Publicado em 24 de setembro de 2016

Em pouco mais de 16 anos de história, o Diário Gaúcho já produziu mais de 5,1 mil capas do jornal.

 

É uma missão importante: a capa é muito mais do que a vitrina das notícias, é o convite à leitura, é o jornal dando bom dia ao leitor, é a página que faz rir ou chorar.

 

Neste Dia da Criança, o Diário Gaúcho dividiu a tarefa de produzir a capa do jornal com a turma 32A da Escola Estadual Lídia Moschetti, no Bairro Rubem Berta. O que normalmente é feito por uma equipe de sete pessoas foi pensado por 24 cabecinhas que foram provocadas a colocar na primeira página do jornal as manchetes que gostariam de ler no dia delas. Se depender do otimismo desta turma, os grandes problemas do mundo serão superados.

Para amenizar a dor

dos haitianos

 AAo receber a tarefa, a aluna Angelica Julie Maciel Pantaleão, oito anos, apressou-se em perguntar:

 

— Como é que chama o lugar onde vivem os haitianos?

 

O motivo da pergunta era importante: na semana na qual a atividade foi proposta, o Haiti foi devastado pelo furacão Matthew, que causou mais de mil mortes e destruiu parte do mais pobre das Américas.

 

Casas reformadas

 

Foi pensando em amenizar o sofrimento de tantas famílias que ela decidiu escrever a manchete: "Casas destruídas serão reformadas". Acompanhando o texto, telhas, portas, janelas e pessoas trabalhando em mutirão.

 

— Tem muitas casas destruídas lá. Fiquei um pouco triste. Os hospitais estão lotados e muitas pessoas estão sem casa.

Moradia é a boa notícia

mais esperada

Aatividade proposta pelo Diário Gaúcho não foi uma novidade para os alunos da professora Vanessa Nubling. Neste ano, eles já haviam sido provocados a pensar naquilo que sonhavam para o futuro.

 

— Como a gente trabalha muito com valores, os cuidados e o respeito, entram também os sonhos. E a maioria dos alunos queria moradia para eles e para os pais — conta.

 

Os alunos vivem nas vilas do entorno da escola: Amazônia, Chimarrão, Vitória da Conquista, todas no Bairro Rubem Berta.

 

Em 14 capas — de um total de 24 trabalhos —, os estudantes optaram por dar a notícia de que moradores de rua passaram a ter um lar para morar. Por meio de desenhos, mostraram como gostariam que fossem as moradias: coloridas, com árvores e borboletas.

 

Em outras três capas, os alunos informam o fim da violência a partir da manchete "Todos os ladrões pararam de assaltar".

Já o aluno Keven de Souza Henriques, oito anos, por exemplo, trouxe a notícia de que há campos de futebol na cidade.

 

— É que eu jogo que nem o Cristiano Ronaldo e queria que colocassem grama nos campinhos — justifica Keven.

 

Taís Amorim Bentes, nove anos, e Anna Paula Maciel, oito anos, noticiaram que "Nenhum animal será maltratado".

 

— Eu fico muito triste se machucam algum bichinho, não deixo ninguém maltratar — explica Anna Paula.

 

Três alunos preferiram lembrar do dia de hoje com as manchetes "No dia das crianças, todas as crianças ganharão presentes no seu dia", "Que o dia das crianças seja um dia feliz".

Pela melhoria da educação

Pensando numa boa notícia para estampar a capa do seu jornal, Fábio Tainan Oliveira da Silva, nove anos, fez um apelo endereçado ao governador José Ivo Sartori. O tema é um velho conhecido dos alunos da rede estadual: a falta de recursos para a educação. No topo da capa, a manchete: "Sartori: Vamos ajudar o mundo e a escola para a escola não ficar em greve, com os salários parcelados e ter merenda para todos".

 

— A gente ficou sem aula um tempão (53 dias). Eu queria muito ter aula e fiquei em casa, não tinha nada para fazer. Agora, vamos ter aula até janeiro.

 

Além do texto, ele desenhou uma escola, a classe de um aluno cheia de frutas, que lembram a merenda, e cédulas de dinheiro, dando a ideia dos repasses necessários para a educação.

 

Rihanna Munhoz, oito anos, queria noticiar que os professores são melhor remunerados. Nicolle Gomes, oito anos, que as escolas recebem o dinheiro que precisam e Christopher Rodrigues, dez anos, decidiu comprometer a todos convidando a cuidar das escolas, das árvores, plantas e janelas.

 

Paula Haile Brum, nove anos, preferiu convidar os leitores a "soltar as nossas energias pelo mundo" e completou: "Vamos ajudar o mundo", "Vamos cuidar do Brasil".

