Câmeras em alta definição irão desvendar o interior de submarino de guerra intocado há 71 anos no fundo do
mar em Santa Catarina
Desbravar os mares sempre esteve no DNA da família Schurmann, primeira do Brasil a dar a volta ao mundo em um veleiro. E antes de partir para outra destas aventuras, a Expedição Oriente, em setembro, Vilfredo, Heloisa e companhia pretendem ir ainda mais a fundo – literalmente – na exploração dos oceanos. Com inédita autorização da Marinha, os
Schurmann programam para março uma nova expedição ao submarino nazista U-513, afundado em 1943 na costa catarinense e encontrado por eles próprios, em julho de 2011.
A diferença da época em que o submersível foi localizado, quando foram feitas imagens externas da embarcação, é que agora a expectativa é filmar o interior do U-513 – e em alta definição.
Liderando o projeto, Vilfredo conseguiu autorização para que robôs entrem no submarino. As conversas duraram mais de um ano e a aprovação esbarrava em questões que envolviam a memória do submersível, hoje um túmulo de guerra. O acordo foi firmado após reuniões em Brasília com a Marinha e o Ministério da Defesa, em que toda a operação foi extremamente detalhada. O sinal positivo veio com o compromisso de que nada do que ainda estiver dentro da embarcação – como restos mortais e armas – será mexido.
– É a primeira vez que se faz esse tipo de exploração no Brasil e queremos resgatar uma parte importante da história – destaca Vilfredo.
A expedição a 83 quilômetros da Ilha do Arvoredo, perto da costa deGovernador Celso Ramos, será entre os dias 15 e 20 do próximo mês. A estrutura inclui duas embarcações, dois robôs e 1,5 mil quilos de equipamentos. Se o tempo permanecer bom, serão realizadas pelo menos oito descidas ao fundo do mar.
A expedição será patrocinada por Tractebel Energia, Fugro e Totvs, com apoio da Secretaria de Esporte e Cultura de SC, Shaw Brasil, Univali e Evolution Empresas.
ÁREA DA EXPEDIÇÃO
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VELEIRO AYSSO
Será usado como apoio ao barco pesqueiro.
BARCO PESQUEIRO
Os equipamentos serão instalados no barco de pesca tornando-se um barco de pesquisa para realizar a expedição. O barco que será usado na aventura ainda não foi escolhido, mas ele deve ter no mínimo 24 metros de comprimento com seis metros de largura (boca).
CABOS DE ANCORAGEM
Quatro âncoras de 150 quilos de peso cada uma com 500 metros de cabos de nylon devem ser jogadas no mar, sendo duas na proa e duas na popa para estabilizar o barco em cima do U-513. O pesqueiro operará como se fosse uma plataforma de petróleo
ROV maior
ROV menor
Umbilical
Cabo que une os ROVs
A OPERAÇÃO
Dois robôs vão descer no fundo do mar presos por um cabo principal e um guia com alcance de 30 metros. Um profissional utilizando um controle acompanhará toda a operação por um monitor. O submarino será filmado com câmeras de alta definição
ROVs
São os Veículos Submarinos Operados por Controle Remoto. Serão usados dois na expedição, um maior e outro menor. Eles podem se locomover, contornar o submarino e fazer imagens acompanhadas em tempo real pela equipe no barco de pesquisa
Entrada no submarino
O objetivo será entrar por uma das aberturas na proa, local danificado quando o submarino foi abatido e se chocou no fundo do mar, na Segunda Guerra Mundial. O acesso demandará perícia e paciência
A MISSÃO
SUBMARINO U-513
Os Schurmann já têm captados 2 Terabyte de imagens externas do submarino
Os Schurmann já têm captados 2 Terabyte de imagens externas do submarino
Os Schurmann já têm captados 2 Terabyte de imagens externas do submarino
Os Schurmann já têm captados 2 Terabyte de imagens externas do submarino
Os Schurmann já têm captados 2 Terabyte de imagens externas do submarino
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LINHA DO TEMPO
João Barone
é baterista do grupo Os Paralamas do Sucesso e publicou dois livros sobre a Segunda Guerra
Tesouro cultural inestimável
Esta operação é realmente um grande resgate histórico. Os submarinos nazistas afundados nas águas brasileiras têm suas posições de afundamento conhecidas nos arquivos da Marinha, mas a iniciativa de registrar imagens de um destes vasos de guerra em seu leito de morte é inédita no Brasil. A frente do Atlântico Sul foi uma página dramática, fez o Brasil entrar em guerra, devido aos traiçoeiros ataques aos nossos navios mercantes. Isso certamente vai ajudar mais gente a tomar conhecimento desta história de valor de nosso país.
Sobre a contribuição, este projeto não tem preço. Seus custos são elevadíssimos, é preciso tecnologia de ponta para a realização, mas o resultado é um tesouro cultural inestimável. Vai além do que os interessados na Segunda Guerra esperam e apreciam, vai levar esta história para muito mais longe.
Ficou comprovado o alto poder de destruição destes submersíveis nazistas, o que demandou enormes recursos para que fossem combatidos.
Os americanos chegaram com seu conhecimento e tecnologia para as patrulhas e varreduras no combate aos chamados U-boots em nossas águas. Mesmo depois de 1944, ainda havia a ameaça de um destes submarinos aparecer de surpresa. Só mesmo com o fim das hostilidades é que terminou a frente de combate em nossas águas. A Marinha Brasileira e nossa Força Aérea ganharam muita experiência neste contexto, tanto material quanto intelectual.
TEXTO: VICTOR PEREIRA
ARTE: FÁBIO NIENOW
EDIÇÃO: SICILIA VECHI
Fabricado no estaleiro alemão Deutche Werft, em Hamburgo, o U-513 foi lançado pela Alemanha especialmente para atuar na Segunda Guerra Mundial
O submarino tinha o apelido de Lobo Solitário porque atacava os inimigos sozinho
Durante o combate, o Brasil era ponto de apoio para a Marinha americana no Atlântico Sul e fornecia provisões e insumos para a produção de material de guerra
O Alto Comando Alemão dos Submarinos preparou uma ofensiva no território brasileiro, abatendo 49 navios. Do Eixo, 10 submarinos alemães e um italiano naufragaram
Com um canhão e um fuzil antiaéreo, além de torpedos, o U-513 atingiu cinco navios e afundou três deles (dois americanos e um brasileiro) na costa brasileira
Em 19 de julho, hidroavião do esquadrão aliado VP-74, comandado pelo Tenente Aviador Roy S. Whitcomb, avistou o U-513 e lançou 225 quilos de bombas
O impacto abriu um rombo na proa do submarino, que afundou. Os 46 homens no interior morreram. Sete que estavam na ponte e caíram no mar sobreviveram e foram resgatados, incluindo o capitão
O submarino U-513 era comandado por Friedrich Guggenberger, de 29 anos. Ele foi condecorado por Adolf Hitler como herói
Após extensa pesquisa histórica, a família Schurmann localizou o U-513, em julho, próximo da Ilha do Arvoredo. Imagens externas foram feitas por um robô
1941
1942
1943
2011