica uma profunda infelicidade, mas não necessariamente distúrbio mental. Muitas pessoas que vivem com doenças mentais não são afetadas por comportamentos suicidas e nem todos que tiram sua própria vida tinham esses tipos de distúrbios.

  • 6. Falar sobre suicídio pode ser interpretado como encorajamento.

    Devido ao tabu em torno do tema, muitas pessoas que estão contemplando o suicídio não sabem com quem falar a respeito. Em vez de encorajar o comportamento, falar abertamente sobre isso pode dar outras opções ou um tempo para repensarem sua decisão, evitando o ato.

onhecida pela forte agroindústria, Concórdia também convive com uma triste marca. Os 60 suicídios registrados de 2010 a 2014 a colocam como o município com a maior taxa de ocorrências – 17,14 por 100 mil habitantes – em Santa Catarina. O número corresponde a mais do que o dobro do índice estadual e ultrapassa o triplo do nacional. Até agosto de 2015, houve seis ocorrências.

O secretário municipal de Saúde, Alessandro Vernize, arrisca algumas causas para a taxa elevada: o rígido comportamento herdado dos colonizadores europeus e a depressão provocada pelo isolamento na área rural ou por elementos químicos usados na criação de suínos.

– Outro fator que não podemos descartar é o consumo de álcool, que é muito grande por aqui – diz.

Desde 2009 a cidade conta com um Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) para tratar distúrbios mentais como a depressão. A unidade dispõe de psiquiatra, psicólogo, assistente social, enfermeiro e técnico em enfermagem. Segundo Vernize, ainda é pouco.

– É difícil conseguir psiquiatra para atender pelo SUS em municípios de pequeno porte – afirma.

Para atenuar a situação, a prefeitura está com um terreno pronto para receber um CAPSad (dirigido a pessoas com transtornos decorrentes do uso de álcool e drogas).

De cada quatro suicídios em Santa Catarina entre 2010 e 2014, um ocorreu no Vale do Itajaí. Entre as cidades da região com população de mais de 50 mil pessoas, a com a mais alta taxa – relação de incidências por 100 mil habitantes – é Gaspar, com média de 12 casos.

O número supera inclusive o da Alemanha (nove, segundo a Organização Mundial da Saúde), país de origem dos imigrantes a quem é atribuída inclinação maior para o ato.

– São sociedades com exigentes padrões de conduta social, em que o nível de cobrança, própria e de terceiros, é muito grande – diz o psicanalista e professor da Univali, Evandro Fernandes Alves.

Mas o índice vem caindo. De 2013 para 2014, baixou de 14,4 para 7,8. Ainda assim, o secretário municipal da Saúde, Cleones Hostins, revela que 21 moradores de Gaspar já tentaram tirar a própria vida em 2015, ante 12 e 16 nos dois anos anteriores. A partir do momento em que é constatada a situação de risco, essas pessoas são convidadas a ir diariamente ao Caps.

– Damos ênfase aos quatro Ds: desespero, depressão, desesperança e desamparo – diz Hostins.

C

Setembro Amarelo

Movimento mundial idealizado pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio. O tema neste ano é Avançar para o Terreno e Salvar Vidas. A fita amarela é um símbolo de esperança e começou a ser usada em resposta às manifestações de amigos e familiares após a morte por suicídio de Mike Emme, em 1994, nos EUA. O jovem tinha um Mustang amarelo e os parentes começaram a escrever mensagens de ajuda em papéis amarelos e distribuí-los

Rogério Christofoletti

professor de Ética e jornalismo na UFSC.

O suicídio ainda é um tema delicado para as sociedades. Por anos, notícias desse tipo foram engavetadas na mídia com medo de que “contagiassem” outras pessoas. Não foi uma boa política, pois esconder ou ignorar não ajuda a resolver o problema. Os meios de comunicação evoluíram e começaram a se abrir para o assunto. Hoje, a ideia é que podem ajudar a esclarecer, acalmar e, às vezes, desarmar potenciais suicidas. Mas isso precisa ser feito com técnica, responsabilidade e cuidado.

Com o surgimento das redes sociais, a impressão é que há mais pessoas atuando no sistema de comunicação. Elas não são jornalistas e não seguem os mesmos códigos de ética desses profissionais. Mas também podem exercer grande influência nos outros, inclusive podem colaborar para a prevenir suicídios.

Com um celular à mão, capturamos sons e imagens, e em segundos, repassamos aos nossos grupos. Pode ser para firmar amizade, mas também para alertar ou marcar posição. Infelizmente, nem tudo o que nos chega é feito de boas palavras e belas imagens. As redes sociais têm amplificado a intolerância e o discurso do ódio. Pior: serve de palco para a morbidez e a exploração da desgraça. As cenas chocam. Prendemos a respiração, e... compartilhamos!