Clique nas fotos para ver as capas

Aisha Laís Souza Noronha, oito anos, quer melhoria das condições de vida para os gaúchos.

"Todos os gaúchos tem um lar para morar"

Anna Paula Maciel da Silva, oito anos, pensou numa notícia positiva para os bichinhos.

"Nenhum animal será maltratado".

Andressa Dias dos Santos, nove anos, também pensou em quem vive na rua.

"Eu queria que os moradores de rua tivessem casa para morar"

Angelica Julie Maciel Pantaleão, oito anos, pensou em amenizar o sofrimento dos haitianos pela passagem do furacão Matthew, que causou mais de mil mortes e destruiu parte do país. Também noticiou que mendigos terão casas para morar.

"Casas destruídas serão reconstruídas".

Camille Debobem Cardozo , oito anos, quer um mundo feliz.

"Todas as pessoas serão ajudadas para não morar na rua".

Christopher Felipe dos Santos Rodrigues, dez anos sugeriu o cuidado com as árvores, as escolas, as plantas e as janelas.

"Todos nós vamos cuidar da cidade".

Eduarda Padilha da Conceição, oito anos, gostaria que as pessoas que vivem na rua tivessem uma casa, que o mundo fosse normal, sem que os ladrões roubassem as coisas. Também informou que o presidente começará a dar dinheiro para as escolas, para dar aula para as crianças.

“Gostaria que o mundo fosse normal e que os ladrões parassem de roubar coisa”

Fábio Tainan Oliveira da Silva, nove anos, faz um apelo ao governador, pensando em temas relacionados à educação.

"Vamos ajudar o mundo e as escolas para as escolas não ficarem em greve, com os salários parcelados e ter merenda para todos".

Gabriela dos Santos Garcia, oito anos, queria realizar o sonho de todo mundo, arrumar as casas que estão quebradas e ajudar quem vive na rua. Na manchete principal, ela também gostaria de pedir ajuda aos colégios.

“Queria realizar o sonho de todo mundo, arrumar as casas que estão quebradas e também ajudar os colégios”

Gustavo da Rosa Fernandes, nove anos, também pensou na questão da habitação.

"Todas as pessoas serão ajudadas para não morar na rua"

Kaylanne de Nunes Fay, nove anos, optou por estampar a capa do jornal com várias chamadas envolvendo temas como saúde, animais, crianças e segurança pública.

"Todos os ladrões pararam de assaltar"

Kelvin Cauã Azevedo Macedo, nove anos, dá uma boa notícia para quem vive na rua.

"Mendigos ganharão casas para morar"

A notícia que Keven de Souza Henriques, oito anos, resolveu publicar é importante para os apaixonados por esporte.

"Eu queria um montão de campos de futebol".

Lucas de Moura, nove anos, queria dar boas notícias para escolas e crianças.

"As escolas e professores irão ganhar mais"

Luciana Mattos, 12 anos, também sonha em noticiar o fim do problema de moradia de quem vive na rua.

"Todas pessoas da rua terão casa para morar"

Mateus Fernandes da Silva, nove anos, pensou em publicar uma manchete resolvendo um problema que toma conta da cidade: pessoas em situação de rua.

"De hoje em diante,

todos os moradores de rua terão casas"

Mikaele da Silva Lopes , dez anos, pensou em dar uma boa notícia a quem vive preocupado com a segurança pública.

"Todos os ladrões pararam de assaltar"

Nicolle Gomes, oito anos, trouxe as seguintes manchetes:

"Eu gostaria que as escolas ganhassem o dinheiro que precisam"

Paula Haile Paré Brum, nove anos, pensou em dar boas notícias ao mundo e ao Brasil.

"Vamos soltar as nossas energias pelo mundo"

Rebeca Gonçalves Carvalho, nove anos, trouxe a notícia de que no Dia da Criança, todas as crianças ganharão presente, tornando o mundo feliz.

“Todas as crianças ganharão presentes no seu dia”

Rihanna Munhoz, oito anos, fez uma capa contemplando temas como moradores de rua e educação.

"Queria que os professores recebessem mais"

Com a ilustração de um bairro inteiro, com várias casas e árvores, Samuel Moraes, nove anos, acompanhou a manchete que gostaria de informar no seu jornal.

"Os mendigos terão casas

 para morar"

Taís Amorim Bentes, nove anos, faz um apelo pelo cuidado com os animais.

"Eu queria que os animais estivessem em boas mãos".

Thalles Rodrigues Cardoso, dez anos, gostaria de noticiar que todos os moradores de rua passaram a ter casa e comida.

“Eu gostaria que os moradores de rua tivessem casa e comida”

REPORTAGEM

Roberta Schuler

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