O ano de 2003 foi especial para o Planeta Atlântida. Além de celebrar o rock, o pop, o reggae, a música brasileira pôde receber uma homenagem na forma de um texto escrito pelo jornalista Emiliano Urbim a um dos virtuoses da cena musical brasileira. Herbert Vianna foi homenageado com algumas linhas.

Era a primeira apresentação do Paralamas do Sucesso no Estado depois da volta do guitarrista e vocalista Herbert Vianna, que ainda se recuperava das sequelas de um acidente de ultraleve em fevereiro de 2001 – que resultou na morte da mulher do cantor, Lucy.

Confere o texto que foi lido abaixo:

"Herbert, Foi você mesmo quem disse que a vida não é um filme. Tanto faz se o herói não aparecer, e daí? Mas também foi você quem tantas vezes disse que há uma luz no túnel dos desesperados. Há um cais no porto pra quem precisa chegar.

Ela disse adeus. Mas quais são as cores, e as coisas, pra te prender? Segunda-feira, terça-feira, todo o dia você vai lutar. Você vai lutar, como Maguila, como Tyson, ah, vai. Assaltar sua gramática, meter sua poesia na bagunça do dia-adia, é um jeito de te ter mais perto. Lembrar de você é fácil.

Não é preciso apagar a luz, fechamos os olhos e tudo vem, num caleidoscópio sem lógica. A moto de Vital e o coração batendo por trás dos óculos. Os jogos de amor e aquele romance ideal. O seu erro e o de todos nós. A vontade de viver da fé, mesmo não sabendo fé em quê.

Descobrimos mil maneiras de dizer o teu nome, com amor, com ódio, urgência, ou como se não fosse nada. Tudo isso, tanta pólvora, é paixão que se renova, marcas que já fazem parte do que somos agora. Vai valer, então, vai valer. Você vai voltar, dizendo que esteve fora uns dias, numa onda diferente.

Estamos na sua lanterna, Herbert. A gente tá te esperando. Vê se não vai demorar. Afinal, foi você também quem disse: melancolia não dá Ibope. Herbert, todos os Planetas estão torcendo por ti."