Por isso, antes de passar adiante conteúdos que incentivem ou explorem cenas de suicídio, precisamos pensar no desespero daquelas pessoas e de suas famílias. Nesses casos, agir por impulso é não respeitar o outro, esquecer a sua dor. Ao não valorizar a vida alheia, seguimos um instinto primitivo, de manada. Podemos até viver em bandos, em redes, mas cada um precisa pensar individualmente antes de agir.

Suicídio é algo que se possa “curtir e compartilhar”?

O suicídio representa

12%

das causas de mortes externas nos últimos cinco anos em Santa Catarina. No topo da lista da Secretaria de Estado da Saúde estão mortes por acidentes de trânsito, com 45,6%, e homicídios, com 18,9%, reproduzindo o padrão

observado no país.

P

essoas em situação de alto risco de suicídio têm no Centro de Valorização da Vida (CVV) um importante aliado para evitar o ato extremo. O serviço, mantido por voluntários, chegou a Santa Catarina em 1985, em Blumenau. Os atendimentos são feitos pessoalmente ou, como é mais comum, por telefone. O sigilo é absoluto: não há identificador de chamadas, não são pedidos dados além do primeiro nome e as informações ouvidas não são divididas nem com os outros voluntários. Basta discar 141 e desabafar.

– A maioria das pessoas que nos liga não está pensando em se suicidar. Mas dificuldade financeira, decepção com algo ou desilusão podem tomar uma dimensão que o indivíduo não consegue gerenciar – conta a engenheira Carmen, que está no CVV de Florianópolis há 21 anos (os voluntários também só revelam o primeiro nome).

De 20 a 25 pessoas procuram a unidade da Capital diariamente. Ela explica que o fundamental, nesses contatos, é “ouvir o que não é dito”: expressões que indicam um sentimento de que a vida virou um valor menor, como “quando eu morrer ninguém vai sentir minha falta”, “não aguento mais”, “não posso fazer nada” ou “vou acabar com tudo”.

– Só em conseguir verbalizar o que está passando, a pessoa já tira um fardo.

Com uma taxa de suicídio de 8,5 por 100 mil habitantes, SC está atrás apenas do Rio Grande do Sul. A descendência europeia da população é citada como um dos motivos, mas o coordenador de ação psicossocial da Secretaria Estadual da Saúde, Alan Índio Serrano, inclui outro aspecto:

– A tendência é aumentar a quantidade de ocorrências à medida que uma sociedade torne-se mais rica e desenvolvida, pois pessoas infelizes podem se sentir mais propensas ao ato.

Psiquiatra e autor do livro Chaves do Óbito Autoprovocado, ele professa a prevenção à depressão para, senão diminuir, conter as ocorrências. O primeiro passo é melhorar o atendimento na rede de atenção básica à saúde. Casos mais graves devem ser encaminhados a um Caps.

– Fomos um dos Estados pioneiros do país a adotar um protocolo específico para pessoas em situação de risco, no ano passado.

Mesmo assim, segundo Serrano, seriam necessários três vezes mais Caps – cuja criação é prerrogativa das prefeituras – do que os 84 existentes em Santa Catarina.

Em Santa Catarina e Concórdia, a faixa etária predominante em número de suicídios é de

40 a 49

anos, com 20% e 30% dos casos, respectivamente.

 

 

 

Os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) ajudam no tratamento e acompanhamento psicológico. Em Santa Catarina há

84

unidades, mas o ideal seria ter o triplo para dar conta da demanda.

 

Rede básica de saúde do município

Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) - A lista completa de todas as unidades existentes no Estado você acessa clicando aqui.

 

 

Centro de Valorização da Vida (CVV)

 

Telefone

141

 

Blumenau

R. Prof. Luiz Schwartz, 169 - Velha

Atende das 7h30min às 11h30min

 

Criciúma

R. João Pessoa, 151 - Sala 201 - Centro

Atende 24 horas

Florianópolis

Av. Hercílio Luz 639 - Sala 408 - Centro

Atende 24 horas

 

Indaial

R. Alvin Rauhl Jr., 100 - Nações

Atende das 19h às 23

 

Itajaí

R. Blumenau, 1962 - São João

Atende das 15h às 19h

Itapema

R. Marginal Oeste, 100 - Morretes

Atende das 15h às 23h (seg. a sex.), das 19h às 23h (fim de semana)

 

Jaraguá do Sul

R. Antônio Cunha, 160 - Sala 9 - Baependi

Atende das 11h às 23h

 

Rio Negrinho

R. Paulo Boehm, 272 - Centro

Atende das 15h às 23h

REPORTAGEM

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Emerson Gasperin

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EDIÇÃO

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