DESENVOLVIMENTO
Prefeituras querem diversificar
atividades
JAIME AVENDANO
BLUMENAU - Os municípios da Região
dos Vales estão enxergando neste novo ciclo de desenvolvimento industrial uma
oportunidade de diversificar as atividades. A proposta é continuar incentivando o
crescimento das indústrias e setores que já estão instalados, mas também buscar novas
alternativas - principalmente empresas voltadas à tecnologia.
Para atrair novas empresas, os municípios procuram oferecer isenção de impostos -
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Serviços (ISS) -, pagamento
de aluguéis e obras de infra-estrutura. No geral, todos os municípios da região
oferecem os mesmos incentivos. As exigências também são semelhantes: previsão de
arrecadação futura de impostos e geração de empregos.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Jaraguá do Sul, Waldir Watzko, acredita
que a atração de novas empresas não pode ser vista em nível local. "Vindo uma
indústria para qualquer cidade da região é bom para o desenvolvimento de toda a
região", enfatiza. Para atrair novos empreendimentos a prefeitura está realizando
obras de pavimentação, através do projeto "Nosso Asfalto", e renovando toda a
estrutura de esgoto - a um custo de R$ 12 milhões, atendendo entre 75% e 80% da
população.
O superintendente de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Blumenau, Charles
Schwanke, vê no crescimento da atividade industrial um fator importante para o
desenvolvimento de todo o município. "O setor industrial representa 60% da receita
gerada em Blumenau. Fica claro que se esse setor vai bem, acaba puxando o resto",
destaca Schwanke. Segundo ele, o município não está fazendo um trabalho ativo de
atração de novas empresas porque, em primeiro lugar, deve ser resolvido o problema da
viabilização de terrenos industriais, que passa pela criação do Distrito Industrial -
que faz parte do projeto Parque Tecnológico Regional.
Interesse
"No momento estamos trabalhando pela manutenção das empresas já instaladas,
através de incentivos para expansão e realocação de unidades", explica Schwanke.
"Existe o interesse em atrair novas empresas, mas não temos lotes
disponíveis". Mesmo assim, o superintendente conta que muitos empresários de fora
interessados em instalar fábricas ou unidades em Blumenau têm procurado a prefeitura. No
ano passado, três novas empresas chegaram ao município vindas de outras regiões,
gerando 55 empregos diretos.
O secretário da Indústria, Comércio e Turismo de Rio do Sul, Dalcírio Bracello, diz
que o município trabalha com a expectativa de crescimento de 15% a 20% da atividade
industrial neste ano, em relação ao ano passado. De acordo com Bracello, a previsão é
baseada no aumento da produção das indústrias já existentes e nas novas empresas
interessadas em se instalar no município.
"Estamos investindo na qualificação da mão-de-obra, uma vez que não são apenas
os incentivos que atraem novos investimentos. Temos interesse em atrair empresas de
informática e tecnologia", enfatiza Bracello. Em Brusque, o Conselho Municipal de
Desenvolvimento Econômico aprovou 70 projetos de incentivos fiscais e econômicos no ano
passado. Em 98, o número de empresas beneficiadas foi de 47.
O secretário da Indústria e Comércio de Itajaí, Noemi dos Santos Cruz, garante que a
atração de novas empresas é prioridade. "O impacto é imediato na economia local,
uma vez que cada trabalhador contratado torna-se um consumidor no comércio local",
explica. Cruz diz ainda que o município tem intenção de diversificar seu parque
industrial. "Itajaí já foi um grande produtor de madeira, já concentrou a
indústria têxtil e, mais recentemente, tornou-se o maior produtor de pescados do país.
Manter uma atividade principal é temporariamente salutar quando essa atividade vai bem,
mas em épocas de crise todos saem perdendo. Daí a necessidade de diversificar",
acrescenta.
Lotes adequados são
escassos
O presidente do Sindicato da Habitação (Secovi), com atuação em toda a Região
Metropolitana, Ivar Luiz Braz, acredita que é preciso modernizar os imóveis
empresariais. "De repente se descobriu que as propriedades industriais em nossa
região, com especificações adequadas, ou foram retomadas pelos antigos proprietários
para aumentar a produção ou locadas por empresas de fora", afirma.
Como exemplo da falta de imóveis, Braz cita uma empresa que importou recentemente novos
equipamentos e precisa de um local para fazer os testes. "Essa empresa está atrás
de um galpão grande para a instalação provisória das máquinas, mas o local tem que
apresentar medidas específicas. Conclusão: não estou encontrando o que o cliente
pede", explica Braz, que também é proprietário da imobiliária Unser Heim -
especializada em imóveis empresariais.
Para Braz, com a chegada de novas empresas e ampliação das existentes, terão que ser
criadas mais propriedades qualificadas. "Muitas propriedades se tornaram obsoletas
nos últimos anos, juntamente com o maquinário interno, e terão que ser
reformuladas", argumenta. O trabalho de adequação tecnológica, segundo ele, passa
pela instalação de equipamentos de tratamento de efluentes, esgoto e filtros para
emissão de poluentes.
"Isso é elementar nas instalações industriais modernas. Atualmente, em alguns
casos, compensa mais derrubar o prédio e começar de novo", destaca Braz, que tem em
seu cadastro 38 grandes propriedades não qualificadas, a preços baixos, mas que não
vêm agradando aos investidores, principalmente empresários de outros países.
A Série |
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Domingo: Exportações puxam crescimento da indústria catarinense |
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Terça-feira: Empresas da Região dos Vales tentam recuperar mercado |
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Quarta-feira: Emprego começa a aparecer em todos os setores da
economia |
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Quinta-feira: Impactos do crescimento econômico no comércio e nos
municípios |
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