Uma pessoa morta por semana em assalto

Aos 78 anos, Pedro dos Santos nunca havia se envolvido com drogas. Em 2011, completava 44 anos como motorista de táxi em Alvorada. Morreu durante um assalto, como aconteceu com outras 259 pessoas na Região Metropolitana entre 2011 e 2015. A região registra uma média assustadora de uma vítima a cada sete dias.

 

Amigo, como era conhecido pelos colegas de profissão, foi vítima de um latrocínio motivado por uma pedra de crack. Seu provável executor, reconhecido por testemunhas, um jovem de 20 anos, foi morto na manhã seguinte, no que a polícia acredita ter sido um julgamento sumário do “tribunal do tráfico”. O Estado não puniu o autor do latrocínio que vitimou Pedro e, até hoje, não identificou os autores do homicídio do jovem de 20 anos.

 

Pedro faz falta no ponto de táxi onde ele trabalhava. Adão dos Santos Melo, 72 anos, aprendia os macetes da profissão com Pedro. Acabou herdando o medo da violência.

 

— Ele tomava todos os cuidados, não trabalhava à noite, mas agora sabemos que não tem mais hora para acontecer uma tragédia — desabafa.

Latrocínios têm faixa etária de risco acima dos 40

Risco é maior para quem tem mais de 40 anosA precaução do taxista, que já evitava o trabalho à noite, não foi suficiente para livrá-lo da morte. Pedro pertencia a uma faixa etária de risco: tinha mais de 40 anos. Mais da metade das vítimas de assaltos que terminam em mortes tinha 40 anos ou mais. Há quatro vezes mais chances de uma pessoa nessa faixa etária ser morta em um assalto do que em um homicídio motivado pelo tráfico.

 

Naquele dia, ainda não eram 17h quando Pedro aceitou o passageiro no ponto de táxi com o seu jeito habitual:

 

— Amigo, não precisa entrar por aí, entra aqui pela frente mesmo — pediu ao futuro algoz.

 

Minutos depois, ele apareceu ferido por uma facada na Rua Marupã, Bairro Rubem Berta, na Zona Norte de Porto Alegre. Pedro não resistiu às estocadas e morreu antes de chegar ao hospital.

 

O uso de facas como armas para assaltos que resultam em mortes é proporcionalmente maior do que em outros assassinatos. Esse tipo de arma foi usado em 9,6% dos latrocínios, enquanto que, no geral, 6,5% das mortes foram causadas por facadas.

O que pode ser feito

• Realizar operações focadas no combate ao furto e roubo de veículos.

 

• Intensificar os bloqueios da Brigada Militar em vias importantes das cidades.

 

• Realizar abordagens a motoristas e a pedestres.

 

• Prender e manter presos autores

de assaltos a mão armada.

 

• Apreender armas irregulares, principalmente nas ruas.

 

• Não reagir durante um assalto, evitando gestos bruscos.

 

Fonte: comandante do CPC, coronel Mário Ikeda

 

Famílias ficam em choque

Mateus Bruxel

Adão herdou o medo

Carlos Macedo